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Homem é picado por jararaca e fica 100 horas em floresta até ser socorrido

Trabalhador rural foi picado, e não conseguiu voltar sozinho e nem com os dois amigos para o vilarejo mais próximo em Careiro Castanho (AM).

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Foto: Reprodução

Um trabalhador rural que foi picado por uma cobra venenosa na Floresta Amazônica viveu um drama de quase 100 horas até conseguir receber o soro antiofídico. Cícero José de Oliveira, de 38 anos, estava limpando um terreno com dois amigos quando foi atacado por uma jararaca, uma das serpentes mais perigosas do Brasil. Ele teve que ser carregado por sete pessoas na mata fechada até ser encontrado por funcionários do Ibama, que o socorreram e o levaram para o hospital.

Cícero contou que sentiu uma forte dor na panturrilha direita logo após a picada e que logo perdeu a sensibilidade e a mobilidade da perna. Ele disse que não viu a cobra, mas que seus amigos a identificaram como uma jararaca adulta, também chamada de surucucu do norte. Ele disse que ficou com medo de morrer e que rezou muito para aguentar a viagem até o vilarejo mais próximo, em Careiro Castanho, no Amazonas.

No caminho, ele recebeu o soro antiofídico dos funcionários do Ibama, que faziam uma fiscalização na região. Eles o colocaram em uma maca improvisada e o levaram de barco até o hospital, onde foi atendido pelo cirurgião Francisco Valdívia. O médico confirmou que se tratava de uma picada de jararaca e que Cícero teve sorte de sobreviver. Ele disse que teve que fazer duas drenagens na perna do paciente para retirar o líquido acumulado pela infecção e que o tratou com antibióticos e outras medidas.

A jararaca é uma cobra venenosa que possui presas finas e afiadas, capazes de injetar uma grande quantidade de veneno na vítima. O veneno pode causar necrose, hemorragia, insuficiência renal e até a morte, dependendo da gravidade do caso. Segundo o diretor de pesquisas da Fundação de Medicina Tropical, Wuelton Marcelo Monteiro, muitos pacientes na Amazônia sofrem amputações ou ficam com deficiências por causa do atraso no atendimento para usar o soro antiofídico.

Cícero recebeu alta do hospital cerca de uma semana depois do acidente, mas ainda estava com dificuldades para andar. Ele disse que estava aliviado por ter sobrevivido e que esperava se recuperar totalmente. Ele também agradeceu aos amigos que o ajudaram e aos funcionários do Ibama que o salvaram.

O Brasil registra cerca de 30 mil acidentes por ano provocados por picadas de serpentes, sendo a maior parte deles na região Norte. No Amazonas, foram 1.513 casos entre janeiro e outubro deste ano, contra quase 1.800 em 2022, ano que teve mais chuvas. As picadas da jararaca representam mais de 80% dos ataques.

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