conecte-se conosco

Brasil

Plano orientará ações de resgate e cuidados com animais em desastres

Diretrizes podem gerar impacto menor para a fauna atingida

Um boi é visto na lama depois do rompimento de barragem de rejeitos de minério de ferro de propriedade da mineradora Vale, em Brumadinho (MG) | Foto: Adriano Machado/Reuters

Daqui para a frente, em todos os desastres envolvendo animais, a fauna deve sofrer impacto muito menor porque os profissionais do setor contam agora com um documento ao qual podem recorrer – o Plano Nacional de Contingência de Desastres em Massa Envolvendo Animais, aprovado nesta semana pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV).

O plano traz orientações para a atuação dos profissionais em cenários dessa natureza, com diretrizes sobre como conduzir o resgate, a assistência veterinária, a manutenção e o destino de animais domésticos e silvestres.

Publicado ontem (6), o plano já está em vigor e pode ser acessado gratuitamente no site do CFMV por médicos veterinários e zootecnistas e cidadãos brasileiros, em geral. O documento tem 22 anexos que vão orientar e auxiliar os profissionais no trabalho de resgate de animais.

Como ainda não existe legislação que trate da matéria, o plano serve como diretriz técnica do trabalho de resgate da fauna. “É uma orientação em forma de diretriz, mas não tem obrigatoriedade, porque não tem nada previsto em lei ainda”, disse hoje (7) à Agência Brasil a presidente do Grupo de Trabalho de Desastres em Massa Envolvendo Animais (GTDM) do CFMV, Laiza Bonela.

As primeiras atuações de médicos veterinários no Brasil em defesa e resgate de animais vítimas de catástrofes ocorreram em 2011, durante as enchentes e deslizamentos de terra erm municípios da região serrana do Rio de Janeiro. As ações se repetiram com o rompimento de barragens em Mariana, em 2015, e em Brumadinho, em 2019, ambos em Minas Gerais, até chegar, neste ano aos incêndios no Pantanal.

Segundo Laíza, foi só em 2019, a partir do desastre de Brumadinho, que começou a ser elaborado o plano de contingência em virtude de um cenário que se repetiu e que tinha sido vivenciado em Mariana, em 2015. Como em 2019 não havia nenhum documento norteador, o rompimento da barragem de rejeitos de mineração do Córrego do Feijão, em janeiro do ano passado, em Brumadinho, serviu como ponto de partida para que se começasse a pensar nisso. “A partir desse momento, o grupo foi instituído e começou a construir o plano”. O trabalho se estendeu durante 12 meses.

Objetivos

Laiza Bonela disse que o plano tem três grandes objetivos. O primeiro é ser uma diretriz, um documento norteador para qualquer tipo de desastre dentro do Brasil para orientar os profissionais a como agir, tanto durante o desastre quanto depois. “A gente fala que é nas ações de prevenção e de resposta.”

O segundo objetivo é sensibilizar os profissionais e os conselhos locais. O grupo de trabalho percebeu que o estado de Minas Gerais é muito sensibilizado porque ali ocorrem muitos desastres. “Mas isso não pode parar em nós, porque todos os estados são vulneráveis. Percebemos que era preciso descentralizar essa atuação de forma que o documento sensibilizasse os quatro cantos do nosso país,”

O terceiro objetivo, que está sendo buscado agora, é a capacitação profissional, que deve ser levada para todo o país, para que todos saibam usar o documento, como articular o plano, como trabalhar com ele.

Laiza Bonela disse esperar que, com o plano, os animais vítimas de desastres possam ser “assistencializados” de forma mais rápida e ter a sua dignidade assegurada, ser atendidos por “profissionais que olhem para eles como parte do problema e não como uma distração, como já aconteceu”.

A veterinária contou que ter observado em alguns eventos de desastres dos quais participaram membros do GTDM  os órgãos presentes não se interessarem pelos animais, porque estavam muito preocupados com outras demandas.

Segundo Laiza, o plano de contingencia vem para mostrar a importância dos animais. “Os animais não são uma distração; eles fazem parte do nosso ecossistema, fazem parte da saúde única. Quando protejo os meus animais, também estou protegendo a saúde humana, a saúde ambiental. Os animais não podem ser mais negligenciados. Eles precisam ser olhados com todo respeito e dignidade.”

Resgates

No rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, o GTDM atuou no local de forma voluntária durante 16 dias, período em que resgatou 400 animais. Alguns foram “assistencializados” no local e outros transferidos para abrigos ou hospitais. A maioria desses animais está até hoje sob supervisão de empresas responsáveis contratadas pela Vale.

