As eleições municipais de 2020 ocorreram sem grandes intercorrências durante as votações em primeiro e segundo turno, segundo informa o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Porém, um ataque hacker na véspera do segundo turno teve grande repercussão pelos possíveis danos ao pleito. Nesse sábado (28), a Justiça emitiu mandado de busca e apreensão a pedido da 1ª Promotoria de Justiça Eleitoral, localizada no Eixo Monumental. Três brasileiros envolvidos no ataque receberam medidas cautelares, com isso estão proibidos de manterem contato entre si.
A Justiça Eleitoral conduziu investigações e concluiu que o ataque cibernético na véspera do primeiro turno tinha como objetivo causar instabilidade no processo eleitoral. Os três brasileiros envolvidos no ataque moram em São Paulo e Minas Gerais. Um quarto suspeito vive em Portugal e foi preso em uma ação conjunta entre a Polícia Federal e a Polícia Judiciária Portuguesa.
Na ação, os hackers usaram celulares, tablets, CD’s, DVD’s e até pendrives. Todos esses objetos foram apreendidos pelos agentes durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão, pedido pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). A 1ª Zona Eleitoral do Distrito Federal deu parecer favorável para que os investigadores pudessem acessar os dados armazenados nos dispositivos apreendidos.
O ataque hacker
O ataque hacker comprometeu os dados de servidores públicos, porém, não comprometeu o andamento das eleições municipais. Já no dia 15, o TSE informou que os ataques que foram recebidos, tinham o endereço IP em Portugal. O ataque hacker aconteceu no dia 14 de novembro, véspera do primeiro turno. No mesmo dia, os investigadores começaram a analisar de onde vinham as tentativas de vazamento de dados.
De acordo com o MPDFT, as informações são de que, no inquérito conduzido pela Polícia Federal, foi possível identificar a prática de cinco crimes. São eles:
“1) promover desordem que prejudique os trabalhos eleitorais;
2) desenvolver ou introduzir programa de computador capaz de provocar resultado diverso do esperado em sistema usado pelo serviço eleitoral;
3) destruir, suprimir ou ocultar documentos relativos à eleição;
4) obtenção de informações sigilosas por meio de invasão a dispositivo de informática;
5) associação criminosa”, diz comunicado do MPDFT.
O promotor de Justiça Eleitoral Clayton Germano amenizou a situação ao afirmar que “não foram identificados quaisquer elementos que possam ter prejudicado a apuração, a segurança ou a integridade dos resultados da votação”.
Hacker de Portugal
Ao todo, pelo menos quatro pessoas se envolveram diretamente no ataque hacker contra o TSE. Desses, um mora em Portugal. Ele é conhecido como Zambrius e estava cumprindo prisão domiciliar após ser preso também devido a um ataque cibernético.
Por morar em outro país, a prisão do suspeito precisou de ajuda da própria polícia portuguesa. Dessa forma, em operação conjunta entre a Polícia Federal e a Polícia Judiciária Portuguesa, foi possível localizar e prender o quarto integrante do grupo. Segundo informações, o suspeito tem apenas 19 anos e já foi preso duas vezes pelo mesmo crime.
O suspeito lidera o grupo português CyberTeam. Os ataques a órgãos do Brasil têm sido constantes pelo grupo. Desde 2017, eles efetuaram pelo menos 170 ataques a sites com domínio “.br”. Um dos mais recentes que teve autoria declarada pelo grupo foi a exposição de dados sobre a covid-19 no Brasil.
À época do ataque hacker que aconteceu um dia antes do primeiro turno, o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, declarou que a suspeita era de motivação política. Entretanto, ele afirmou que as urnas são totalmente seguras, visto que não são conectadas à internet. Acrescentou ainda que a apuração dos votos acontece em um servidor próprio do Tribunal, com comunicação criptografada.