Uma máscara africana que estava esquecida em um armário de uma casa de veraneio na cidade de Alès, no sul da França, revelou-se uma obra de arte rara e valiosa, que foi leiloada por 4,2 milhões de euros (cerca de R$ 22 milhões), segundo a BBC. O casal de idosos que era dono da casa não tinha ideia da origem e do valor da peça, e a vendeu a um comerciante local por apenas 130 euros (R$ 750).
A máscara foi feita pelo povo fang do Gabão no século 19, e era um símbolo de uma sociedade secreta encarregada de combater a feitiçaria e os males da comunidade. A peça é feita de madeira, tem cerca de 55 centímetros de altura, e representa a figura humana com traços estilizados e expressivos.
A casa onde a máscara estava guardada pertencia a um antigo administrador colonial francês, René-Victor Fournier, que teria adquirido a peça em uma de suas viagens à África por volta de 1917. Fournier trabalhou em Dakar e no Congo, e a máscara é uma das dez obras-primas do povo fang, mais rara do que uma pintura de Leonardo da Vinci, segundo um especialista em arte africana.
Seis meses depois de vender a máscara por R$ 750, o casal ficou chocado ao ver a mesma peça sendo anunciada em um catálogo de uma casa de leilões de Montpellier por 300 mil euros (R$ 1,5 milhão). No leilão, a máscara atraiu o interesse de vários colecionadores e museus, e alcançou um preço recorde de 4,2 milhões de euros.
O casal então entrou na Justiça contra o comerciante que comprou a máscara por R$ 750, alegando que ele agiu de má-fé e se aproveitou da ignorância deles. O comerciante, por sua vez, afirmou que ele também não tinha conhecimento da raridade da peça, e que foi surpreendido pelo valor alcançado no leilão. A primeira audiência do processo ocorreu na terça-feira (31), mas pode ser suspensa por uma intervenção do governo do Gabão.
O Gabão reivindica a propriedade da máscara, argumentando que ela foi roubada de seu território durante o período colonial, e que deve ser devolvida ao país como parte de sua herança cultural. O governo gabonês pediu à Justiça francesa que suspenda o caso até que se esclareça a origem e a legalidade da peça.