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Saúde

Aumento do número de médicos não reduziu desigualdades, diz pesquisa

Brasil apresenta índice de 2,6 médicos por grupo de 1 mil habitantes

Marcelo Camargo/Agência Brasil

A pesquisa Demografia Médica, lançada hoje (8) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a Associação Médica Brasileira, mostra que, apesar do expressivo crescimento no número de médicos nos últimos anos, permanece a desigualdade no acesso à medicina no Brasil.

Segundo o levantamento, em 2013, eram 357,5 mil profissionais, e, em 2023, chegou-se a 562,2 mil. Com isso, o Brasil apresenta um índice de 2,6 médicos por grupo de 1 mil habitantes. O número ainda está abaixo da média de 3,36 médicos por habitante entre os países avaliados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). No entanto, é semelhante ao de países como os Estados Unidos (2,64) e o Canadá (2,77).

Diferenças regionais

Há desigualdades tanto na divisão regional, quanto na atuação nas redes pública e privada de saúde. No Norte, o índice é 1,45 médicos a cada grupo de 1 mil habitantes, e no Nordeste, de 1,93. Enquanto no Sudeste, a proporção é de 3,39 médicos para 1 mil habitantes. No Distrito Federal, o índice chega a 5,53 e em Vitória, no Espírito Santo, a 14,49.

O professor do departamento de Medicina Preventiva da USP, Mário Scheffer, que coordenou o estudo, destacou que há um desequilíbrio no número de profissionais que trabalham na rede privada e públicas de saúde. “Se eu tivesse uma palavra para resumir a oferta de médicos no Brasil eu diria que a marca é a desigualdade. Estamos falando de aumento quantitativo, mas a desigualdade é persistente”, diz.

Citando dados do estudo anterior que, de acordo com o pesquisador, se mantêm, ele ressaltou que apenas 21,5% dos médicos trabalham exclusivamente no Sistema Único de Saúde (SUS). “Mas 10% deles são médicos residentes que estão quase compulsoriamente porque a formação é no SUS”, acrescentou. Trabalham somente em hospitais e clínicas privadas, 28,3% dos médicos e 50,2% atuam nas duas redes.

Poucas consultas

Essa assimetria se reflete, segundo Scheffer, no acesso efetivo à saúde. A partir da análise das 660 milhões de consultas médicas realizadas em 2019, o estudo aponta que a população brasileira realiza, em média, 3,1 consultas por ano. O valor cai para 2,3 entre os usuários do SUS e fica em 3,3 para quem tem plano de saúde. O índice é menor do que a média dos países da OCDE, de 6,8 consultas por habitante por ano, e de países como Alemanha (9,8) e Canadá (6,6).

“A gente verifica que, apesar de termos um número razoável de médicos, a gente tem um número de consultas completamente inferior ao de outros países que têm número de médicos semelhante ao do Brasil. Isso porque a gente tem essa sobreposição de desigualdades, não é só o caso de uma distribuição regional. Também essa distribuição dos médicos no setor público e no setor privado, com essa consequência dramática de eficiência”, analisa a pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro Ligia Bahia, que também participou do estudo.

Por isso, Ligia Bahia afirma que é necessário expandir a rede SUS como forma de garantir o acesso à saúde. “A gente precisa ter um sistema de saúde muito menos privatizado”, enfatiza.

Políticas de alocação

Scheffer defendeu adoção de políticas, como o programa Mais Médicos, que promovam a redistribuição de profissionais pelo país. Segundo ele, a abertura de cursos de medicina no interior do país não foi suficiente para levar os profissionais para localidades fora dos grandes centros econômicos. “Esse é um exemplo de política que deve continuar, mas considerar também as transformações que estão ocorrendo”, disse.

