Política

Mauro Cid vai admitir que vendeu joias a mando de Bolsonaro, diz advogado

Ex-ajudante de ordens também vai dizer que transferiu o dinheiro clandestinamente para o país, após venda dos itens nos EUA

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Foto: Reprodução

Em uma reviravolta no caso das joias da Presidência, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid afirmou que vendeu as peças nos Estados Unidos a mando de Jair Bolsonaro e que repassou o dinheiro ao ex-presidente. A revelação foi feita pelo advogado de Cid, Cezar Bittencourt, à revista Veja nesta quinta-feira (17).

Cid está preso desde maio, acusado de desviar joias e presentes recebidos por Bolsonaro durante o seu mandato. Segundo o Tribunal de Contas da União, esses itens deveriam ser incorporados ao acervo da União, e não vendidos como bens pessoais.

Bittencourt, que assumiu a defesa de Cid na terça-feira (15), disse que seu cliente apenas cumpria ordens de Bolsonaro e que vai apresentar provas disso à Justiça. Ele é o terceiro advogado do caso desde que Cid foi preso.

As investigações da Polícia Federal mostram que as negociações das joias começaram em junho de 2022, quando Cid solicitou ao Gabinete de Documentação Histórica a lista dos relógios recebidos pela Presidência até aquele ponto do mandato.

Entre as peças retiradas do acervo por Cid estava um kit de joias composto por um relógio da marca Rolex de ouro branco, um anel, abotoaduras e um rosário islâmico entregue a Bolsonaro em uma viagem oficial à Arábia Saudita em outubro de 2019.

Em junho de 2022, Bolsonaro e Cid viajaram aos Estados Unidos para participar da Cúpula das Américas, em Los Angeles. A Polícia Federal afirma que Cid levou o kit de joias no voo oficial da FAB e que não voltou para o Brasil com a comitiva. Ele teria levado as joias para a casa do pai, Mauro Cesar Lourena Cid, que ocupava um cargo na Apex, em Miami.

Na Pensilvânia, Cid vendeu o relógio Rolex de ouro branco e outro relógio da marca Patek Philippe por US$ 68 mil (R$ 332 mil). Um comprovante de depósito da loja foi encontrado no celular de Cid pela Polícia Federal.

Um relatório do Coaf apontou transações financeiras atípicas nas contas de Lourena Cid. De fevereiro de 2022 a maio de 2023, ele movimentou quase R$ 4 milhões – entre valores recebidos e enviados.

Bolsonaro nega qualquer envolvimento no caso e diz que as joias eram presentes pessoais. Ele também acusa a Polícia Federal e a CPI dos Atos Golpistas de perseguição política.

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