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Brasil

Fundação conclui obras para reparar danos de rompimento de barragem

Ações vão melhorar qualidade da água do Rio Doce

Foto: Divulgação/Fundação Renova

As obras de esgotamento sanitário com recursos compensatórios da Fundação Renova, responsável pelo processo de reparação dos danos causados pelo rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana (MG), foram concluídas em três dos 39 municípios do estado e no Espírito Santo, que sofreram impacto do desastre ambiental na Bacia do Rio Doce. A barragem se rompeu em 5 de novembro de 2015 e provocou a morte de 19 pessoas.

Os primeiros a terminarem as obras são os municípios de São José do Goiabal e Sem Peixe, em Minas Gerais, e Colatina, no Espírito Santo. De acordo com a Fundação Renova, o investimento, de R$ 8,6 milhões, faz parte de um total de cerca de R$ 600 milhões que serão aplicados nos projetos e obras de esgotamento sanitário e destinação de resíduos sólidos nos municípios atingidos pelo rompimento. Ações vão contribuir para melhorar a qualidade da água da Bacia do Rio Doce.

O gerente de Engenharia da Fundação Renova, Christiano Barros, informou que as obras concluídas vão beneficiar 132,4 mil pessoas e que 6,6 milhões de litros de esgoto sanitário deixarão de ser jogados por dia no rio. Ele afirmou que não tem a menor dúvida de que, ao término desse trabalho nos 39 municípios, a revitalização do Rio Doce trará ótimos resultados para eles. “A qualidade da água vai melhorar absurdamente”, disse em entrevista à Agência Brasil.

As obras, financiadas pela Renova, começaram em São José do Goiabal, em abril de 2019. Conforme a fundação, além de redes coletoras, elas incluíram interceptores, a execução de uma nova estação elevatória de esgoto e melhorias na estação final. As comunidades de Biboca, Patrimônio, Lagoa das Palmeiras, Messias Gomes e Isidoro foram beneficiadas com projetos de sistemas de esgotamento sanitário feitos com os recursos do programa.

A Renova revelou que até dezembro de 2020 foram repassados ao município cerca de R$ 4,6 milhões, e que o sistema de esgotamento poderá beneficiar diretamente até 5 mil moradores na sede da cidade. A obra contou ainda com recursos de outras fontes para a execução da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) e de interceptores.

Antes, o esgoto gerado em São José do Goiabal era lançado in natura em pontos distintos de córregos do município, que estão localizados na Bacia do Rio Doce. Mesmo com a rede coletora e interceptores implantados na sede, esses dispositivos apresentavam problemas operacionais que necessitavam de reparos e até mesmo de substituição em sua maior extensão. O sistema contava ainda com duas estações elevatórias e uma ETE que não funcionava e tinha dimensões abaixo da capacidade para atender à vazão do projeto.

No município de Sem Peixe, conforme a fundação, foram aplicados mais de R$ 2 milhões, dos recursos que tinham sido previstos para redes coletoras, no sistema de esgotamento sanitário da sede e em projetos no distrito de São Bartolomeu, vilarejo de São Paulino e toda a zona rural. O projeto prevê atendimento de 100% da população da sede.

Em Colatina, no Espírito Santo, foram concluídas as obras de construção da Estação de Tratamento de Esgoto no bairro Barbados (ETE Barbados). Lá, o projeto de saneamento beneficiará mais de 125 mil habitantes e teve investimentos de aproximadamente R$ 2 milhões. Com a ETE, o esgoto doméstico do município passará por processos de tratamento antes de retornar ao meio ambiente. A estimativa é de que a estação seja responsável pelo atendimento de 97,39% da população urbana na sede do município.

Operação assistida

Lei do Saneamento de 2007 determina que cabe ao município o planejamento, licitações e implantação de obras no setor. Por isso, após a conclusão das obras, os municípios passam para a etapa de operação assistida, que é a última do processo. Segundo o gerente, esse período leva seis meses. Nela, o sistema é operado pela administração municipal em conjunto com a empresa responsável pela execução. A intenção é verificar todo o funcionamento da infraestrutura, incluindo a realização de testes e ajustes. São José do Goiabal avançou para essa fase em fevereiro deste ano.

Obras de recuperação da Bacia do Rio Doce

Obras de recuperação da Bacia do Rio Doce – Divulgação /Fundação Renova

Em Colatina, o município aguarda licença, a ser concedida pelo Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo (Iema), para iniciar a operação da Estação de Tratamento. Em Sem Peixe, a próxima fase do sistema de esgotamento sanitário da sede do município será a operação assistida da Estação de Tratamento de Esgoto.

Os recursos nesta etapa serão custeados pelo Programa de Saneamento da Fundação Renova. Depois da fase de operação assistida, a empresa que venceu a licitação assume a operação do sistema. “O município deixa de ser operador e passa a ser uma espécie de cliente da empresa que faz a concessão. É uma atividade que precisa de profissionais especializados, e a prefeitura passa atuar na parte dela que é de administração pública”. A operação passa a ser custeada pela concessionária.