Para o coordenador do estudo, é preciso ter um planejamento na distribuição dos profissionais pelas diferentes regiões. “Um das questões é justamente qual o perfil do médico, a qualificação e a formação adequada para ocupar esses postos de trabalho onde ainda existe falta de médicos. Nesse sentido, os programas de alocação de médicos são importantes.”

O professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Mário Dal Poz, que também participou da pesquisa, acredita que é necessário identificar os incentivos que farão com que os médicos se fixem, ao menos por parte da carreira, em regiões mais afastadas. “Os médicos reagem a incentivos financeiros e não financeiros como qualquer outro profissional. Então, a questão de oferecer conjuntos adequados de incentivos: remuneração e uma série de outros que podem ser considerados para os lugares que se queira [levar os profissionais]”, diz.

Segundo o especialista, alguns países têm experiências bem-sucedidas nesse sentido, ao estabelecer carreiras para que esses profissionais também atuem em áreas mais remotas. “Como política pública, você tem experiências muito bacanas e que funcionam no Canadá, na Austrália e em vários outros países em que você incentiva esses médicos, cria condições para eles estarem um tempo lá e depois esses médicos evoluem – se casam, têm filhos – e eles têm outras oportunidades para ir para outros lugares”, comentou.

Por: Agência Brasil

Política

Deputada é flagrada fumando vape durante debate sobre saúde no parlamento colombiano

Cathy Juvinao, do Partido da Aliança Verde, foi vista usando o dispositivo durante sessão sobre reforma da saúde; cena inusitada gerou repercussão nas redes sociais

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Cathy Juvinao, do Partido da Aliança Verde

Uma situação inusitada marcou o parlamento colombiano nesta terça-feira (17/12), durante uma sessão que discutia a reforma da saúde no país. A deputada Cathy Juvinao, do Partido da Aliança Verde, foi flagrada fumando um vape enquanto o debate seguia.

O momento ocorreu durante a transmissão ao vivo da reunião, quando as câmeras mostraram a parlamentar dando um trago no dispositivo. Ao perceber que estava sendo filmada, Juvinao tentou disfarçar, escondendo o aparelho, mas a fumaça visível e uma leve engasgada a entregaram.


O episódio rapidamente ganhou as redes sociais, gerando críticas e memes. Em resposta, Cathy Juvinao utilizou sua conta no X (antigo Twitter) para pedir desculpas.

“Peço desculpas aos cidadãos pelo ocorrido no plenário. Não seguirei o mau exemplo que, atualmente, intoxica o discurso público. Garanto que isso não se repetirá”, escreveu a deputada. Ela ainda reforçou seu compromisso em lutar por melhorias no sistema de saúde com seriedade e dedicação.

O incidente chamou atenção pela ironia do momento, já que a pauta em discussão era a saúde pública. Apesar das críticas, a deputada segue participando das discussões no parlamento.

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Saúde

Os benefícios do banho de gelo: como a prática pode transformar sua saúde e performance profissional

Prática milenar se destaca como uma ferramenta eficaz para promover saúde, resiliência e união no ambiente de trabalho

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Imagem - Divulgação

A prática dos banhos de gelo, que tem sido utilizada há séculos em várias culturas, tem ganhado popularidade nos últimos tempos, não apenas como uma forma de melhorar a saúde física, mas também como um método eficaz de bem-estar no ambiente corporativo. Empresas estão começando a adotar essa prática como uma forma de promover a saúde, aumentar a resiliência e até melhorar o trabalho em equipe entre os colaboradores.

Embora a imersão em água fria seja uma prática conhecida desde os tempos romanos, com exemplos em tribos indígenas norte-americanas e nações nórdicas, foi no cenário moderno que a técnica ganhou força, especialmente com a contribuição de Wim Hof, conhecido como “O Homem de Gelo”. Ele popularizou a combinação de exercícios respiratórios e exposição ao frio para melhorar a resistência a temperaturas extremas. Contudo, estudos recentes não comprovaram benefícios significativos dessa técnica para parâmetros cardíacos ou psicológicos, o que levanta questões sobre sua eficácia.

