Conheça os benefícios da Integração Sensorial para o desenvolvimento pleno da criança
Especialidade da terapia ocupacional, a Integração Sensorial (IS) busca dar condições para a independência e autonomia de crianças com dificuldades de desenvolvimento e aprendizagem
É por meio das mais diversas experiências sensoriais e da exploração do mundo que a criança aprende e desenvolve suas habilidades. Para os terapeutas ocupacionais, esse processo é denominado Integração Sensorial (IS). O termo também representa uma especialidade da Terapia Ocupacional, com mais de 40 anos de história, que pode auxiliar crianças em idade escolar a se desenvolverem de forma plena.
“Brincando, explorando, organizando sensações e transformando-as em habilidades, a criança experimenta o ambiente. No futuro, essas habilidades serão aprimoradas e a criança vai desempenhar suas atividades com a maior independência e funcionalidade possível”, explica a doutora Lara Liege, especialista em neuroaprendizagem e certificada em IS pela University of Southern Califórnia.
Mas, muitas vezes, esse processo natural é interrompido. A criança, por exemplo, tem atraso na fala, não consegue pisar na grama, tem intolerância a certas texturas, não gosta de se molhar, é desastrada, desatenta, busca muito o som ou tem dificuldade de aceitar sons, faz movimentos inadequados para cada momento. Surge aí o alerta.
A terapeuta ocupacional explica que, nos dias de hoje, as famílias até percebem algum atraso no desenvolvimento das crianças, mas não entendem a complexidade da situação, nem sabem como agir. Por isso, é necessário o trabalho conjunto de uma equipe multidisciplinar que identifique esses sinais e inicie um acompanhamento.
“Um exemplo clássico é o do atraso de fala. Não é somente isso, é um conjunto. Por isso a importância de intervir de maneira interdisciplinar, com terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, psicólogo, e verificar todos os aspectos. Um problema de fala pode ter base sensorial e representa um alerta. Pode vir em conjunto com outras dificuldades cognitivas, motoras, de âmbito social”, analisa a doutora.
Benefícios da Integração Sensorial
Por meio da IS, a criança irá organizar as sensações do próprio corpo e do ambiente onde se encontra para fazer uso efetivo e autônomo desse corpo nos mais variados ambientes, reagindo da forma esperada em cada situação no futuro.
Como explica a doutora Lara Liege, o objetivo é dar autonomia, independência e condições para que a criança possa interagir com o outro da melhor maneira possível, de acordo com sua faixa etária.
O papel da família é essencial nesse processo. “Pais, não deixem passar certas queixas. Ao observar qualquer coisa que fuja do esperado, comuniquem o médico que acompanha a criança e a leve ao profissional capacitado. Com uma avaliação bem-feita, um olhar clínico voltado às individualidades, pensando em todas as necessidades da criança, teremos excelentes resultados”, declara.
Toda criança em idade escolar com dificuldades de desenvolvimento e de aprendizagem, incluindo autismo, deficiências, condições de risco do desenvolvimento, distúrbios de atenção e dispraxia podem se beneficiar da Integração Sensorial.
Segundo a doutora, a IS é voltada, principalmente, para crianças em idade escolar, desde bem pequenas, com 1 ano de idade, mas não exclui o público de outras idades.
Este tipo de trabalho é feito no Instituto de Medicina e Psicologias integradas (IMPI), que tem hoje três unidades em Brasília e conta com 50 profissionais de diversas áreas, incluindo: Psiquiatria, Psicomotricidade, Psicologia, Psicopedagogia, Fonoaudiologia, Geriatria, Terapia Ocupacional e Nutrição.
O Instituto presta serviços há 20 anos e tem como missão oferecer serviços e atendimentos de saúde mental com excelência, ser referência em saúde mental com credibilidade, humanização, ética, integridade, inovação, responsabilidade socioambiental e, acima de tudo, compromisso com o paciente.
Estrutura completa
No IMPI, há uma sala específica para a prática da Integração Sensorial, onde é feita a primeira avaliação do paciente. “O espaço é composto por equipamentos suspensos, lycra, rolo, equipamentos de solo, piscinas de bolinhas, texturas, recursos terapêuticos e atividades lúdicas que norteiam a criança para intervenção”, detalha a doutora Lara Lierge.
“Uma avaliação minuciosa é fundamental para determinar se um problema de processamento sensorial é um fator no desenvolvimento da criança e, em caso afirmativo, definir quais as estratégias de intervenção que mais irão ajudar a criança e sua família”, comenta.
A criança é quem norteia a terapia, explora o ambiente e busca qual aparelho mais vai usar, de acordo com suas necessidades. “O terapeuta vai observar e só depois intervir, trabalhar em conjunto, traçar metas para obter respostas adaptativas. Isso fará com que a criança se torne mais hábil e desempenhe suas tarefas no dia a dia”, conta.
Além da observação clínica, o terapeuta ocupacional irá entrevistar os pais para saber do desempenho nas atividades, tanto sociais, como escolares.
Eventualmente, entrará em contato com professores e com a escola e fará testes específicos para determinadas áreas para identificar qual transtorno ela possui. A partir dessas informações, traçará metas e iniciará o plano terapêutico.
Segundo a doutora, é essencial manter a criança motivada e engajada na terapia para que, no final de tudo, ela alcance seus objetivos e melhore em todos os aspectos de sua vida. “A terapia ocupacional é muito ampla e a Integração Social é apenas uma parte deste universo. O IMPI atende a um público bem vasto na cidade e temos tido respostas muito positivas”, conclui.
Confira a entrevista completa com a doutora Lara Liege, no canal de Youtube do O Panorama, clicando aqui.
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