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Educação

Escolas públicas têm R$ 3 milhões para projetos de inovação

Programa-piloto foi implantado em agosto de 2021 em quatro centros de ensino; cada unidade será beneficiada com investimentos na infraestrutura

Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

Quatro centros de ensino da rede pública fazem parte do projeto-piloto Escolas Inovadoras, promovido pela Fundação de Apoio à Pesquisa e Inovação do Distrito Federal (FAPDF) em parceria com a Secretaria de Educação (SEE). Iniciado em agosto de 2021, o programa, que conta com  investimento de cerca de R$ 3 milhões para cada instituição, consiste na inserção de quatro organizações da sociedade civil (OSCs) nas unidades de ensino para levar melhorias estruturais e pedagógicas.

Josália Miquett, do CEF 5 de Taguatinga: “É uma iniciativa que trabalha o empoderamento pessoal, a visão de futuro, o viver em sociedade e o relacionamento familiar” | Fotos: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

“O objetivo é ser uma cocriação de inovação e tecnologia dentro das escolas do Distrito Federal oferecendo capacitação de professores, melhorias nas escolas e compra de materiais; por enquanto, é um projeto-piloto”, revela a coordenadora científica da FAPDF, Ana Paula Almeida Aragão. “É um projeto que consegue dar aos alunos mais oportunidades de acesso tecnológico e, aos professores, a possibilidade de serem mais capacitados para dar as aulas.”

As escolas beneficiadas pela iniciativa são CEF 5 de Taguatinga, CEF 1 do Planalto (Vila Planalto), CEF 11 de Taguatinga e Escola Técnica de Ceilândia. Uma OSC é responsável pela gestão do programa em cada uma das unidades. De acordo com o edital, o projeto teria duração de 18 meses, mas todos receberam aditivos para que as organizações tivessem mais tempo de operar as demandas das unidades.

Experiência positiva

Com 420 alunos do 6º ao 9º ano, o CEF 5 de Taguatinga é uma das escolas públicas em que o projeto tem feito a diferença. Desde a chegada da Agência de Transformação Social (Iecap), OSC responsável pelo projeto, a unidade ganhou equipamentos, passou por reformas, capacitou professores e ofereceu cursos para os alunos.

“Para nós foi um ganho muito grande em equipamentos e estrutura”, avalia a diretora do CEF 5 de Taguatinga, Josália Luso Miquett. “Nós agora temos datashow em todas as dez salas. O projeto cedeu oito aparelhos, e nós já tínhamos dois. Também ganhamos notebook para os professores usarem na escola e 50 tablets para os alunos.”

O laboratório de geobiologia passou por reforma, com a repaginação das bancadas e a troca do piso. As salas de informática, coordenação, recursos humanos e multiúso tiveram as paredes recuperadas e pintadas. Na biblioteca, foram substituídas as estantes e adquiridas mesas e cadeiras. A cantina também ganhou novo mobiliário, enquanto o espaço de convivência teve o piso alterado e recebeu uma arquibancada.

Há seis anos na escola, a professora Renata Santana Machado é hoje a responsável pela biblioteca. “Eram estantes de ferro que já estavam enferrujadas”, lembra, mostrando o equipamento atual, feito em MDF. “Era muito ruim para manusear os livros. Agora é mais tranquilo. Ficou muito bom”.

O local ganhou mais espaço, o que possibilitará a realização de projetos como o Conversa Literária, sobre o qual a professora Renata adianta: “Será um debate sobre um livro a ser definido com os alunos. Como antes era apertado, não dava para fazer um projeto desse. Com as mesas e cadeiras, vai ficar mais fácil e de fato vamos começar a utilizar o espaço para além de emprestar os livros”.

Novo prédio

Atualmente, um novo prédio está sendo construído para abrigar a Escola da Família, espaço de atividades diversificadas e cursos de qualificação e capacitação profissionais gratuitos para pais e destinados à comunidade. Haverá uma cozinha experimental, duas salas móveis e duas salas no subsolo para atendimento psicopedagógico, além de um banheiro com acessibilidade.

A diretora comemora: “Esse é um ganho bem expressivo, porque a nossa escola tem um espaço físico muito grande. Nesse sentido, está sendo bem valoroso, porque será um espaço para atender a comunidade com oficinas”.

Coordenador do projeto na Iecap, Dário Aguirre ressalta: “Conseguimos respeitar a cultura da escola e gerar soluções para dentro da escola”

Pedagogicamente, a escola conta com capacitações voltadas para os professores e um novo programa para os estudantes, o projeto Eu Lidero. “Esse é um projeto que vai ficar após a saída da OSC”, comenta Josália. “Eles formaram nossos professores para trabalharem com os alunos. É uma iniciativa que trabalha o empoderamento pessoal, a visão de futuro, o viver em sociedade e o relacionamento familiar”.

