conecte-se conosco

Brasil

Ibama pede à Marinha informação sobre afundamento de porta-aviões

Objetivo é reduzir impacto no meio ambiente

Marinha do Brasil/Divulgação

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) solicitou à Marinha do Brasil informações sobre o eventual naufrágio do porta-aviões São Paulo em alto mar. O pedido foi realizado ontem (2) após a Força Naval comunicar oficialmente decisão de realizar afundamento controlado da embarcação. O objetivo é estudar alternativas para diminuir e salvaguardar impactos ao meio ambiente.

Segundo o instituto, a decisão da Marinha vai na contramão das medidas apontadas pelo seu corpo técnico para garantir a destinação ambientalmente adequada prevista na regulamentação sobre transporte internacional de resíduos (Convenção de Basileia), uma vez que, no casco do porta-aviões, há a presença de resíduos de amianto.

Força Naval justificou o afundamento devido a avarias no casco da embarcação que comprometeriam a segurança da navegação e causariam danos à logística, à economia e até ao meio ambiente.

“Além de solicitar estudos do Centro de Hidrografia da Marinha, mapeamento de fundo da área selecionada para o alijamento do casco e informações sobre o método pretendido para provocar o afundamento, o Ibama recomendou a elaboração de Plano de Monitoramento da Água”, disse o instituto.

Uma nota técnica elaborada há três semanas por servidores do corpo técnico do Ibama indicou possíveis impactos ambientais decorrentes de eventual afundamento da embarcação. O documento aponta que a liberação de materiais poluentes contidos na estrutura poderia causar distúrbio na capacidade filtrante e dificuldade de crescimento em organismos aquáticos; o impacto físico sobre o fundo do oceano provocaria a morte de espécies e deterioração de ecossistemas.

Nota do Ibama

A nota do Ibama diz ainda que a liberação de Clorofluorcarbonetos (CFCs) e Hidroclorofluorcarbetos (HCFCs) contribuiriam para a degradação da camada de ozônio a partir da corrosão das paredes da embarcação e que a carcaça do navio também tem o potencial de atrair espécies invasoras prejudiciais para a biodiversidade nativa.

Outro ponto observado é que “os microplásticos e metais pesados presentes em tintas da embarcação poderiam se tornar protagonistas de bioacumulação indesejável em organismos aquáticos. Como agravante, todos os impactos previstos poderiam ocorrer em hotspots (reserva) de biodiversidade, fundamentais para a vida marinha.”

O Ibama disse que existem estaleiros credenciados para fazer a “reciclagem segura e ambientalmente adequada”, ou reciclagem verde em países como Itália, Noruega, Dinamarca e Turquia. Esse tipo de reciclagem é determinada por Resolução da Organização Marítima Internacional da Organização das Nações Unidas (ONU). A norma estabelece que navios antigos devem ter destinação final, única e exclusiva, de reciclagem segura e ambientalmente adequada.

“Enquanto o Brasil não dispuser de instalações com esse perfil, haverá necessidade de exportar ex-navios para países com infraestrutura adequada, em conformidade com a Convenção de Basileia”, disse o instituto.

O casco do navio foi vendido pela Marinha brasileira a uma empresa turca – a SÖK Denizcilik (SÖK), em 2021. O porta-aviões seria, então, rebocado até um estaleiro na Turquia para realização da reciclagem verde. O porta-aviões retornou ao Brasil porque a país cancelou a autorização que havia emitido para a exportação no fim de julho de 2022.

“Após 22 dias de iniciado o trânsito, ocorreu a retirada unilateral do consentimento da autoridade ambiental turca para a importação e o desmanche do casco naquele país. Restou ao Ibama suspender a autorização de exportação e determinar o retorno imediato do casco ao Brasil, de acordo com os preceitos previstos na Convenção de Basileia”, disse nota divulgada pelo Ministério da Defesa, a Advocacia-Geral da União (AGU) e a Marinha do Brasil.

Segundo a nota conjunta, diante da situação, com o retorno do casco ao Brasil, a Autoridade Marítima Brasileira (AMB) apresentou “exigências para garantir a segurança da navegação e a prevenção da poluição ambiental no mar e nas águas interiores”.

Marítima Brasileira

Foi determinado à proprietária SÖK “a permanência do casco em área marítima de espera fora do Mar Territorial, a uma distância maior que 22 quilômetros (km) da costa; e a realização de uma perícia no casco”.

De acordo com a Marinha brasileira, não cabe à AMB interferir em ações de natureza privada que envolvam a seleção de estaleiros para conduzir reparos ou negociação com terminais portuários.

“Entretanto, visando o prosseguimento da reexportação para um desmanche ambientalmente sustentável, a AMB apresentou à empresa SÖK uma lista de estaleiros, no Brasil, com capacidade técnica para realizar os reparos no casco”, informou.

“Diante da inércia do proprietário para atender as determinações apresentadas pela AMB” e pela “iminente possibilidade de abandono do casco no mar”, a AMB fez uma nova inspeção pericial no casco, “na qual foi constatada uma severa degradação das condições de flutuabilidade e estabilidade”.

A empresa não renovou o seguro, nem apresentou contrato para atracação e reparo para a execução dos serviços necessários. “Em face do exposto, não sobrou alternativa ao Estado brasileiro a não ser considerar o bem como perdido, e assumir o controle administrativo do casco, de modo a evitar danos ao meio ambiente e preservar a segurança da navegação”, informou a nota conjunta das autoridades brasileiras.

