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Educação

Governo deve investir R$ 3 bilhões para alfabetização na idade certa

Decreto institui Compromisso Nacional Criança Alfabetizada

Fábio Rodrigues/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta segunda-feira (12) um decreto que estabelece o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, uma nova política para apoiar ações de promoção da alfabetização adequada das crianças no Brasil. Segundo o Ministério da Educação, serão investidos R$ 1 bilhão em 2023 e mais R$ 2 bilhões entre 2024 e 2026.

Durante uma cerimônia no Palácio do Planalto, Lula ressaltou que a política é resultado de um esforço coletivo tanto na formulação quanto na execução. Ele destacou que o compromisso foi construído após diálogos com especialistas e gestores de diferentes níveis federativos, enfatizando a importância da adesão dos 27 governadores a essa iniciativa.

O presidente também reconheceu que o Estado falhou em relação à educação infantil nos últimos anos. O compromisso estabelecido visa dar protagonismo aos estados, municípios e ao Distrito Federal, que deverão desenvolver suas próprias políticas locais de alfabetização, levando em consideração suas particularidades. A União atuará na indução, coordenação, assistência técnica e financeira, reconhecendo as diversidades territoriais do país e evitando uma abordagem única.

O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, elogiou a iniciativa e destacou que o esforço para garantir a alfabetização no momento adequado será uma estratégia crucial para melhorar a qualidade da educação pública no país. Ele ressaltou que muitos políticos são produtos da escola pública, mas seus próprios filhos estudam em escolas particulares, indicando uma lacuna na qualidade da educação pública que precisa ser abordada.

Lula concordou com Mendes, afirmando que a classe média “fugiu” das escolas públicas porque a qualidade da educação não atendeu às necessidades da população. Ele ressaltou que é comum advogados, prefeitos, deputados e pequenos empresários matricularem seus filhos em escolas particulares, investindo quase metade de seus salários para garantir uma educação adequada. Para ele, o compromisso estabelecido hoje é um passo em direção à recuperação da qualidade das escolas públicas.

O objetivo dessa política é assegurar que todas as crianças brasileiras estejam alfabetizadas até o final do segundo ano do ensino fundamental, com 6 e 7 anos de idade, de acordo com a Meta 5 do Plano Nacional de Educação (PNE). Para a educação infantil, até os 5 anos de idade, o compromisso promoverá o desenvolvimento da oralidade, leitura e escrita.

Além disso, o governo pretende recompor as aprendizagens dos alunos impactados pelas restrições da pandemia de COVID-19. Para os alunos matriculados do 3º ao 5º ano do ensino fundamental, na faixa etária de 8 a 10 anos, o foco será consolidar a alfabetização.

De acordo com o governo, em 2021, cerca de 2,8 milhões de crianças concluíram o 2º ano do ensino fundamental. Dados da pesquisa Alfabetiza Brasil, realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), revelaram que 56,4% dos alunos foram considerados não alfabetizados com base em seu desempenho no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2021.

Em um estudo internacional conduzido pelo Inep no Brasil, o Estudo Internacional de Progresso em Leitura, divulgado no mês passado, o Brasil ficou à frente de apenas cinco países em avaliação internacional de alfabetização, realizada em 65 nações.

O ministro da Educação, Camilo Santana, ressaltou que a não alfabetização resulta em perdas econômicas e sociais tanto para a população quanto para o país. Estudos mostram que, quando um cidadão se alfabetiza, suas chances de ter uma renda duas vezes maior aumentam, além de 26% mais chances de conseguir um emprego formal e melhores condições de saúde. Santana convocou a classe política a se engajar nessa iniciativa.

Após a publicação do decreto no Diário Oficial da União, os estados, municípios e o Distrito Federal poderão aderir à política por meio do Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle (Simec) do MEC. A adesão será voluntária e implica na responsabilidade de promover a melhoria da qualidade do processo e dos resultados da alfabetização, com atenção à redução das desigualdades de aprendizagem em sua área de atuação.

Outras premissas incluem a mobilização e o engajamento da sociedade, por meio de comunicação, acompanhamento e controle social, e o enfrentamento das desigualdades educacionais regionais, socioeconômicas, raciais e de gênero. Nos primeiros 90 dias após a adesão, o governo espera que os estados colaborem para a formulação da política territorial, realizando seminários, audiências públicas e ouvindo diferentes perspectivas do território brasileiro.

Para a distribuição dos recursos, serão considerados critérios como a proporção de crianças não alfabetizadas, características socioeconômicas, étnico-raciais e de gênero, além da presença de crianças do público-alvo da educação especial inclusiva.

A nova política é baseada em cinco eixos: gestão e governança, formação, infraestrutura física e pedagógica, reconhecimento de boas práticas e sistema de avaliação. Serão oferecidas mais de 7 mil bolsas para articuladores da política nos territórios, com o objetivo de implementar as iniciativas e garantir que todas as redes de ensino elaborem e publiquem suas políticas territoriais até 90 dias após a adesão ao compromisso.

O MEC fornecerá apoio técnico e financeiro às redes de ensino, mas propõe um modelo de governança e gestão baseado em liderança política, pactuação federativa e definições estratégicas. Serão instituídos comitês estratégicos nacional e estaduais, além da Rede Nacional de Articulação de Gestão e Formação do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada (Renalfa).

Progressivamente, o governo espera que os sistemas de ensino possam estabelecer três pilares para a sustentabilidade e institucionalização.