O coordenador-geral do projeto da Iecap, Dário Aguirre, reforça que a organização se empenha, desde o início, em uma atuação que possa ser replicável na rede. “Estamos construindo juntos”, pontua. “Existe uma possibilidade muito grande de esse projeto efetivamente emplacar em outras escolas, porque conseguimos respeitar a cultura da escola e gerar soluções para dentro da escola”.

Por: Agência Brasília

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Educação

Questões de concurso da prefeitura de Macaé são anuladas após denúncias de conteúdo machista

A Fundação Getulio Vargas, responsável pela prova, afirmou que as perguntas não estavam alinhadas aos seus princípios.

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Foto:Reprodução

Duas perguntas da prova do concurso público para o cargo de professor da Prefeitura de Macaé, no Rio de Janeiro, foram anuladas após serem denunciadas por conteúdo machista. As questões geraram indignação entre os candidatos que realizaram o exame no último domingo (13/10).

Após a apresentação de recursos, a banca responsável, a Fundação Getulio Vargas (FGV), decidiu anular as perguntas que faziam parte da prova de Língua Portuguesa. As frases consideradas problemáticas incluíam afirmações estereotipadas sobre o comportamento das mulheres.

Uma das questões pedia que os candidatos identificassem qual alternativa “não criticava o fato de a mulher falar demais”, com respostas que incluíam frases como “A língua da mulher não cala nem depois de cortada” e “Há mil invenções para fazer as mulheres falarem, e nem uma só para as fazer calar”. Já outra questão apresentava comparações ofensivas, como “A mulher é como um defeito de natureza” e “as mulheres são como robôs: têm no cérebro uma célula de menos e, no coração, uma célula a mais”.

Em nota, a Prefeitura de Macaé condenou o conteúdo das questões, classificando-o como “ofensivo”. A FGV, por sua vez, declarou que as perguntas não estavam “alinhadas aos princípios da Fundação” e garantiu que a anulação não prejudicará os candidatos, já que a pontuação correspondente será atribuída a todos os participantes.

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Educação

Após ser exposto por Pablo Marçal, menino é agredido na escola e mãe teme pela segurança

”Mãe, sabia que eu estava muito feliz quando vi o Marçal? Mas pensei que ele não ia falar para todo mundo que eu não sei ler, não sei escrever”

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(Foto: Reprodução/Metrópoles)

O caso do menino de 11 anos, exposto nas redes sociais por Pablo Marçal, ex-candidato à Prefeitura de São Paulo, ganhou contornos trágicos após ele ser agredido na escola nesta terça-feira, 8 de outubro.

Em um vídeo que circulou, o garoto, que está no 7º ano, relatou ter sido chamado de “analfabeto” por um aluno mais velho, do 9º ano. Ao se defender do insulto, ele recebeu um soco no rosto. As declarações de Marçal, que provocaram bullying entre os colegas, resultaram em um ambiente hostil para o menino, que agora é alvo de xingamentos como “burro”.

A mãe do garoto, Rosana, relatou que a vergonha gerada pela situação fez com que ela enviasse o filho à escola apenas duas vezes desde o ocorrido. Na primeira vez, tudo correu bem, mas a experiência recente levantou preocupações sobre sua segurança. A escola informou que o aluno agressor foi suspenso até o dia 21 de outubro, mas Rosana ainda não fez um boletim de ocorrência na Polícia Civil.

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Educação (SME), manifestou repúdio a qualquer ato de violência, afirmando que ambos os estudantes receberam acolhimento e que seus responsáveis foram convocados. O Núcleo de Apoio e Acompanhamento para a Aprendizagem (NAAPA), que conta com psicólogos e psicopedagogos, está acompanhando o caso. A escola, EMEF Marili Dias, se comprometeu a reforçar a cultura de paz por meio de atividades diárias e rodas de conversa.

A situação é especialmente angustiante para Rosana, que trabalha como motorista de aplicativo e teme pela segurança do filho: “É capaz de meu filho morrer na escola”, desabafou. A mãe lamentou a nova realidade que sua família enfrenta, afirmando que até mesmo seu filho mais velho está sofrendo as consequências das agressões direcionadas ao irmão.

Contexto do Caso

O episódio começou em 25 de setembro, quando Pablo Marçal expôs o menino em um vídeo, expressando sua indignação por ele não conseguir escrever corretamente. Durante uma atividade de campanha na zona norte de São Paulo, Marçal pediu que os meninos presentes assinassem seu gesso, resultante de um incidente em um debate. Ao solicitar que o garoto escrevesse o nome do bairro, Morro Doce, o menino demonstrou dificuldade, e Marçal compartilhou a cena como um exemplo do “péssimo ensino no Brasil”.