No Pantanal, o GTDM tem equipes que estão há mais de 30 dias trabalhando nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e não conseguiram voltar para casa devido à gravidade da situação. Enquanto não houver um quadro de estabilização do problema, os médicos veterinários permanecerão no local, porque os incêndios ainda continuam ocorrendo, afirmou Laiza. Os animais resgatados feridos são encaminhados a hospitais que possam acolher espécies silvestres, bem como ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

“Por serem animais silvestres, a logística é um pouco diferente da dos animais domésticos. O contexto é ainda mais complexo, mas todos os animais estão sendo direcionados à assistência local mais próxima que tenha estrutura para acolhê-los, porque alguns são muito grandes, como a onça, a anta”.

Posteriormente, de acordo com o órgão fiscalizador, os animais serão devolvidos à natureza quando estiverem seguros e saudáveis, em um local onde possam ter qualidade de vida.

Cadeia de custódia

Sobre animais encontrados mortos em desastres, Laiza explicou que, quando existe uma empresa responsável, toda carcaça passa pelo procedimento denominado cadeia de custódia, que é a proteção daquela prova para ser usada em juízo depois. “Geralmente, trabalhamos acionando a Policia Federal e a Polícia Civil, que protegem aquela prova. O animal vai para necrópsia para gerar os laudos explicativos de sua morte. No caso de desastres em que não há uma empresa para ser responsabilizada, como o das enchentes, quantifica-se a estimativa de animais em óbito e são feitas as necrópsias.

O Grupo de Trabalho de Desastres em Massa Envolvendo Animais será transformado em uma comissão permanente do Conselho Federal de Medicina Veterinária para dar continuidade ao trabalho. “Vamos apoiar ações na resposta e na prevenção dos próximos desastres, que geram impactos para a sociedade, com implicações na saúde pública, na economia e no emocional da população atingida, especialmente dos animais que são vulneráveis e pagam muito caro, sejam eles de companhia, de produção ou silvestres”, afirmou o presidente do CFMV, Francisco Cavalcanti.

Por: Alana Gandra/Edição: Nádia Franco – Agência Brasil/Rio de Janeiro

Clique para comentar

Faça seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Brasil

Alertas da Defesa Civil: entenda os avisos durante fortes chuvas

Sistema de alertas divide os avisos em dois níveis: severo e extremo. Saiba como funcionam e quais medidas tomar em cada caso

Publicado

on

Divulgação

A Defesa Civil do Estado de São Paulo emite avisos preventivos para auxiliar a população em períodos de chuvas intensas. O Centro de Gerenciamento de Emergências monitora as condições meteorológicas 24 horas por dia e envia alertas sempre que há previsão de fenômenos climáticos adversos.

Os comunicados são distribuídos por diferentes canais, como SMS, WhatsApp, Telegram e pelo sistema cell broadcast, que utiliza a tecnologia 4G e 5G para identificar a localização das pessoas e enviar notificações às que estão em áreas de risco. Esse sistema classifica os alertas em duas categorias: severo e extremo.

Como funcionam os alertas

O coordenador estadual de Proteção e Defesa Civil de São Paulo, coronel Henguel Pereira, destacou a importância do sistema:

“Depois da tragédia em São Sebastião, intensificamos os esforços para trazer o cell broadcast para o Brasil e para São Paulo. Tenho certeza de que muitas vidas já foram salvas por causa desses alertas”, afirmou.

Desde 4 de dezembro, a tecnologia cell broadcast foi implementada no estado, permitindo o envio rápido de mensagens diretamente para os celulares, sem necessidade de conexão com a internet ou aplicativos específicos. Qualquer aparelho conectado a uma antena de telefonia recebe os alertas.

Os avisos são classificados com base em fatores como volume de chuva nas últimas horas, previsão de precipitação, velocidade dos ventos, incidência de raios e características geológicas da região. Meteorologistas analisam esses dados para determinar se há potencial de transtornos e definir o nível do alerta.

Diferença entre os alertas

  • Severo: indica necessidade de medidas preventivas, mas sem urgência imediata. A notificação aparece na tela do celular com um som semelhante ao de um SMS e permanece visível até ser fechada.
  • Extremo: representa ameaça iminente à vida ou à propriedade. Esse alerta exige medidas imediatas de proteção e gera uma vibração no aparelho, além de um som semelhante ao de uma sirene, mesmo que o celular esteja no modo silencioso. A mensagem só desaparece quando o usuário a fecha.

