A compreensão a respeito do papel da atenção no equilíbrio psicológico e emocional de todos nós vem se desenvolvendo significativamente. Ferramenta altamente flexível, a atenção atua em inúmeras operações mentais. Ela promove a compreensão, fortalece a memória, vitaliza a aprendizagem, fomenta a percepção do que sentimos e por que sentimos, auxilia na leitura das emoções dos outros e nos corrige para uma interação mais harmoniosa com o nosso ambiente cultural. Em síntese, ela se estabelece como a base principal de nossa saúde emocional. Se ela é fraca, nos saímos mal. Mas se é poderosa, nos leva a sobressair nas mais diversas áreas.
Nessa breve reflexão, procuro estabelecer o papel fundamental da atenção em nossas vidas a partir de uma tríade fundamental: o foco interno, o foco no outro e o foco externo. Uma vida realizada exige o desenvolvimento dessas três formas de atenção. Como um músculo, a atenção quando bem utilizada se expande e fortalece, quando pouco utilizada definha. Proveniente do latim attendere, ela é a nossa base de contato, nos conectando com o mundo e, ao mesmo tempo, determinando os contornos de nossa experiência. Entretanto, começamos a nos dar conta dos vários obstáculos inerentes ao ambiente tecnológico em que vivemos e que vêm produzindo um crescente subdesenvolvimento da atenção, principalmente, nas crianças de hoje. Uma tendência marcante é o fato de muitas crianças crescerem em uma nova realidade que as leva a se conectarem mais às máquinas do que às pessoas. E, por muitos motivos, isso é perturba dor, pois o circuito social e emocional do cérebro de uma criança se desenvolve por meio dos seus contatos interpessoais ao longo de sua rotina. Por conseguinte, menos tempo passado com pessoas e mais tempo em interação com a tela do computador e do celular produz significativos déficits emocionais e sociais. Nos jovens de hoje, constatamos, em escala crescente, uma dificuldade e resistência cada vez maior para a leitura. Mais motivados em checar as mensagens que lhes chegam pelos aparelhos celulares através do Instagram, do WhatsApp e Facebook, não se sentem atraídos a explorar a expansão de novas descobertas pela experiência literária. Em 1977, o visionário economista e vencedor do Nobel, Herbert Simon, atentou para esse perigo, alertando para o período em que vivemos, caracterizado pelo paradoxo do excesso de informação e empobrecimento da compreensão: “a informação consumirá a atenção de quem a recebe. Eis por que a riqueza de informações cria a pobreza da atenção”. Aliado à posição de Simon, o filósofo Martin Heidegger explanou posição semelhante de maneira profética nos idos de 1950: “A maré da revolução tecnológica cativa, enfeitiça, deslumbra e diverte de tal forma o homem que o pensamento computacional pode algum dia se tornar a única forma de pensar, o que acarretará uma perda do pensamento meditativo, tão fundamental para a essência de nossa humanidade”.
A reflexão profunda exige de todos nós uma mente bem focada, pois quanto mais nos distraímos, mais superficiais são nossas reflexões. Uma mente focada é capaz de se abstrair, intencionalmente, das distrações emocionais, o que significa que quem tem um foco aprimorado se torna relativamente imune às turbulências psicológicas, adquirindo maior capacidade de se manter calmo durante os momentos de dificuldade, mantendo-se no prumo em meio às agitações da vida emocional. A reflexão profunda exige de todos nós uma mente bem focada, pois quanto mais nos distraímos, mais superficiais são nossas reflexões.” Por isso, a capacidade de tirar a atenção de uma coisa e transferi-la para outra é essencial para o bem-estar de todos nós.
Há uma relação fundamental entre atenção e intenção. A intenção é nossa força motriz, aquilo que nos move em direção a metas e alvos que passamos a definir em nossa experiência, tendo em vista a nossa realização pessoal. Se eu intenciono chegar a algum lugar, a atenção será a minha ferramenta, o meu veículo. No que se refere ao meu bem estar global, o foco interno, o foco no outro e o foco externo são fundamentais. Nesse sentido, a atenção voluntária, a força de vontade ‘atencional’ e a escolha intencional envolvem operações a partir do córtex pré-frontal, sendo a base de desenvolvimento para a autoconsciência, a reflexão, a deliberação e o planejamento. O foco intencional, portanto, oferece uma alavanca fundamental para a boa gestão do nosso cérebro. Mas, se há uma operação assertiva que, pelo foco intencional nos proporciona a autogestão de nossas experiências internas, há, ao mesmo tempo, uma operação mental errática que se desenvolve por meio das divagações.