Assim, foi decidido que o porta-aviões seria rebocado em uma área marítima afastada, mas dentro das águas jurisdicionais brasileiras, localizada a 350 km da costa e com profundidade aproximada de 5 mil metros.

“Diante dos fatos apresentados e do crescente risco que envolve a tarefa de reboque, em virtude da deterioração das condições de flutuabilidade do casco e da inevitabilidade de afundamento espontâneo/não controlado, não é possível adotar outra conduta que não o alijamento do casco, por meio do afundamento planejado e controlado”, finalizou a nota.

Por: Agência Brasil

Clique para comentar

Faça seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Brasil

Mecânico é indiciado por vender carros de clientes sem autorização em Contagem

As investigações revelaram que ele cometeu o crime desde 2020 e repassava os veículos para desmanches

Publicado

on

Foto: Divulgação

A Polícia Civil de Minas Gerais concluiu o inquérito sobre o envolvimento de um mecânico de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, em um esquema de venda de carros de clientes sem autorização. O homem de 44 anos foi indiciado por estelionato, após ser acusado de vender veículos que foram deixados em sua oficina para conserto.

O caso teve início em outubro, quando uma vítima registrou queixa na delegacia. Ela havia deixado seu Ford Ka na oficina para reparos, mas, ao tentar retomar o carro, descobriu que ele havia sido vendido para uma terceira pessoa, sem o seu consentimento. O mecânico tentou justificar a situação com desculpas, mas a vítima descobriu, por meio de notificações da CNH Digital, que o carro havia sido vendido e imediatamente procurou o responsável, que acabou confessando o crime.

O inquérito revelou que o mecânico vinha realizando esse golpe desde 2020. Em diversos casos, ele usava a confiança dos clientes para negociar a venda de veículos sem o conhecimento deles, oferecendo preços mais baixos para depois revendê-los a um valor superior. Muitos dos carros, especialmente os populares, foram enviados para desmanches, dificultando sua recuperação.

De acordo com a Polícia Civil, o mecânico também utilizava estratégias para se proteger de denúncias, acusando suas vítimas de ameaças sempre que tentavam cobrar pelos veículos. Ele usava essa tática para desviar a atenção das autoridades e manter a reputação de ser um bom profissional.

Apesar de não ter antecedentes criminais e de não ter sido preso em flagrante, o mecânico não poderá mais exercer a profissão de mecânico, nem se aproximar de oficinas mecânicas. Ele deverá cumprir medidas cautelares, como se apresentar periodicamente à Justiça. O homem foi indiciado por estelionato, com pena de até cinco anos de prisão. A Polícia Civil segue investigando o caso, com a abertura de um novo inquérito para rastrear os desmanches que compraram os veículos roubados.

Continue lendo

Economia

Receita Federal abre consulta ao lote residual do Imposto de Renda; veja quem recebe

Consulta já está disponível, e pagamentos totalizam mais de R$ 558 milhões, com prioridade para idosos, professores e contribuintes em áreas de calamidade

Publicado

on

A Receita Federal disponibilizou nesta sexta-feira (22) a consulta ao lote residual da restituição do Imposto de Renda Pessoa Física referente a novembro de 2024. Os pagamentos, que totalizam R$ 558.822.664,11, serão realizados no próximo dia 29 de novembro.

No total, 221.597 contribuintes receberão as restituições. Entre eles, há grupos com prioridade legal:

  • 4.802 contribuintes idosos acima de 80 anos;
  • 34.287 contribuintes entre 60 e 79 anos;
  • 3.570 contribuintes com deficiência física, mental ou moléstia grave;
  • 8.898 contribuintes cuja principal fonte de renda é o magistério.

Além disso, 88.246 contribuintes que optaram pela Declaração Pré-Preenchida ou pelo recebimento via Pix também foram contemplados. Outros 73.151 contribuintes não prioritários receberão a restituição neste lote.

Também serão pagos 8.643 restituições a pessoas em áreas de calamidade no Rio Grande do Sul, afetadas pelas fortes chuvas de abril e maio.

Como consultar

A consulta pode ser feita pelo site da Receita Federal ou pelo aplicativo Meu Imposto de Renda, disponível para tablets e smartphones.

Os contribuintes podem verificar a situação da declaração de forma simplificada ou detalhada. Caso o valor não seja resgatado em até um ano, será necessário solicitar pelo Portal e-CAC, na aba “declarações e demonstrativos”, opção “solicitar restituição não resgatada na rede bancária”.

Continue lendo

Brasil

Passageiro incendeia ônibus com 40 pessoas e veículo é destruído em SP

Ônibus com 40 pessoas a bordo é incendiado após homem provocar chamas no banheiro; ninguém ficou ferido

Publicado

on

Um ônibus que fazia o trajeto São Paulo–Curitiba foi consumido por um incêndio na manhã desta sexta-feira (22/11), em Cajati, no sul de São Paulo. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o fogo começou por volta das 5h30, quando um passageiro se trancou no banheiro do veículo e ateou fogo.

Testemunhas relataram que os ocupantes arrombaram a porta e retiraram o suspeito, mas as chamas já haviam se espalhado, destruindo o ônibus. Felizmente, todos os 40 passageiros conseguiram sair em segurança.

Após o ocorrido, o homem fugiu, mas foi localizado pela polícia em um posto de gasolina a cerca de 3 km do local. Ele foi preso e levado ao plantão da Polícia Civil de Cajati, onde será autuado por incêndio criminoso.

Continue lendo

Popular

Copyright © 2020 O Panorama