Foi divulgado na quarta-feira (8), as novas datas de realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Segundo o Ministério da Educação (MEC), as provas do exame estão marcadas para os dias 17 e 24 de janeiro de 2021, sendo esta data para a avaliação impressa e 31/01 e 7/02, para a prova na sua versão digital.
O órgão informou também as datas de reaplicação do Enem digital, 24 e 25 de fevereiro, para os candidatos que foram afetados por eventuais problemas de estrutura no dia de aplicação da prova, como falta de luz e outras adversidades. A expectativa é de que em 2026 o Enem seja todo digital. Quanto a liberação dos resultados, este está previsto para o dia 29 de março.
Segundo o secretário-executivo do MEC, Antônio Paulo Vogel, foram realizadas diversas reuniões para chegar em um consenso. “Semana passada realizamos os diálogos com as secretarias estaduais, conversamos com as entidades representativas. Essa decisão não é perfeita para todos, tentamos buscar uma solução técnica”, destacou Vogel.
Votação dos candidatos
Com o aumento dos casos do novo coronavírus no país e a pedido de milhares de candidatos, o MEC se viu obrigado a realizar o adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020.
Para definir as novas datas de aplicação do Exame, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), ligado ao Ministério da Educação (MEC), abriu no dia 20 de junho uma enquete para que os 5,8 milhões de inscritos no Enem escolhessem as novas datas de aplicação do Exame. O período destinado à votação foi encerrado no dia 30 de junho.
Segundo o Inep, os inscritos poderiam escolher os seguintes dias:
Enem impresso
- 6 e 13 de dezembro de 2020;
- 10 e 17 de janeiro de 2021;
- 2 e 9 de maio de 2021.
Enem digital
- 10 e 17 de janeiro de 2021;
- 24 e 31 de janeiro de 2021;
- 16 e 23 de maio de 2021.
Apesar da quantidade de alunos inscritos no Exame, apenas 19% dos candidatos participaram da enquete. Ainda que o número de participantes da votação tenha sido pequeno, cerca de 50% dos alunos optaram pelas datas 2 e 9 de maio de 2021.
No entanto, o Inep em conjunto com o MEC, não acatou a decisão dos estudantes. De acordo com o secretário-executivo, “se a prova fosse marcada para maio, o semestre letivo seria perdido”. Segundo o portal Metropoles, o Inep informou que a enquete era apenas uma forma de consultar os interesses dos milhares de estudantes inscritos no Enem.
“A enquete não seria o único parâmetro. Foi muito importante ouvir os secretários e as instituições de ensino superior. A enquete diz que mais da metade dos alunos falaram em dezembro e janeiro”, disse o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, na coletiva realizada na quarta-feira (8).
Medidas de segurança
Devido aos impactos causados pelo COVID-19. Todos os estudantes que realizarão o Enem em 2021, deverão respeitar e seguir algumas normas sanitárias para evitar a contaminação e propagação do novo coronavírus. Os candidatos terão de fazer uso de máscara e álcool em gel durante a prova, além de respeitar a medida adotada pelo governo do distanciamento de um metro entre cada candidato. Por causa da pandemia, o governo irá gastar 70 milhões a mais na aplicação do Exame.
Indignação
Em nota conjunta, a União Nacional dos Estudantes (UNE) a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e a Associação Nacional dos Pós-graduandos (ANPG), não aprovaram a escolha das datas definidas para realização do Enem. Na opinião das entidades estudantis, as datas escolhidas não foram definidas pela enquete disponibilizada para os estudantes. “Demonstra que não existe um diálogo verdadeiramente democrático com os estudantes”.
Veja a nota oficial das entidades estudantis.
“Nesta quarta, 8 de julho, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) apresentou dados sobre o ENEM. Entre eles, a informação de que a cada quatro candidatos, três têm dificuldades com a internet. Alertamos desde o início de nossa mobilização pelo adiamento da prova que a exclusão digital é um dos problemas que os estudantes brasileiros enfrentam nesse momento de pandemia. Por isso, questionamos a enquete realizada com datas sem critérios e a falta de soluções, por parte do governo, para as dificuldades apresentadas.
Agora, a data escolhida pelos poucos estudantes que conseguiram votar não foi levada em conta. A escolha feita pelo Ministério da Educação, de realizar a prova nos dias 17 e 24 de janeiro, demonstra que não existe um diálogo verdadeiramente democrático com os estudantes, profissionais da educação e saúde. Durante o período em que foi realizada uma consulta cujo resultado não foi levado em consideração, o diálogo aberto com todos os segmentos poderia nos ter apresentado a saída. Vamos continuar lutando, além de recorrer por todos meios cabíveis, para que haja a formação de uma Comissão de Crise para discussão das novas datas, que envolva não só Reitores e Secretários de Educação, mas também representação de estudantes, professores e outros especialistas em educação e em saúde.
Enquanto estudantes brasileiros continuam aflitos, o Ministério da Educação permanece sem ministro, o que nos preocupa ainda mais sobre a decisão das datas. Para que possamos superar a pandemia causada pelo novo coronavírus, a educação precisa estar no debate central. É dela que saem as pesquisas e é por meio dela que transformamos vidas. Estamos falando sobre o futuro de milhões de jovens brasileiros e, por isso, é preciso ter responsabilidade!
UNE – União Nacional dos Estudantes ; UBES – União Brasileira dos Estudantes Secundaristas
ANPG – Associação Nacional dos Pós-graduandos.
Por Willian Netto – Edu Notícias