A Cúpula de Líderes do G20 teve início nesta segunda-feira (18), no Rio de Janeiro, reunindo chefes de Estado de diversas nações para debater questões cruciais da agenda global. Durante dois dias, os líderes discutirão propostas como a tributação de grandes fortunas, o enfrentamento à fome, o financiamento para ações climáticas e a modernização de organismos internacionais.
Tributação dos super-ricos
Uma das pautas centrais, a proposta brasileira de taxar em 2% as fortunas bilionárias, enfrenta resistência, especialmente do presidente argentino, Javier Milei, contrário à medida. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende que os recursos sejam destinados a reduzir desigualdades, beneficiando países em maior vulnerabilidade.
Combate à fome
Na abertura do encontro, foi lançada oficialmente a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, um projeto que busca ampliar políticas de transferência de renda e alcançar 500 milhões de pessoas até 2030. Entre os países que aderiram à iniciativa estão Alemanha, Noruega, Paraguai, Bangladesh, além de blocos como a União Europeia e União Africana.
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) anunciou a liberação de US$ 25 bilhões (cerca de R$ 146 bilhões) para projetos na América Latina e no Caribe, fortalecendo a aliança. Até o momento, 81 países já se comprometeram com o programa, mas o Brasil espera atingir a marca de 100 nações participantes.
Para Lula, a fome é um desafio político:
“A fome não é uma questão natural. Ela persiste devido à irresponsabilidade de nós, governantes do planeta. Por isso, tratamos a fome como uma questão política”, afirmou o presidente no último sábado (16).
Reforma de instituições globais
Outro tema prioritário é a reforma das instituições de governança internacional, como o Conselho de Segurança da ONU, criticado por sua estrutura obsoleta. Atualmente, o órgão é composto por cinco membros permanentes com poder de veto (China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos), o que tem dificultado ações decisivas em crises globais, como os conflitos na Ucrânia e na Faixa de Gaza.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, ressaltou a necessidade de mudanças:
“A estrutura atual reflete um mundo de 80 anos atrás.”
Financiamento climático
O Brasil também busca reforçar o financiamento para o combate às mudanças climáticas, alinhando-se às metas do Acordo de Paris. Paralelamente, negociações da COP29 no Azerbaijão enfrentam entraves em torno do financiamento de US$ 1 trilhão reivindicado por países em desenvolvimento para mitigar e adaptar-se à crise climática.
Simon Stiell, secretário executivo do Clima da ONU, destacou o papel do G20 na liderança desse esforço global:
“Os líderes do G20 devem demonstrar que a cooperação internacional é essencial para enfrentar o aquecimento global.”
Agenda da cúpula
A recepção aos líderes ocorreu no Museu de Arte Moderna, seguida pelo lançamento da Aliança Global contra a Fome. Nesta terça-feira (19), os debates abordarão transição energética e desenvolvimento sustentável, culminando na sessão de encerramento e na transmissão da presidência do G20 para a África do Sul.
Com temas urgentes e expectativas elevadas, o encontro promete ser um marco para a diplomacia global e a cooperação internacional.