Pandemia

Nos municípios de Ipatinga, Rio Casca, Córrego Novo, Rio Doce e Dionísio, em Minas Gerais, e Linhares, no Espírito Santo, as obras no âmbito do Programa de Coleta e Tratamento de Esgoto e Destinação de Resíduos Sólidos estão em andamento. Segundo Christiano Barros, a expectativa era concluir os trabalhos até o fim deste ano, mas a pandemia atrasou os projetos e não é possível determinar se a previsão vai se confirmar.

“Todas as vezes que os números relacionados à pandemia aumentam, por precaução e segurança de todos os profissionais que estão atuando, são tomadas algumas medidas que causam impacto direto. Em alguns municípios as obras chegam a ficar paralisadas por 15 dias e depois retomam muito lentamente, com as pessoas respeitando o distanciamento nos transportes, nos refeitórios, no próprio local de obras, ou seja, esse é um ponto que afeta diretamente os cronogramas”. Ele destacou que com o avanço da vacinação, a influência da pandemia deve se reduzir, de forma que os projetos possam evoluir.

Capacitação

Além da liberação dos recursos, a Fundação Renova precisou fazer a capacitação e o apoio técnico aos servidores dos municípios, como é o caso dos 30 municípios restantes que ainda estão em fase de desenvolvimento dos projetos e, por isso, sofrem menos impacto da pandemia. Conforme o gerente, os quadros das administrações municipais não têm o mesmo nível técnico, por isso foi necessária a habilitação.

Recursos compensatórios

Os recursos da Fundação Renova, de R$ 600 milhões, para os projetos e obras de esgotamento sanitário e destinação de resíduos sólidos nos 39 municípios atingidos pelo rompimento da Barragem do Fundão são repassados por meio do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes).

Barros destacou que as ações do Programa de Saneamento, além do impacto positivo no meio ambiente, contribuem para que os municípios atinjam as metas do novo Marco Legal do Saneamento Básico, sancionado em julho do ano passado pelo governo federal. O marco regulatório prevê a universalização dos serviços de água e esgoto até 2033, garantindo que 99% da população brasileira tenham acesso à água potável e 90% ao tratamento e à coleta de esgoto. “Esses 39 municípios da Bacia do Rio Doce – três já concluídos, seis com obras em andamento e 30 com projetos em andamento – saem na frente”, disse.

Revitalização

A coleta, o tratamento do esgoto e a destinação adequada dos resíduos sólidos são considerados fundamentais para a revitalização do Rio Doce. De acordo com o Comitê da Bacia Hidrográfica (CBH–Doce), 80% do esgoto doméstico gerado pelos municípios ao longo da bacia seguem diretamente para o rio, sem nenhum tratamento, poluindo os cursos d’água. Além disso, grande parte dos resíduos sólidos urbanos coletados é disposta em lixões, causando impactos ambientais, como a proliferação de vetores, poluição visual, alteração da qualidade do solo e das águas subterrâneas, entre outros.

Fundação Renova

A Fundação Renova, entidade privada sem fins lucrativos, foi criada por meio de um Termo de Transação e de Ajustamento de Conduta (TTAC) para gerir e executar os programas e ações de reparação e compensação dos danos causados pelo rompimento da Barragem do Fundão. O TTAC foi assinado em março de 2016 pela empresa Samarco, suas acionistas Vale e BHP, os governos federal e dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, além de uma série de autarquias, fundações e institutos. 

Por: Agência Brasil

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Saúde

Erro médico faz mulher tratar por 6 anos câncer inexistente

Justiça de São Paulo condenou a Amico Saúde, empresa médica de São Bernardo do Campo a pagar R$ 200 mil de indenização à paciente

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Uma mulher de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, recebeu uma indenização de R$ 200 mil da Amico Saúde, empresa médica que a submeteu a um tratamento de quimioterapia por seis anos por uma metástase óssea que nunca existiu. A Justiça de São Paulo considerou que houve erro médico de diagnóstico e tratamento, que causou danos físicos e psicológicos à paciente.

A mulher, que tinha 54 anos em 2010, foi diagnosticada corretamente com câncer de mama e fez uma mastectomia. Porém, em outubro do mesmo ano, um novo exame indicou que ela tinha metástase óssea, ou seja, que o câncer havia se espalhado para os ossos. Ela então iniciou um tratamento de quimioterapia, que continuou mesmo após mudar de plano de saúde em 2014.

Em 2017, os médicos do novo plano de saúde desconfiaram do diagnóstico e pediram um exame mais preciso, chamado PetScan, que revelou que a mulher não tinha metástase óssea. O resultado foi confirmado por outro exame em 2018 e por um laudo pericial do Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo.

Um exame feito em 2010, na mesma época em que ela começou a quimioterapia, já havia apontado que a probabilidade de ela ter metástase óssea era baixa, mas esse dado foi ignorado pelos médicos da Amico Saúde. A Justiça não conseguiu explicar por que a mulher foi tratada de forma equivocada por tanto tempo, se por negligência ou por economia.

