O Brasil realizou nesta sexta-feira (15) o maior leilão de transmissão de energia de sua história, com a contratação de R$ 21,7 bilhões em investimentos para ampliar a rede elétrica nacional. O destaque ficou por conta da chinesa State Grid, que arrematou o maior e mais complexo empreendimento do certame, com um deságio de quase 40%.
O projeto, que envolve a construção de um bipolo de transmissão em corrente contínua entre os estados do Maranhão, Tocantins e Goiás, tem como objetivo escoar a energia renovável produzida no Nordeste para os principais centros consumidores do Sudeste. A State Grid ofereceu uma receita anual permitida (RAP) de R$ 1,94 bilhão para operar o empreendimento, que exigirá aportes de cerca de R$ 18 bilhões e terá um prazo de 72 meses para entrar em operação.
A RAP é o valor que a empresa recebe pela prestação do serviço de transmissão e, nesse tipo de leilão, vence quem aceitar a menor remuneração. O valor máximo estipulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para esse projeto era de R$ 3,2 bilhões.
A State Grid é a maior empresa de transmissão de energia do mundo e já possui uma forte presença no Brasil, onde controla 24 concessionárias, sendo 19 próprias e 5 em parceria com outras empresas. A companhia chinesa é responsável por operar mais de 16 mil quilômetros de linhas de transmissão no país, incluindo o primeiro bipolo de corrente contínua do Brasil, que liga a usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, ao Rio de Janeiro.
Outras empresas que se destacaram no leilão foram a espanhola Celeo Redes e a brasileira Alupar, que formou um consórcio com o fundo Mercury. A Celeo Redes levou o lote 3, que compreende a construção de linhas de transmissão no Rio Grande do Sul, por R$ 101,2 milhões de RAP, com um desconto de 42,39%. Já a Alupar e o Mercury ficaram com o lote 2, que abrange linhas de transmissão no Paraná e em Santa Catarina, por R$ 239,5 milhões de RAP, com um desconto de 47,01%.
A Eletrobras, que é a maior operadora de linhas de transmissão do Brasil e tinha expectativa de crescer no segmento, participou da disputa pelos lotes 2 e 3, mas não conseguiu apresentar lances competitivos.
De acordo com a Aneel, o leilão teve um desconto médio de 40,85% em relação aos valores máximos estabelecidos, o que representa uma economia de R$ 1,5 bilhão por ano para os consumidores de energia. O certame contou com a participação de 47 empresas e consórcios, que disputaram 11 lotes de empreendimentos, totalizando 7.152 quilômetros de linhas de transmissão e 14.819 megavolt-ampères (MVA) de capacidade de transformação. Os projetos contratados deverão gerar 45.418 empregos diretos e entrar em operação em até 60 meses.