Outros canais de alerta

Além do sistema cell broadcast, a Defesa Civil disponibiliza outras formas de comunicação:

  • SMS: Os cidadãos podem se cadastrar enviando o CEP por mensagem de texto para o número 40199.
  • WhatsApp: O cadastro pode ser feito pelo número (61) 2034-4611.
  • Telegram: Basta procurar por “Defesa Civil Alertas” e seguir as instruções.
  • TV por assinatura: Algumas operadoras exibem notificações na tela durante a programação.
  • Google Public Alerts: O Google exibe alertas ao pesquisar sobre desastres naturais ou ao acessar o Google Maps em áreas de risco.

Medidas de segurança recomendadas

A Defesa Civil de São Paulo orienta a população a adotar precauções durante períodos de chuvas intensas:

✔ Evitar áreas de risco, como encostas, margens de rios e locais com histórico de alagamentos.
✔ Buscar abrigo seguro e evitar permanecer sob árvores, estruturas metálicas ou locais abertos durante tempestades.
✔ Redobrar a atenção em regiões litorâneas e cidades que já acumulam grandes volumes de chuva.
✔ Manter limpas calhas, ralos e bueiros para reduzir o risco de alagamentos.
✔ Em casos de emergência, acionar a Defesa Civil pelo telefone 199 ou o Corpo de Bombeiros pelo 193.

Continue lendo

Saúde

Homem ganha viagem de cruzeiro grátis, adoece a bordo e recebe conta de R$ 270 mil

Mesmo com seguro, passageiro enfrenta impasse para pagar despesas médicas do navio

Publicado

on

Divulgação

O que parecia ser uma viagem dos sonhos acabou se tornando um grande problema financeiro para Mike Cameron, morador de Minnesota, nos Estados Unidos. Ele ganhou uma viagem de cruzeiro com a namorada, Tamra Masterman, e embarcou no dia 5 de fevereiro, em Miami, rumo ao Caribe. No entanto, a experiência paradisíaca foi interrompida quando ele contraiu influenza e precisou ser internado no serviço médico do navio.

O susto veio ao final do tratamento, quando Mike recebeu uma conta de US$ 47 mil (cerca de R$ 270 mil) pelos atendimentos a bordo. Apesar de ter contratado um seguro de viagem que cobria até US$ 20 mil (aproximadamente R$ 115 mil), o valor restante ainda era alto e gerou grande preocupação.

“O seguro de viagem não quer pagar até que passemos pelo nosso seguro de saúde. O seguro de saúde não quer cobrir porque foi no exterior. Comecei a pensar: vou perder minha casa, meus carros”, relatou Mike à Fox9.

Em resposta, a empresa responsável pelo cruzeiro afirmou que os custos médicos seguem os padrões adotados por outras companhias marítimas. Enquanto isso, o casal segue tentando resolver o impasse para quitar a dívida inesperada.

Continue lendo

Brasil

Quatro pessoas em situação de rua são baleadas enquanto dormiam em Mongaguá

O ataque aconteceu na madrugada de segunda-feira (10), e a polícia ainda busca identificar o responsável pelos disparos

Publicado

on

Quatro pessoas em situação de rua são baleadas enquanto dormiam em Mongaguá; autor ainda não foi identificado / Divulgação

Na madrugada desta segunda-feira, 10 de fevereiro, quatro pessoas em situação de rua foram baleadas enquanto dormiam perto de um quiosque na orla da praia de Mongaguá, no litoral de São Paulo. O ataque aconteceu na Avenida Governador Mário Covas Júnior, no bairro Jardim Maria Luísa. De acordo com a Polícia Militar (PM), os disparos foram feitos por um criminoso que fugiu a pé após o crime.

As vítimas, três homens e uma mulher, foram atingidas enquanto estavam dormindo no local. Elas foram socorridas e encaminhadas a diferentes unidades de saúde. Uma das vítimas se deslocou por conta própria até o Pronto-Socorro Vera Cruz, em Mongaguá, enquanto as outras três receberam atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e foram encaminhadas ao Hospital Regional de Itanhaém. Uma delas apresentava ferimentos no abdômen e braço esquerdo, outra foi atingida no tórax e no braço esquerdo, e o estado do terceiro não foi informado.

O caso foi registrado como tentativa de homicídio na Delegacia de Mongaguá e está sendo investigado. Até o momento, o autor dos disparos não foi localizado. A Polícia Civil segue trabalhando para identificar o responsável pelo ataque.

O ataque gerou revolta na comunidade local, que pede maior segurança na região e justiça para as vítimas.

Continue lendo

Popular

Copyright © 2020 O Panorama