A tendência de redução da jornada de trabalho já é uma realidade em alguns países europeus, como Reino Unido, Bélgica e Escócia. Com a transição de uma carga horária de 40 horas para 32 horas, adotando a escala 4×3, os funcionários não apenas desfrutam de descanso aos finais de semana, mas também conseguem gerenciar melhor suas vidas além do âmbito profissional.
No Brasil, algumas empresas nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Paraná estão adotando essa flexibilização e já observam diferenças na qualidade do trabalho realizado pelos colaboradores, além de um maior comprometimento com a empresa, conforme reportagem do jornal O Globo.
Os resultados positivos obtidos com essa nova tendência de redução da carga horária desmistificam a concepção de muitos empresários, que temiam perder a credibilidade ou o comprometimento dos funcionários ao implementarem essa mudança.
Não é surpresa que profissionais saudáveis e felizes tenham um impacto positivo em sua produtividade e criatividade ao longo dos projetos da empresa. No entanto, algumas corporações esquecem que o planejamento e a distribuição adequada de escalas e demandas podem contribuir para um melhor desempenho.
De acordo com um estudo realizado por Paul Ferreira, vice-diretor do Núcleo de Estudos em Organizações e Pessoas (NEOP) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EAESP), 43% dos trabalhadores brasileiros se sentem sobrecarregados, e 30% enfrentam pressão por resultados e metas.
Em 2020, durante a pandemia de Covid-19, que obrigou muitas empresas a adotarem o trabalho remoto, surgiu uma discussão semelhante. Mesmo após a crise sanitária, muitos negócios optaram por manter o trabalho remoto ou adotar um modelo híbrido, considerando os benefícios econômicos e o bem-estar dos funcionários ao trabalharem em casa.
Dados do Relatório de Trabalho Remoto de 2022, realizado pela empresa Revelo, revelaram que, dos 83,6% dos profissionais que estavam em home office durante a quarentena, 73,4% continuaram trabalhando remotamente.
As longas jornadas de trabalho podem levar ao esgotamento e à Síndrome de Burnout, um distúrbio emocional causado pela sobrecarga laboral, que resulta na perda de produtividade, procrastinação e incapacidade de lidar com a rotina profissional. As escalas extenuantes e o excesso de demandas estão diretamente relacionados ao esgotamento, levando profissionais qualificados a perderem seus empregos e serem negligenciados dentro das empresas.
A adoção de escalas mais humanizadas, que permitam tempo para o cuidado com a saúde mental, descanso físico, emocional e psicológico, bem como a convivência familiar e o respeito à vida pessoal dos trabalhadores, pode ser um antídoto eficaz para a redução dos casos dessa síndrome preocupante.