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Educação

Demanda por cursos de inteligência artificial cresce 866% no Brasil em um ano

Relatório da Coursera revela alta demanda por inteligência artificial, com brasileiros focados no básico e baixa participação feminina no setor

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Imagem- Simulação

A busca por capacitação em inteligência artificial (IA) registrou um aumento expressivo de 866% no último ano, de acordo com um relatório divulgado pela Coursera. Essa competência se destaca como a mais procurada entre profissionais, estudantes e candidatos a emprego. No Brasil, porém, o foco ainda está em cursos básicos, como conceitos fundamentais de dados e introduções ao gerenciamento de projetos.

O levantamento da Coursera aponta que países emergentes, como Índia, Colômbia e México, lideram o interesse pela IA generativa, enquanto o Brasil aparece em uma posição inferior nesse ranking. Apesar do crescimento nas matrículas, especialistas avaliam que o país ainda precisa desenvolver estratégias para explorar todo o potencial dessa tecnologia.

Participação feminina na IA
Outro dado relevante do relatório é a baixa presença de mulheres no setor de IA. Apenas 28% das matrículas em cursos relacionados à IA generativa foram realizadas por mulheres.

Adicionalmente, o impacto da automação afeta desproporcionalmente as trabalhadoras: 79% das mulheres estão empregadas em funções suscetíveis à substituição por IA, comparado a 58% entre os homens. Essa disparidade reflete desafios históricos de equidade em áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM).

“A lacuna de gênero na área de STEM, que já era significativa, agora se torna mais evidente no campo da inteligência artificial. Apenas 22% dos profissionais de IA e ciência de dados são mulheres, o que representa um obstáculo não apenas para a inclusão social, mas também para a eficácia tecnológica”, avalia Marni Baker-Stein, diretora de conteúdo da Coursera.

O relatório sugere que iniciativas de educação inclusiva e capacitação tecnológica podem ser ferramentas importantes para superar essas desigualdades e preparar o Brasil para as transformações digitais em curso.

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Educação

Tecnologia e Conscientização

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Imagem: Eduarda Viana

Na última quinta-feira, 5 de dezembro, o CED Casa Grande, no Gama, foi palco de uma ação inovadora realizada pelo Instituto Sublime Ação. Unindo tecnologia e educação, o evento trouxe atividades como óculos de realidade virtual (VR), quizzes interativos e uma assistente virtual para abordar temas relevantes como violência doméstica, bullying e prevenção ao uso de drogas.

A escola, que funciona como Educação de Jovens e Adultos (EJA) no período noturno, acolheu alunos de diferentes faixas etárias, que tiveram a oportunidade de experimentar o VR pela primeira vez e interagir com ferramentas tecnológicas inéditas em seu contexto educacional.

Segundo Edna Mendes, diretora do instituto e uma das idealizadoras do projeto, a iniciativa reforça a importância de levar tecnologia e cultura para pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Estamos empenhados em garantir que pessoas mais vulneráveis tenham acesso ao conhecimento e a ferramentas que muitas vezes estão distantes do seu cotidiano. Além disso, já estamos desenvolvendo novos projetos que beneficiarão o público em geral”, destacou.

Um dos momentos marcantes foi o relato de Carmem, aluna do segundo ano do EJA, que, aos 63 anos, viveu pela primeira vez a experiência com realidade virtual e uma assistente virtual.

Foi a primeira vez que ‘brinquei’ com algo assim. Nunca imaginei que um dia teria essa oportunidade,” comentou.

Além das experiências tecnológicas, palestras destacaram como essas ferramentas podem ser aplicadas de maneira estratégica para enfrentar questões sociais e promover um ambiente escolar mais seguro e acolhedor.

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Educação

Tarcísio sanciona lei que proíbe uso de celulares nas escolas de SP

Restrição inclui todos os dispositivos com acesso à internet e prevê exceções apenas para fins pedagógicos ou necessidades específicas

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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, sancionou nesta sexta-feira (6) uma lei que proíbe o uso de celulares e outros dispositivos eletrônicos com acesso à internet nas escolas públicas e privadas do estado. A nova regra entrará em vigor em 30 dias.

A medida, publicada no Diário Oficial, é resultado de um projeto da deputada estadual Marina Helou (Rede), com coautoria de 42 parlamentares, aprovado por unanimidade na Assembleia Legislativa (Alesp). A iniciativa busca combater o impacto negativo do uso excessivo de eletrônicos na concentração, desempenho acadêmico e interação social dos estudantes.

O que diz a lei

  • Dispositivos proibidos: celulares, tablets, relógios inteligentes e qualquer aparelho com acesso à internet.
  • Uso durante aulas e intervalos: a proibição abrange todo o período em que o aluno estiver na escola, incluindo recreios e atividades extracurriculares.
  • Transporte e armazenamento: alunos podem levar os dispositivos à escola, mas devem armazená-los de forma segura e inacessível durante o horário escolar.
  • Exceções:
    • Necessidade pedagógica, quando o uso de dispositivos é autorizado para atividades educacionais específicas.
    • Alunos com deficiência que necessitam de tecnologia assistiva.
  • Comunicação com pais e responsáveis: escolas devem criar canais alternativos para facilitar a comunicação entre as famílias e as instituições de ensino.

Aplicação e impacto

A Secretaria Estadual de Educação e os municípios deverão criar protocolos para garantir o armazenamento seguro dos aparelhos. Além disso, a lei transfere aos estudantes a responsabilidade por eventuais danos ou perdas dos dispositivos levados para as escolas.

A iniciativa segue um movimento nacional de debate sobre o uso de celulares nas escolas. Um projeto semelhante tramita na Câmara dos Deputados e, se aprovado, poderá estender a proibição a todo o país.

A partir de sua entrada em vigor, a nova regra promete alterar a dinâmica escolar em São Paulo, reforçando a concentração nas aulas e a interação social entre os alunos.

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