Segundo o advogado da família, Vlademir da Mata Bezerra, a criança possui diagnóstico de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e está sob acompanhamento psicológico, além de aguardar avaliação para um possível diagnóstico de autismo.

Os vídeos e declarações de Marçal geraram um forte impacto na comunidade, e o garoto relatou em um áudio enviado à mãe que está muito triste.

Mãe, sabia que eu estava muito feliz quando vi o Marçal? Mas pensei que ele não ia falar para todo mundo que eu não sei ler, não sei escrever. Agora, toda hora que vou à rua, tem um monte de gente me chamando de analfabeto”, desabafou, emocionado.

Diante da situação, a família está sendo orientada a procurar o Conselho Tutelar, além de considerar uma ação de indenização por danos morais contra Marçal. Até o fechamento desta matéria, a campanha do ex-candidato não havia se pronunciado sobre o ocorrido.

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Educação

Sem celular na escola: alunos relatam melhora no desempenho e socialização

Com a proposta do Ministério da Educação para banir smartphones nas instituições de ensino, g1 investiga colégios que já adotaram a regra

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À medida que a proposta do MEC avança, as experiências de escolas que já implementaram a proibição

Em um cenário em que a tecnologia se tornou onipresente, a decisão de proibir o uso de celulares nas escolas está gerando um intenso debate. O Ministério da Educação (MEC) anunciou um projeto de lei que visa vetar smartphones em todas as instituições de ensino do Brasil. O g1 visitou três colégios que já implementaram essa regra, onde os aparelhos são mantidos fora do alcance dos alunos, até mesmo durante o recreio.

Desafios Iniciais e Adaptação

A transição não foi fácil. Os alunos relataram que as primeiras semanas após a proibição foram “um pesadelo”. “Sentimos como se estivéssemos passando por crises de abstinência”, afirmou Leo Gerchfeld, estudante do 2º ano do ensino médio na escola Alef Peretz, em São Paulo. Durante esse período, houve desespero e tentativas de burlas à regra, como o uso de celulares antigos escondidos em pochetes magnéticas, criadas pela instituição para manter os aparelhos sob controle.

Maristela Costa, professora de português na Alef Peretz, comparou a situação a “sair de um vício”. Após algumas semanas, no entanto, a maioria dos alunos se adaptou e começou a se concentrar mais nas aulas. “Os menores reaprenderam a brincar e os adolescentes trocaram os chats de WhatsApp por atividades esportivas e interações presenciais”, completou.

Impacto no Desempenho Acadêmico e nas Relações Sociais

A proibição dos celulares também trouxe benefícios. Segundo dados do Comitê Gestor da Internet no Brasil, 28% das escolas urbanas e rurais já tinham implementado restrições severas antes do anúncio do MEC. Com a ausência dos smartphones, os alunos demonstraram uma melhora significativa nas notas e nas relações interpessoais. “Estamos vendo um aumento na socialização, que se reflete na convivência e no desempenho acadêmico”, disse Antonio Arruda, coordenador da Alef Peretz.

Na Escola Tarsila do Amaral, que atende crianças da educação infantil e do ensino fundamental, a restrição se estendeu até os mais jovens. A coordenadora Patrícia Bignardi explicou que, em casos de dependência tecnológica, foi necessário um processo de “desmame” para ajudar os alunos a se adaptarem a um cotidiano sem telas.

Mudanças de Comportamento nas Crianças

No dia a dia, os alunos revelaram que a falta de celulares incentivou brincadeiras mais criativas e interação entre colegas. “Adoramos brincar juntas, e não sentimos falta dos aparelhos”, disse Clara Lemos, aluna da educação infantil. Embora alguns alunos expressem a vontade de ter um celular, a maioria parece aproveitar a liberdade de um ambiente escolar livre de distrações digitais.

Para os adolescentes, a dinâmica do intervalo mudou drasticamente. “No começo foi difícil, mas agora as conversas cara a cara e a prática de esportes se tornaram muito mais comuns”, comentou Clara Wroclawski, aluna do ensino médio. A interação social ganhou novo fôlego, e muitos estudantes agora se sentem mais próximos uns dos outros.

À medida que a proposta do MEC avança, as experiências de escolas que já implementaram a proibição podem servir de guia para outras instituições. Os resultados positivos em termos de desempenho acadêmico, socialização e bem-estar emocional dos alunos reforçam a importância de encontrar um equilíbrio saudável entre tecnologia e aprendizado.

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