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The Old Guard

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Foto: Divulgação / Netflix

Mad Max: Estrada da Fúria e Atômica são dois exemplos de filmes protagonizados por Charlize Theron que possuem ação para dar e vender, mas que ao mesmo tempo estão apoiados por um roteiro que justifica as ações e motivações dos personagens. De tal forma, estes filmes não fazem com que a narrativa fique amparada apenas pela violência, chegando a ir além da capacidade de impactar visualmente para deixar uma mensagem consolidada.

Em The Old Guard, no entanto, isso não chega a acontecer. O roteiro do filme dirigido por Gina Prince-Bythewood centra-se muito no impacto visual que a história em quadrinhos explora (algo claramente importante na composição do enredo), mas ao mesmo tempo o cenário total falha em entregar mais complexidade à história. E isso acontece especialmente quando o espectador passa a conhecer algumas informações sobre o background dos três personagens que atuam ao lado de Theron (mais uma vez dedicada em seu papel de líder). Ao mesmo tempo em que sabemos o que eles são, a explicação de suas origens são deixadas de lado. E isso faz falta para compreendermos tudo claramente.

Imortais há centenas de anos, o time de Andy (Theron) é forte, corajoso e não mede esforços para obter sucesso em suas missões secretas para salvar pessoas em perigo. Fica claro deste o início que Andy e seus parceiros, viajantes do mundo, querem se manter nas sombras e têm medo do que uma exposição maior poderia fazer com suas vidas. A premissa é instigante, uma vez que estes personagens já viveram em séculos tão longínquos e possuem experiências das mais diversas – em certo ponto, há até uma piada envolvendo Rodin.

HISTÓRIA SUPERFICIAL e AÇÃO DESENFREADA

Porém, The Old Guard acaba por ter sua essência resumida a uma dezena de cenas com batalhas e sangue. Não importando a época, o quarteto é retratado como um grupo de seres sobrenaturais e meras cobaias de laboratório em cenas do presente ou flashbacks – nunca como pessoas multifacetadas e movidas por outro desejo a não ser o de permanecer anônimos. E outros personagens, como o de Chiwetel Ejiofor, possuem razões interessantes para estarem ali, mas só aparecem quando mais convém.

Tal característica tira boa parte do dinamismo do filme, pois não há viradas narrativas consistentes nas vidas dos personagens que demonstrem motivações fortes o suficiente. O que acompanhamos é mais um capítulo de suas histórias, mas como se preocupar ou temer por eles quando todos são apresentados de maneira superficial?

Quando uma nova imortal aparece nos sonhos de Andy e cia, o filme adiciona mais uma pergunta que, além de não garantir uma boa resposta, torna-se um tanto irrelevante ao longo dos eventos narrados: Afinal, ser imortal justifica o esquecimento de sua vida prévia? E ela leva a outras. É realmente preciso deixar sua família para viver uma rotina de guerra? Por que lutar ao lado de pessoas que você mal conhece? Esta última pergunta nunca é respondida de fato, porque a jovem Nile (KiKi Layne) tampouco ganha um tratamento profundo para que o espectador compreenda suas razões para ficar.

The Old Guard é um exemplar do cinema de ação que peca por não trabalhar melhor algumas reflexões que estão lá, servindo somente como mero artifício de segundo plano. O forçado vilão mostra que toda a complexidade envolvendo a existência do imortais é reduzida a uma chance de a população mundial encontrar uma vida mais longa – tudo em troca de lucro e realização pessoal. Os heróis escondidos são aqueles que possuem uma bússola moral mais acertada, mas é uma pena que suas histórias sejam contadas de forma apressada, sem mais capricho. Afinal, como o desfecho deixa bem claro, a produção já foi pensada para ganhar uma continuação desde o princípio.

Por Barbara Demerov – AdoroCinema

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