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Brasil

Witzel será interrogado no dia 28 no Tribunal Especial Misto

O governador afastado poderá se defender no processo de impeachment

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O Tribunal Especial Misto (TEM) remarcou para o dia 28 deste mês, às 9h, nova sessão para continuação da audiência de instrução e julgamento do processo de impeachment do governador afastado Wilson Witzel. No mesmo dia, serão ouvidas as seis testemunhas que não chegaram a ser interrogadas pelo colegiado na última sessão, realizada nesta quinta-feira (17).

A defesa de Witzel chegou a pedir o adiamento do interrogatório das testemunhas, alegando que não teve tempo de ler os documentos anexados ao processo na véspera da audiência. O pedido, no entanto, não foi aceito pelo colegiado do tribunal, formado por cinco desembargadores e cinco deputados estaduais.

De acordo com o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), no final da tarde de ontem, o Superior Tribunal de Justiça encaminhou os documentos para o Tribunal Especial Misto e a defesa foi intimada a ter acesso aos textos.

No dia 28, o tribunal misto vai marcar sessões para as alegações finais da defesa e da acusação, que podem ocorrer em separado, conforme entendimento dos integrantes. A etapa seguinte será a votação final do processo sobre o impeachment de Witzel.

Depoimentos

Ao todo, foram ouvidas 16 testemunhas ao longo das 13 horas na sessão realizada ontem. As outras testemunhas não foram localizadas nos endereços fornecidos e, por esse motivo, não compareceram. Agora, os advogados têm cinco dias para informar os novos endereços ou indicar a substituição.

A mulher do governador afastado, Helena Witzel, foi dispensada de prestar depoimento a pedido da defesa do marido, como também uma outra testemunha. As dispensas foram aprovadas pelo colegiado.

O primeiro depoimento foi do ex-secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais Lucas Tristão do Carmo, ouvido como informante por ter declarado uma relação de inimizade com o ex-governador. Ele negou ter sido intermediário “de quem quer que seja” no governo Witzel e disse que tratava apenas de assuntos de sua própria pasta. Tristão usou do direito constitucional de não responder sobre a relação com o escritório de advocacia de Helena Witzel.

O ex-secretário afirmou ter se tornado amigo de Everaldo Dias Pereira, o pastor Everaldo, presidente do PSC, partido de Witzel, e também do empresário Mário Peixoto, após ter atuado como advogado dos dois. Tristão não respondeu a boa parte das perguntas dos membros do tribunal misto, justificando que responde a uma ação criminal junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre os mesmos fatos.

O segundo depoente foi Luiz Roberto Martins, apontado como operador financeiro do esquema na área da Saúde que, conforme a denúncia, era chefiado pelo empresário Mário Peixoto. Para evitar as respostas, Luiz Roberto lembrou que é réu no inquérito no STJ. O pastor Everaldo apresentou a mesma alegação para não responder às perguntas. Por estarem presos, Tristão, Martins e o pastor Everaldo foram ouvidos por videoconferência.

Em seu depoimento, o ex-subsecretário de Saúde Gabriell Neves, que também usou o inquérito do STJ para não responder a todos os questionamentos. Ao se explicar, disse que recebia ordens apenas do superior imediato, o então secretário de Saúde Edmar Santos, negando que tenha feito parte do gabinete de crise montado por Wilson Witzel para o combate à covid-19. Neves descartou ter participado de reuniões sobre a construção dos hospitais de campanha, apesar de ter integrado o processo de compra de respiradores para os hospitais do Rio.

O ex-subsecretário de Saúde informou que, enquanto ocupava o cargo, a organização social Unir Saúde não prestava serviços para o Estado por ter sido desclassificada e, quando retomou a classificação, ele já tinha sido exonerado do governo.

O ex-subsecretário de Estado de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento Ramon de Paula Neves, ao ser ouvido como informante, por ter se declarado amigo de Witzel, disse que, à época da indicação do subsecretário, revelou ao então governador ter recebido informações negativas sobre Gabriell Neves. Segundo Neve, Witzel teria respondido que o secretário Edmar Santos afirmou  ter total confiança em Neves e a nomeação foi confirmada.

Todas as testemunhas de acusação que prestaram depoimentos na manhã de ontem são acusadas de pertencer ao esquema de corrupção que teria causado um dano de R$ 500 milhões à área da saúde, no Rio de Janeiro, durante o governo de Wilson Witzel.

