Em uma horta no telhado de um casarão centenário no Centro Histórico do Recife, cerca de 80 crianças estão aprendendo a lidar com a terra e a produzir alimentos orgânicos. Esta iniciativa inovadora, promovida pela Comunidade dos Pequenos Profetas, vai ganhar destaque na próxima Conferência da ONU sobre o clima, a COP29, que acontecerá em novembro de 2024, em Baku, no Azerbaijão.
Uma Horta que Transforma Vidas
A horta, que ocupa um espaço de 400 m², não apenas oferece um local para aprendizado, mas também gera alimentos frescos para as famílias da comunidade. As mães das crianças participantes colhem os produtos e levam para casa, contribuindo para a segurança alimentar local. “Imagina se fôssemos comprar. Tem dia que nós nem dinheiro tínhamos. E aqui a gente leva de graça para os nossos lares”, afirma Maria Helena dos Santos, uma das donas de casa beneficiadas.
A importância dessa produção é ressaltada por Ercília Maria da Conceição: “Tem crianças e adultos que não têm essas frutas em casa, nem essas verduras. E aqui nós temos diretamente da horta para a mesa, uma coisa sadia que é cultivada pelos próprios alunos.”
Reconhecimento Internacional
O projeto chamou a atenção de Hans von Manteuffel, um fotógrafo alemão que vive no Recife há 35 anos. Ele decidiu registrar a iniciativa e uma de suas fotos foi selecionada para um concurso da ONU sobre transformação urbana. A imagem, que retrata a horta e seu impacto na comunidade, será apresentada na COP29. Hans destaca a esperança que a fotografia representa: “A imagem traz esperança, traz que é possível, com poucas coisas, criar um mundo melhor e trazer uma vida mais fácil para a população carente.”
Um Futuro Sustentável
O projeto da Comunidade dos Pequenos Profetas almeja que o reconhecimento internacional ajude a multiplicar iniciativas similares. “A partir do momento em que as pessoas se alimentam melhor, elas podem produzir melhor, elas têm energia para estudar, para entrar no mercado de trabalho e ajudar a termos uma sociedade mais igualitária”, afirma Demetrius Demétrio, fundador da comunidade.
Com o destaque na Conferência da ONU, espera-se que mais pessoas se inspirem a criar hortas e projetos comunitários que ajudem a combater a fome e promovam a educação ambiental. A horta no telhado do casarão centenário se torna, assim, um símbolo de resistência e transformação social, mostrando que, com trabalho conjunto e criatividade, é possível construir um futuro mais sustentável e igualitário para todos.