Uma pergunta que costumo fazer no consultório psicológico aos pacientes é: “ Ocorre de você se per ceber em diversos momentos fazendo uma coisa e pensando em outra?”, e sempre me respondem: “Frequentemente”. Partindo dessa pergunta, referida aos pacientes em terapia, levantamos a questão: Para onde os pensamentos divagam quando não estamos focados em nossa experiência concreta? Invariavelmente para o “eu” e suas preocupações, para aquela narrativa altamente emocional relativa tudo sobre mim, e que confere uma poderosa e ao mesmo tempo restritiva fixação no nosso ego. O ego, portanto, é a matriz de nossa mente inquieta, produzindo fixações imaginárias relativas ao seu próprio valor e que fomentam as carências, os vícios e as vulnerabilidades emocionais em todos nós. A obsessão com o “eu” promove uma permanente tensão em nossas experiências internas, pois, apegado ao seu valor, transita por circuitos obsessivos difíceis de desenganchar. Por outro lado, quando a mente encontra foco em uma atividade criativa ou construtiva, ela desenvolve o que os psicólogos que pesqui sam a criatividade chamam de flow. A mente flui e o bem-estar emocional resulta como consequência. Para a nossa autogestão, é fundamental o desenvolvimento de uma habilidade cognitiva chamada de “metaconsciência” que é basicamente a capacidade de sermos observadores neutros e desapegados dos nossos conteúdos mentais, especificamente, nossas representações emocionais alimentadas pelo nosso eu. Técnicas de meditação e mindfulness ajudam no desenvolvimento dessa habilidade e promovem o nosso foco interno. Com elas, aprendemos a nos relacionar com nossos conteúdos de forma autônoma, emancipada, integrando melhor o nosso self à realidade. São dois, portanto, os registros nos quais podemos aportar nossa experiência psicológica: o real e o imaginário. No real, a mente se alinha aos acontecimentos e à experiência desenvolvendo um foco sensível e saudável. No imaginário, ela se desalinha, envolvendo-se em turbulências emocionais que proporcionam os estados de ansiedade e depressão. Torna-se, por assim dizer, uma mente sem rumo. Ser expectador e não ator das próprias narrativas mentais é o caminho aberto para o bem-estar emocional, mas para isso há a necessidade de se desenvolver o foco interno, atento e puramente observador em relação às narrativas emocionais e imaginárias. Com o foco interno, potencializa-se a capacidade de desapego e a experiência mental desenvolve a capacidade de presença experiencial, antes sabotada pelas obsessões imaginárias.
Quanto ao foco no outro e no ambiente externo, ocorre basicamente o mesmo, pois o ego, alimentado pela mente desatenta que rumina obsessivamente sobre si própria, encontra-se incapaz de perceber com maior amplitude e profundidade tanto os outros com quem se relaciona como também o ambiente em que concretamente existe. Por ser obcecado quanto ao seu valor, o ego ocupa-se muito mais em como os outros o percebem, do que em perceber. Seu compromisso é formulado em “o que eles estão pensando a meu respeito”. Com isso perde de vista a percepção qualificada do outro e do ambiente em que se encontra, criando pontos cegos, pois não é o pensamento imaginário que potencializa nossa consciência, mas a capacidade de estarmos intencionalmente atentos ao valor do momento experimentado. Em síntese, o pensamento que reproduz as ruminações é o maior obstáculo à consciência, que se amplia a partir da boa atenção.
Resumindo, a atenção plena em direção à nossa experiência, tanto interna quanto externa, no momento presente de nossas vivências reais, é o princípio e o fim do nosso bem-estar emocional e do aprimoramento de nossa autogestão.
Para continuar atualizado sobre saúde, política, cultura pop e outros assuntos, lembre de checar nosso site e seguir o nosso perfil do Instagram (@OPanoramaOficial).
Polícia investiga desaparecimento do maior castelo inflável da América Latina
A polícia investiga o sumiço de um castelo inflável de 700 m², considerado o maior da América Latina, que desapareceu durante o transporte em Mogi Guaçu, São Paulo
Maior castelo da América Latina / Foto: Divulgação
Um castelo inflável gigante, considerado o maior da América Latina, desapareceu após ser transportado por um caminhão de frete. O caso ocorreu em Mogi Guaçu, interior de São Paulo, e está sendo investigado pela Polícia Civil.
Com 700 metros quadrados e um circuito interno de atividades, o brinquedo estava instalado no estacionamento do Buriti Shopping e seria enviado para uma exposição no Rio de Janeiro. O transporte foi realizado na última segunda-feira (18/11), mas o castelo nunca chegou ao destino.