No entanto, a imersão em água fria continua a ser considerada benéfica, com diversas pesquisas apontando que ela pode ajudar na redução de inflamações, acelerar a recuperação física e aumentar a clareza mental e a resiliência emocional. Alguns estudos ainda sugerem que ela tem efeitos positivos no humor e no alívio do estresse. A chave, no entanto, é a prática regular, com banhos de gelo realizados por cerca de 15 minutos em água a 15°C, sempre sob orientação médica.

O mercado de banhos de gelo, que já é um grande sucesso em países como os Estados Unidos, está em crescimento, com previsão de alcançar US$ 500 milhões até 2030. Esse fenômeno é impulsionado pela crescente consciência sobre práticas alternativas de saúde, especialmente no setor corporativo. Empresas estão utilizando essas terapias para melhorar a coesão entre equipes e fortalecer a cultura organizacional. A Ice Barrel, por exemplo, promove o uso dos banhos de gelo para melhorar o trabalho em equipe e ajudar a construir resiliência nas empresas.

Além disso, a prática tem se tornado cada vez mais acessível, com várias opções no mercado para quem deseja incorporar os banhos de gelo em sua rotina, seja em academias, clínicas de bem-estar ou até mesmo em eventos corporativos de integração. Incorporar os banhos de gelo nas rotinas de bem-estar corporativo pode promover uma maior união entre as equipes e um ambiente de trabalho mais saudável e positivo, com maior clareza mental e disposição para enfrentar os desafios diários.

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Saúde

Estudo que popularizou uso de cloroquina contra Covid-19 é retirado de publicação

Após questões éticas e preocupações levantadas pelos próprios autores, artigo que defendeu o uso do medicamento é “despublicado” pelo periódico científico

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O estudo que ajudou a popularizar o uso de hidroxicloroquina e azitromicina como tratamento para a Covid-19 foi retirado de publicação pelo periódico International Journal of Antimicrobial Agents. A decisão veio após uma série de questões éticas e preocupações levantadas por três dos próprios autores do artigo.

Originalmente indicada para o tratamento de doenças como malária, lúpus e artrite, a hidroxicloroquina foi sugerida como tratamento para a Covid-19 em um artigo publicado em julho de 2020. Desde então, seu uso “off-label” (fora das indicações oficiais) passou a ser adotado por médicos, incluindo no Brasil. No entanto, a recomendação gerou divisão entre profissionais da saúde em vários países, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) nunca autorizou o uso da substância no tratamento da doença. Estudos subsequentes indicaram que o medicamento poderia causar efeitos colaterais no coração e fígado.

A Elsevier, empresa responsável pela publicação, divulgou uma nota explicando os motivos que levaram à retirada do artigo. Entre as preocupações estavam a aderência às políticas éticas da publicação, a conduta de pesquisas com participantes humanos e as dúvidas de três dos próprios autores sobre a metodologia e as conclusões do estudo.

Uma investigação conduzida em colaboração com a Sociedade Internacional de Quimioterapia Antimicrobiana e orientada por um especialista imparcial revelou falhas significativas. O periódico não conseguiu confirmar se os pacientes foram recrutados antes da aprovação ética do estudo, nem se o consentimento informado para o uso de azitromicina foi adequado. Além disso, o estudo não foi considerado válido, pois a azitromicina não era considerada tratamento padrão na época.

Os autores que manifestaram suas preocupações sobre o artigo, Dr. Johan Courjon, Prof. Valérie Giordanengo e Dr. Stéphane Honoré, solicitaram que seus nomes fossem removidos da publicação.

A retratação de um artigo científico é um procedimento formal que ocorre quando um estudo contém erros substanciais, má conduta científica ou dados imprecisos. A partir da retratação, o artigo é marcado com a palavra “retracted” para alertar os leitores sobre a sua falta de confiabilidade.

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