O ex-jogador e empresário Ronaldo Fenômeno, que possui um patrimônio estimado em R$ 1 bilhão, teve suas contas bancárias bloqueadas pela Justiça de São Paulo em uma ação de cobrança de um fundo de investimentos. O bloqueio, que visava atingir R$ 1 milhão em ativos financeiros do ex-craque da Seleção Brasileira, encontrou apenas R$ 18 mil em suas contas.
A dívida é referente à empresa LIV Drinks, do ramo de bebidas saudáveis, da qual Ronaldo é dono de 25%. A empresa foi processada pelo fundo de investimentos em 2018, por não cumprir um contrato de fornecimento de produtos. A quantia milionária é resultado da atualização dos valores no processo, que já teve decisão favorável ao credor no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).
No processo, o fundo de investimentos alegou que Ronaldo e seus sócios tentaram blindar seu patrimônio para driblar o pagamento da dívida. Segundo o credor, Ronaldo foi anunciado amplamente como sócio da LIV, mas a empresa é uma sociedade anônima, e apenas os nomes de seus diretores são públicos.
O desembargador Heraldo de Oliveira, relator do processo, entendeu que houve “confusão patrimonial e o desvio de finalidade” de empresas para “frustrar o pagamento das obrigações assumidas pelos devedores”. Por isso, determinou que Ronaldo também pudesse ser cobrado pela dívida.
O bloqueio das contas de Ronaldo e de seus sócios, no entanto, resultou em valores irrisórios. No caso de Ronaldo, foram atingidos não apenas o CPF do Fenômeno, mas também suas quatro empresas pessoais, entre elas, as companhias do grupo R9, que Ronaldo usa para agenciar atletas e dar consultorias a clubes. Com as empresas, nenhum centavo foi encontrado. O total de R$ 18.497,66 estava nas contas de Ronaldo.
O fundo de investimento que moveu a ação contra Ronaldo, seus sócios e suas empresas voltou a acusá-los de “blindagem patrimonial” e sugeriu que houvesse indícios de crimes comuns, fiscais e evasão de divisas. “Como se explica esse fenômeno de pessoas com altíssimo poder aquisitivo não possuírem saldo em contas? É, no mínimo, blindagem, para não dizer que há indícios de crimes comuns, fiscais e evasão de divisas”, afirmou.
A defesa de Ronaldo, por meio de seus advogados, argumenta que a condenação a pagar a dívida não transitou em julgado, ou seja, não é definitiva, e que deve ser adiada até que se esgotem seus últimos recursos. Além disso, pede que todo o processo tramite em sigilo, pelo fato de ele ser uma “figura pública”.
Ronaldo, que comprou o Cruzeiro em 2023 por R$ 400 milhões, em uma negociação que estimou repasses de até R$ 682 milhões em 18 anos apenas para o pagamento de dívidas do clube, viu o time mineiro entrar em recuperação judicial neste ano, com uma dívida de R$ 90 milhões com credores a ser paga até 2025.