Gil Fagundes Pueri, proprietário do parque inflável, relatou que contratou o serviço de frete por meio de um aplicativo. O brinquedo foi carregado em um caminhão Scania 112 branco, com placa e características que, inicialmente, pareciam ser da empresa contratada. No entanto, descobriu-se que a placa era clonada e que o transporte foi realizado por golpistas.
O caminhão foi visto seguindo em direção aos estados de Minas Gerais e Mato Grosso. Pueri está oferecendo uma recompensa por informações que ajudem a localizar o brinquedo.
O caso foi registrado como furto na Delegacia Seccional de Mogi Guaçu. As autoridades seguem em busca de pistas para localizar o castelo inflável.
A recuperação do peso após um processo de emagrecimento é uma realidade para muitos, e o fenômeno conhecido como “efeito sanfona” pode ser explicado por uma descoberta recente. Pesquisadores do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH Zurique), na Suíça, identificaram que o DNA das células de gordura pode ter “memória”, o que facilita a recuperação do peso após um período de emagrecimento.
O estudo, publicado na revista científica Nature, sugere que mudanças epigenéticas no DNA das células de gordura podem ser responsáveis pelo “efeito sanfona”. A epigenética, campo da biologia que investiga como fatores externos influenciam a expressão genética sem alterar a sequência do DNA, pode ser a chave para entender a dificuldade de manter a perda de peso a longo prazo.
O estudo em camundongos
Para entender melhor as causas do efeito sanfona, os pesquisadores conduziram experimentos com camundongos. Os animais, que haviam perdido peso após uma dieta restritiva, apresentaram alterações epigenéticas nas células de gordura que persistiram, mesmo após o emagrecimento. Essas células “lembravam” do estado de sobrepeso e, ao retornar a uma dieta rica em gordura, os camundongos recuperaram rapidamente o peso perdido.
Ferdinand von Meyenn, professor de nutrição e epigenética metabólica na ETH Zurique, explicou que esse fenômeno ocorre devido a um “efeito de memória” nas células de gordura. “Após a perda de peso, as células ainda mantêm essa memória, facilitando o retorno ao peso anterior”, afirmou o pesquisador.
Implicações para os seres humanos
Embora o estudo tenha sido realizado em camundongos, os pesquisadores encontraram evidências semelhantes em seres humanos. Biópsias de tecido adiposo de pessoas que passaram por cirurgia bariátrica indicaram mudanças genéticas consistentes com os resultados obtidos nos camundongos.
Contudo, os cientistas ainda não sabem quanto tempo essa “memória” do peso excessivo permanece nas células de gordura e se seria possível, no futuro, apagar essas alterações epigenéticas com medicamentos.
Prevenção continua sendo a melhor estratégia
A descoberta reforça a importância da prevenção. Como as células de gordura podem “lembrar” do estado de obesidade, é fundamental evitar o excesso de peso desde o início. Além disso, os pesquisadores indicam que outras células, como as do cérebro e vasos sanguíneos, também podem ter memórias epigenéticas que contribuem para o efeito sanfona. A próxima etapa da pesquisa será investigar essas possibilidades.
Por enquanto, a principal recomendação dos cientistas é que, para combater o “efeito sanfona”, a prevenção continua sendo o caminho mais eficaz.
Marco Aurélio foi baleado por um PM durante uma abordagem no hotel / Foto: Rede social
Julio César Acosta, médico e pai de Marco Aurélio Cardenas Acosta, estudante de medicina de 22 anos, relatou com dor que o cachorro da família ainda aguarda o retorno do jovem, morto por um policial militar em uma abordagem dentro de um hotel em São Paulo na madrugada de quarta-feira (20/11).
Em entrevista, Julio César afirmou que o único consolo seria um pedido de perdão por parte dos responsáveis pela morte de seu filho. Ao saber do incidente, ele foi até o local, onde, segundo ele, foi ignorado pelos policiais, que não prestaram ajuda e não forneceram informações sobre a gravidade do ocorrido. No hospital, encontrou Marco em estado crítico e, depois, recebeu a triste notícia da morte de seu filho.
Marco Aurélio estava no centro cirúrgico, onde os médicos tentaram salvar sua vida, mas não resistiu aos ferimentos. O pai, indignado, questionou os motivos que levaram ao disparo e lamentou a ausência de ação por parte das autoridades.
O caso gerou repercussão após a divulgação de imagens que contradizem a versão dos policiais. Segundo os PMs, Marco teria tentado roubar uma arma durante a abordagem, mas as imagens mostram que ele foi baleado após ser agredido e desarmado. O caso segue sob investigação.
Marco Aurélio era conhecido como “Bilau” no time de futebol da faculdade e como “MC Boy da VM” nas redes sociais. O estudante era lembrado com carinho por seus amigos e colegas, que prestaram homenagens à sua memória.