A mulher relatou que sofreu muito com os efeitos colaterais da quimioterapia, como dor, insônia, perda óssea, perda de dentes e limitação dos movimentos da perna. Ela também disse que viveu uma grande angústia psicológica, achando que iria morrer a qualquer momento. “Cada sessão de quimioterapia se tornava um verdadeiro tormento à autora, porque a medicação é muito forte e possui inúmeros efeitos colaterais”, afirmou a defesa da paciente.

A sentença que condenou a Amico Saúde a pagar R$ 200 mil de indenização foi dada em primeira instância e confirmada pelo Tribunal de Justiça. O relator do recurso, o desembargador Edson Luiz de Queiroz, destacou que “a paciente foi levada a sofrimento que poderia ter sido evitado”.

No final de 2023, a Amico Saúde fez um acordo com a mulher e pagou os R$ 200 mil.

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Política

Lula anuncia Ricardo Lewandowski como novo Ministro da Justiça

Jurista se aposentou como ministro do STF em abril de 2023, perto de completar 75 anos

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Em uma cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta quinta-feira (11) a escolha do ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski para comandar o Ministério da Justiça e Segurança Pública. Lewandowski substituirá Flávio Dino, que foi indicado por Lula para ocupar uma vaga no STF e teve seu nome aprovado pelo Senado.

Lula destacou o currículo e a experiência de Lewandowski, que foi “um extraordinário ministro da Suprema Corte” e aceitou o convite na quarta-feira (10). O presidente disse que a nomeação será publicada em 19 de janeiro e que o novo ministro tomará posse em 1º de fevereiro. Até lá, Flávio Dino permanecerá à frente da pasta, que ele conduziu de forma “magistral”, segundo Lula.

“Eu acho que ganha o Ministério da Justiça, ganha a Suprema Corte e ganha o povo brasileiro com essa dupla que está aqui do meu lado, cada um na sua função”, afirmou Lula, que estava acompanhado de Lewandowski, Flávio Dino, e da primeira-dama, Janja da Silva.

Lula também declarou que dará autonomia para que Lewandowski monte sua própria equipe na Justiça, mas que pretende conversar com ele em fevereiro sobre os nomes que ficarão ou sairão do ministério. O presidente comparou a situação a um técnico de futebol, que deve escalar seu próprio time e ser responsável pelos resultados.

“[Em 1º de fevereiro] Ele [Lewandowski] já vai ter uma equipe montada, ele vai conversar comigo e aí vamos discutir quem fica, quem sai, quem entra, quais são as novidades”, disse Lula.

Ao final da cerimônia, Lula revelou que a primeira-dama Janja espera que mulheres tenham mais espaço na nova gestão da Justiça, ao que Lewandowski respondeu: “Certamente”.

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Saúde

Menina de 8 anos se queixa de dores de cabeça, desmaia e morre após AVC

Maria Julia de Camargo Adriano estava na rede da casa onde morava em Ribeirão do Pinhal (PR) quando se queixou de dores na cabeça

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Uma tragédia abalou a família de Maria Julia de Camargo Adriano, de 8 anos, que morreu após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) no último sábado (6). A menina, que era natural de Paraná, tinha o sonho de ser veterinária e era muito inteligente e dedicada aos estudos.

Segundo relatos da família, Maria Julia começou a sentir fortes dores de cabeça e perdeu a consciência. Ela foi socorrida e levada ao hospital mais próximo, onde os médicos constataram que ela tinha um sangramento no cérebro.

Devido à gravidade do caso, ela precisou ser transferida duas vezes, até chegar ao Hospital Universitário (HU) de Londrina, onde ficou internada na Unidade de terapia intensiva (UTI). Apesar dos esforços da equipe médica, ela não resistiu e teve a morte confirmada na segunda-feira (8).

A causa do AVC foi um aneurisma, uma dilatação anormal dos vasos sanguíneos, que se rompeu e provocou uma hemorragia cerebral. A tia de Maria Julia, Adriana, disse que a menina não tinha nenhuma doença pré-existente e que os médicos consideraram o ocorrido uma fatalidade.

O AVC é uma condição que afeta principalmente adultos, especialmente aqueles que têm fatores de risco como diabetes, obesidade e tabagismo. Em crianças, é muito raro e pode estar associado a alguma má formação na estrutura corporal.

A médica neurologista Adriana Moro explicou que o AVC em crianças é difícil de ser diagnosticado, pois não é uma suspeita comum quando há alguma alteração neurológica. Ela alertou para a importância de reconhecer os sintomas do AVC, como dor de cabeça, fraqueza, alteração da fala e visão, e procurar atendimento médico imediato.

A família de Maria Julia está devastada com a perda da menina, que era alegre, carinhosa e amava os animais. Eles pedem orações e apoio neste momento de dor e luto.

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