Um grupo de seis alunas do ensino médio de um colégio público do Paraná desenvolveu um projeto inovador que transforma óleo de cozinha usado em biodiesel. O combustível alternativo foi testado em um ônibus escolar, que percorreu cerca de 200 quilômetros sem precisar de abastecimento. A iniciativa tem o apoio da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e visa reduzir o impacto ambiental causado pelo descarte incorreto do óleo e pela emissão de gases poluentes.
As estudantes Eduarda Priscila Miura, Luiza Alves de Souza, Leticia Ayumi Tazima Sato, Eduarda Pietra Santos Paixão e Fabiane Hikari Kikuti são as fundadoras da BIOSUN, uma startup júnior que pretende comercializar o biodiesel produzido a partir do óleo de cozinha coletado na comunidade. Elas estudam no Colégio Estadual Conselheiro Carrão, em Assaí, a 400 quilômetros de Curitiba, e contam com a orientação do professor de química e física Matheus Rossi.
O projeto surgiu durante um hackathon (maratona de programação) municipal e foi aprimorado nas atividades extracurriculares da escola, que oferece o ensino médio em tempo integral. As alunas realizaram diversas experiências no laboratório de química da UFPR, onde aprenderam a purificar o óleo de cozinha e a reagir com metanol e catalisador para obter o biodiesel.
O resultado foi um combustível sustentável, que pode substituir o diesel comum em motores a combustão. Para comprovar a eficiência do produto, as alunas abasteceram um ônibus escolar com 50 litros de biodiesel e acompanharam o desempenho do veículo por sete dias. O ônibus rodou sem problemas e apresentou uma redução na emissão de fumaça.
As alunas se mostraram entusiasmadas com o projeto e com a possibilidade de contribuir para a ciência e para o meio ambiente. “Eu sempre gostei da área de ciências da natureza e de fazer pesquisas científicas para resolver problemas cotidianos. O BIOSUN me permitiu conhecer melhor o trabalho dos pesquisadores e me inspirou a seguir essa carreira”, disse Leticia Ayumi. Eduarda Pietra também destacou a importância de colocar em prática os conhecimentos adquiridos na escola. “Foi uma experiência incrível, pois eu pude ver como a química pode ser aplicada na vida real e como podemos criar soluções sustentáveis para o nosso planeta”, afirmou.
O próximo passo do projeto é buscar parcerias com a indústria química e com investidores para viabilizar a produção em larga escala do biodiesel. O professor Matheus Rossi explicou que o objetivo é transformar parte dos ônibus escolares em uma linha específica que só opere com o combustível alternativo, gerando economia para os cofres públicos e benefícios para o meio ambiente. “Nós queremos mostrar que é possível criar um biodiesel de qualidade e de baixo custo, utilizando um resíduo que seria descartado na natureza. Além disso, queremos incentivar os jovens a se interessarem pela ciência e pela inovação”, disse.