Após relatar no documentário Anitta Made in Honório, lançado pela Netflix na última quarta-feira (16), abuso sexual sofrido aos 14 anos, a cantora Anitta recebeu o apoio da internet e palavras de encorajamento do movimento Me Too Brasil. Influenciado pelo movimento fundado por Tarana J. Burke nos Estados Unidos, a campanha brasileira visa dar suporte às vítimas de abuso sexual.
A cantora no cenário de abuso brasileiro
Segundo nota publicada pelo movimento, o relato da funkeira ressalta a narrativa encontrada em diversos casos atendidos pelo Me Too, onde as vítimas passam por situação de constrangimento e abuso psicológico até sentirem culpa do ocorrido. “O que mostra que a cultura do abuso atua em inúmeras frentes. Sabemos o quanto é doloroso relembrar um episódio de abuso sexual, principalmente quando ocorrido em uma fase tão importante do desenvolvimento quanto a adolescência”.
“Por isso, o Me Too Brasil reitera a importância da coragem da cantora, que serve de exemplo a todas e todos que passaram por situações semelhantes a procurarem ajuda e denunciarem”.
O movimento ainda reforçou o perfil de casos de abuso sexual no Brasil. “A maioria das vítimas são menores de idade e muito dos agressores são da família ou próximos. A força da cantora ao fazer seu relato mostra a dificuldade enfrentada pelas vítimas, que muitas vezes não têm meios e nem recebem acolhimento”.
“O Me Too Brasil e toda sua rede de apoio estendem a mão à Anitta e todas as mulheres que sofreram algum tipo de abuso. Vocês não estão sozinhas!”.
Relembre o caso
Em trecho do documentário, Anitta conta que o crime ocorreu durante relacionamento abusivo. “Eu tinha medo dele. Ele era autoritário comigo, falava de forma autoritária. Ele estava muito nervoso, muito estressado. Eu estava com bastante medo das reações dele. E eu acabei perguntando se ele queria ir para um lugar só nós dois”.
Aparentemente angustiada ao falar sobre o assunto, Anitta suspira e mareja os olhos ao lembrar do ocorrido. “Rapidamente, na mesma hora, ele parou o estresse. Perguntou se eu tinha certeza. Eu falei que sim. Mas hoje eu tenho plena certeza que eu falei que sim porque eu estava morrendo de medo do estresse dele. Quando eu cheguei lá, eu falei que não queria mais, mas ele não ouviu. Ele não falou nada. Ele só seguiu fazendo o que ele queria fazer”.
“Quando ele acabou, ele saiu, foi abrir uma cerveja, e eu fiquei olhando para a cama cheia de sangue”.
Em lágrimas, a funkeira conta o sentimento vivido após o ato. Assim como muitas mulheres violentadas sexualmente, ela também se sentiu responsável pelo abuso. “Faz muito pouco tempo que eu parei de achar que isso é culpa minha, que eu causei isso para mim. Eu sempre tive medo do que as pessoas iam falar”, contou.