O empresário Mário Peixoto prestou depoimento por videoconferência, por estar preso, acusado de participação no esquema de corrupção no setor de saúde do Rio. O empresário disse ser sócio de duas empresas que não prestam serviço ao Estado e afirmou não ter interesse em contratos de hospitais de campanha. Peixoto afirmou também que não tem ligação com as organizações sociais de saúde. Ele negou ter influenciado na requalificação da Unir Saúde, que tinha sido impedida de ser contratada pelo Poder Público, mas foi requalificada posteriormente por Witzel.

O empresário disse que encontrou o ex-secretário de Estado de Saúde Edmar Santos apenas uma vez, por coincidência, em um restaurante, e negou qualquer relação ou conversa com o ex-responsável pela pasta da Saúde do estado. Peixoto confirmou que conhece Luiz Roberto Martins há mais de 15 anos e que a amizade com Lucas Tristão é resultado dos serviços advocatícios prestados ao mesmo.

O ex-secretário Edmar Santos exerceu o direito de silêncio na maior parte do tempo. Santos disse que conheceu Witzel quando ainda era diretor do Hospital Universitário Pedro Ernesto, na zona norte do Rio, durante uma visita à unidade, do então candidato ao governo fluminense. O convite para assumir a secretaria, segundo ele, foi feito pelo governador eleito.

O colegiado ouviu ainda o atual secretário estadual de saúde, Carlos Alberto Chaves, que assumiu a pasta em 28 de setembro deste ano, e mais oito testemunhas, entre elas Luiz Augusto Damasceno, que ocupou o cargo de ordenador de despesas da Secretaria de Saúde, e Ormindo Bicudo Neto, que foi assessor especial do governador e depois controlador geral do Estado.

A última testemunha a prestar depoimento foi o médico Bruno José da Costa Ribeiro, que fez uma doação individual de R$ 75 mil para a campanha de Witzel a dois dias da votação do segundo turno. Ribeiro, que chegou para depor vestido com o uniforme e máscara cirúrgica, trabalhou como diretor médico da Unir, de novembro de 2018 a setembro de 2019.. Ele afirmou que não conhecia ninguém da campanha e que fez a doação motivado pela proposta para a segurança do Estado.

Pouco antes da eleição, Ribeiro disse ter sido vítima de um assalto, quando teve o carro roubado. Alguns integrantes acharam que houve contradições no depoimento e pediram a juntada ao processo do registro da ocorrência do assalto e também o imposto de renda dos anos de 2017 e 2018.

O relator do processo, o deputado estadual Waldeck Carneiro (PT-RJ), disse que a sessão foi muito produtiva, porque foram ouvidas muitas testemunhas e ocorreram depoimentos importantes. Segundo ele, foram constatadas algumas contradições e o desafio agora é fazer a devida análise do que foi relatado com o cruzamento de informações de documentos com o dossiê sobre o inquérito realizado pelo STJ.

“Então, é se debruçar sobre esses documentos para ver conde as informações confluem, onde colidem, e ao mesmo tempo se preparar para a próxima etapa, no dia 28 com mais seis testemunhas”, disse após a sessão. “Espero que o Tribunal Especial Misto tenha o máximo de elementos para tomar a decisão mais justa possível.”

O Tribunal Especial Misto é composto pelos desembargadores Teresa Castro Neves, Maria da Glória Bandeira de Mello, Inês da Trindade, José Carlos Maldonado e Fernando Foch e pelos deputados estaduais Waldeck Carneiro (PT), relator do processo, Alexandre Freitas (Novo), Chico Machado (PSD), Dani Monteiro (PSol) e Carlos Macedo (REP).

Por: Agência Brasil

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Brasil

Casal armado tenta homicídio após marido rejeitar proposta de trisal para esposa

Discussão ocorreu em um bar de Palmas (TO) e terminou com uma mulher ferida; casal fugiu, mas foi capturado meses depois

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Imagem: Casal sendo preso em Palmas (TO), após tentativa de homicídio

Um casal foi preso nesta quinta-feira (19/12), em Palmas (TO), acusado de tentativa de homicídio qualificado e posse ilegal de arma de fogo. O crime aconteceu no dia 5 de setembro, após o marido de uma mulher rejeitar uma proposta de formação de trisal feita pelo casal suspeito.

