O incêndio no centro de treinamento do Flamengo, o Ninho do Urubu, que matou dez adolescentes e deixou outros três feridos, completa dois anos hoje (8). Os atletas de base mortos tinham idades entre 14 e 16 anos.
Para homenagear os jovens, cobrar justiça e medidas preventivas que impeçam outras tragédias, o Coletivo Gazela Negra fez um ato nesta segunda-feira em frente ao centro de treinamento do Flamengo, em Vargem Grande, na zona oeste do Rio de Janeiro.
O grupo – formado por torcedores negros de todos o país – pede que o Flamengo não jogue mais nos aniversários da tragédia. O coletivo entende que o dia 8 de fevereiro deve ser reservado para homenagens e reflexão.
“Levamos uma faixa com os dizeres “pela memória dos garotos, sem jogos dia 8/02. Também pintamos dez estrelas [no asfalto] em homenagem aos dez meninos para ficarem bem visíveis a todos que chegarem lá, jogadores, comissão técnica, diretoria. A intenção é não deixar esquecer jamais”, disse um dos integrantes do Coletivo Gazela Negra, Rodrigo Baptista.
A assessoria de imprensa do Flamengo informou que a decisão de não haver jogos do clube no dia 8 de fevereiro não depende do clube e acrescentou que o centro de treinamento está funcionando com toda a segurança possível após ter cumprido exigências.
Denúncia
A Justiça do Rio de Janeiro aceitou a denúncia do Ministério Público (MPRJ) sobre o incêndio no centro de treinamento do Flamengo e tornou réus os onze denunciados, incluindo o então presidente do clube, Eduardo Bandeira de Mello, no dia 20 de janeiro.
Na denúncia, o MPRJ lista diversas irregularidades cometidas pelos denunciados, como descumprimento de normas técnicas e desobediência a sanções administrativas impostas pelas autoridades.
O Ninho do Urubu era usado para treinamento das categorias de base do clube, mas não tinha alvará de funcionamento. No dia 8 fevereiro de 2019, os contêineres estruturados para dormitórios pegaram fogo.
A coordenadora cível da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, Patrícia Cardoso, disse que o órgão entrou com ação coletiva de indenização para as famílias dos rapazes mortos e os jovens que sobreviveram.
“Nessa ação coletiva, foi fixada de forma liminar uma pensão para as famílias e para os sobreviventes de R$ 10 mil. O Flamengo recorreu dessa decisão e, em dezembro passado, o Tribunal de Justiça cassou essa pensão. E nós já recorremos da decisão que cassou a pensão. Estamos aguardando o pronunciamento da Justiça não só sobre os danos individuais das famílias e dos sobreviventes como sobre os danos morais coletivos”, afirmou a defensora.
Versão do Fla
O Flamengo informou que já fez acordos de indenização com oito famílias e com o pai de um dos jogadores mortos. O clube ainda está em negociação com a mãe de um dos rapazes e com a família de mais um dos adolescentes mortos.
* Colaborou Raquel Júnia, repórter da Rádio Nacional