Uma tragédia sem precedentes abalou o Oriente Médio quando um grupo armado do Hamas invadiu um festival de música eletrônica que acontecia em um local a cerca de 20 km da Faixa de Gaza, território palestino controlado pela organização islâmica. Segundo testemunhas, os atiradores dispararam indiscriminadamente contra os participantes do evento, que reuniu cerca de 5 mil pessoas, entre elas vários estrangeiros.
Neste domingo (8/10), os serviços de emergência de Israel informaram que 260 corpos foram retirados do local, e que há ainda centenas de feridos, alguns em estado grave. De acordo com o Itamaraty, pelo menos três brasileiros que participavam do festival estão desaparecidos.
O ataque foi reivindicado pelo Hamas em um comunicado divulgado nas redes sociais, no qual alegou que se tratava de uma “operação de resistência” contra a “ocupação sionista” e a “corrupção moral” promovida por Israel.
O grupo também ameaçou realizar novos atentados contra alvos israelenses e ocidentais na região. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, condenou o ataque como um “ato de terrorismo bárbaro” e prometeu uma resposta “rápida e severa” contra o Hamas. Ele também declarou luto nacional de três dias pelas vítimas do massacre.
O festival de música eletrônica era organizado por uma empresa israelense que alugou um terreno privado próximo à fronteira com a Faixa de Gaza, com autorização das autoridades locais. O evento contava com a presença de renomados DJs internacionais, como David Guetta, Calvin Harris e Martin Garrix, que se apresentaram em um palco montado ao ar livre.
Segundo os organizadores, o festival tinha como objetivo promover a paz e a convivência entre diferentes culturas e religiões, e contava com a participação de judeus, cristãos e muçulmanos. No entanto, o Hamas considerou o evento como uma “provocação” e uma “ofensa” aos valores islâmicos.
A invasão do festival ocorreu por volta das 23h (horário local), quando cerca de 50 homens armados com fuzis e granadas entraram no local pelo lado da Faixa de Gaza, aproveitando-se da escuridão e da falta de segurança na área. Eles abriram fogo contra as pessoas que estavam na pista de dança, nas barracas e nos banheiros, causando pânico e correria.
Muitos tentaram fugir pelos portões de saída, mas foram impedidos pelos atiradores, que também detonaram explosivos no local. A polícia e o exército israelenses chegaram ao local cerca de 15 minutos depois do início do ataque, e iniciaram um confronto com os invasores, que durou cerca de uma hora. A maioria dos atiradores foi morta ou capturada pelas forças de segurança, mas alguns conseguiram escapar pela fronteira.
Entre as vítimas fatais do ataque, há pelo menos 200 israelenses, 30 palestinos, 10 americanos, 5 franceses, 4 britânicos, 3 brasileiros, 2 alemães, 2 italianos, 2 espanhóis, 1 egípcio e 1 turco. Os nomes dos mortos ainda não foram divulgados oficialmente pelas autoridades. Os feridos foram levados para hospitais próximos ao local do ataque, onde receberam atendimento médico. Alguns casos mais graves foram transferidos para hospitais em Tel Aviv e Jerusalém.
O ataque ao festival de música eletrônica foi o mais sangrento realizado pelo Hamas desde a guerra de 2014 entre Israel e a Faixa de Gaza, que deixou mais de 2 mil mortos. Desde então, a situação na região permanece tensa e instável, com frequentes ataques com foguetes e balões incendiários lançados pelo Hamas contra o território israelense, e retaliações militares por parte de Israel contra alvos do grupo na Faixa de Gaza.
O último grande confronto ocorreu em maio deste ano, quando mais de 250 pessoas morreram em uma escalada de violência que durou 11 dias. O cessar-fogo mediado pelo Egito e pela ONU foi rompido pelo Hamas com o ataque ao festival.
A comunidade internacional condenou o ataque e manifestou solidariedade às vítimas e aos familiares. O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu o fim da violência e o retorno às negociações de paz entre Israel e os palestinos.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reafirmou o apoio incondicional de seu país a Israel e disse que o Hamas deve ser responsabilizado pelo ataque. O papa Francisco expressou sua dor e sua oração pelas vítimas e pediu que se evite a espiral de ódio e vingança. O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, lamentou a morte dos brasileiros e disse que o Brasil repudia o terrorismo em todas as suas formas.