De acordo com a Polícia Civil do Tocantins, os suspeitos abordaram uma mulher em um bar e a convidaram para formar um relacionamento a três. A ideia foi imediatamente recusada pelo marido dela, o que desencadeou uma discussão no local.

Poucos minutos após deixarem o estabelecimento, os suspeitos retornaram armados. A mulher portava um revólver e o homem carregava uma espingarda. Eles apontaram as armas para o marido da mulher abordada, mas a tentativa de disparo contra ele falhou. Durante a confusão, o homem armado efetuou um disparo que atingiu outra mulher que tentava se proteger dentro do bar.

A vítima foi ferida na região cervical, socorrida e sobreviveu ao ataque. Já os agressores fugiram do local e se esconderam por meses para evitar a prisão. Investigações da 1ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) revelaram que o casal havia mudado de endereço para dificultar o trabalho da polícia.

Durante a operação que culminou na prisão, a polícia apreendeu a espingarda que pode ter sido usada no crime. Agora, os suspeitos responderão pelos crimes de tentativa de homicídio qualificado e posse ilegal de arma de fogo.

O caso expõe como conflitos interpessoais podem rapidamente escalar para episódios de violência, ressaltando a necessidade de medidas preventivas e rápidas intervenções.

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Educação

Professora é demitida por vender bolos com maconha em escola no RS

Prefeitura de Estância Velha publicou a decisão após laudo pericial confirmar a presença da droga nos produtos vendidos pela servidora pública

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Imagem - Rede Social

Uma professora de 34 anos, acusada de comercializar bolos recheados com maconha dentro de uma escola em Estância Velha, na Região Metropolitana de Porto Alegre (RS), foi oficialmente demitida nesta quinta-feira (19/12). A decisão foi publicada no Diário Oficial do município e segue recomendação de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD).

O prefeito Diego Francisco (PSDB) anunciou a medida de forma inusitada. Em um vídeo divulgado em suas redes sociais, ele aparece comendo um bolo enquanto ouve “Three Little Birds”, clássico de Bob Marley, e explica a decisão.

“Estou aqui na hora do lanche, comendo um bolinho, e quero dizer para vocês que esse aqui não é batizado. Hoje saiu o resultado do processo que investigava a conduta da professora acusada de vender bolo com maconha no município”, declarou o prefeito.

A investigação revelou que os bolos vendidos pela professora em agosto continham o princípio ativo da maconha, conforme laudo pericial. O produto, embalado para venda, pesava 517 gramas, e a educadora foi indiciada por tráfico de drogas. Ela estava afastada de suas funções desde julho, quando o caso veio à tona.

A demissão da servidora encerra sua ligação com o quadro público municipal, mas as investigações criminais seguem em andamento. O caso gerou grande repercussão local, levantando preocupações sobre a segurança nas escolas e a conduta de profissionais da educação.

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Política

Deputada é flagrada fumando vape durante debate sobre saúde no parlamento colombiano

Cathy Juvinao, do Partido da Aliança Verde, foi vista usando o dispositivo durante sessão sobre reforma da saúde; cena inusitada gerou repercussão nas redes sociais

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Cathy Juvinao, do Partido da Aliança Verde

Uma situação inusitada marcou o parlamento colombiano nesta terça-feira (17/12), durante uma sessão que discutia a reforma da saúde no país. A deputada Cathy Juvinao, do Partido da Aliança Verde, foi flagrada fumando um vape enquanto o debate seguia.

O momento ocorreu durante a transmissão ao vivo da reunião, quando as câmeras mostraram a parlamentar dando um trago no dispositivo. Ao perceber que estava sendo filmada, Juvinao tentou disfarçar, escondendo o aparelho, mas a fumaça visível e uma leve engasgada a entregaram.


O episódio rapidamente ganhou as redes sociais, gerando críticas e memes. Em resposta, Cathy Juvinao utilizou sua conta no X (antigo Twitter) para pedir desculpas.

“Peço desculpas aos cidadãos pelo ocorrido no plenário. Não seguirei o mau exemplo que, atualmente, intoxica o discurso público. Garanto que isso não se repetirá”, escreveu a deputada. Ela ainda reforçou seu compromisso em lutar por melhorias no sistema de saúde com seriedade e dedicação.

O incidente chamou atenção pela ironia do momento, já que a pauta em discussão era a saúde pública. Apesar das críticas, a deputada segue participando das discussões no parlamento.

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