O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, adotou um tom conciliador com os líderes da China e do Brasil, dois dos principais parceiros comerciais do país, após vencer as eleições no domingo (19). Milei, que durante a campanha fez duras críticas ao comunismo e ao petismo, agradeceu ao presidente chinês, Xi Jinping, por uma carta de felicitações e disse que receberia o presidente Lula em sua posse.
“Envio a ele [Xi Jinping] meus mais sinceros votos de bem-estar para o povo chinês”, escreveu Milei na plataforma X, o antigo Twitter, ao compartilhar a mensagem enviada pelo dirigente traduzida para o espanhol. O ultraliberal havia sugerido que não dialogaria ou faria negócios com a China devido às restrições do regime às liberdades individuais.
Milei também mudou de tom com relação a Lula, que foi alvo de ataques durante a campanha eleitoral. “Se Lula quiser vir à minha posse, será bem recebido. Ele é o presidente do Brasil”, disse Milei ao ser questionado em entrevista ao canal argentino Todo Noticias. Antes, Milei havia chamado Lula de “ladrão” e “comunista” e afirmado que cortaria relações com o Brasil enquanto ele ou qualquer outro esquerdista estivesse no Palácio do Planalto.
Desde que foi eleito, Milei tem feito acenos a líderes que insultou quando era candidato. Ele agradeceu a mensagens do papa Francisco, dos presidentes do Chile, Gabriel Boric, e da França, Emmanuel Macron, entre outros, que já foram alvos de ataques do ultraliberal.
A China, que na segunda havia enviado a Milei uma mensagem amena de congratulação, mudou o tom na terça (21). Uma das porta-vozes da chancelaria de Pequim, Mao Ning, disse que o país sul-americano cometeria “um grande erro” caso decidisse cortar laços com os chineses.