Você já sentiu uma vontade irresistível de comer algo gorduroso, como uma batata frita ou um hambúrguer? Essa fome pode não ser apenas um capricho, mas sim um sinal de que o seu cérebro está inflamado. É o que sugere uma pesquisa realizada por cientistas canadenses e publicada na revista PNAS.
Os pesquisadores da Universidade de Newfoundland descobriram que uma região do cérebro chamada hipotálamo, que regula o apetite e o metabolismo, sofre alterações quando há inflamações no organismo. Essas inflamações são causadas pelo consumo de alimentos gordurosos, que ativam uma substância chamada prostaglandina-E2. Essa substância, por sua vez, estimula a produção de um hormônio chamado concentrador de melanina (MCH), que aumenta a fome e diminui o gasto energético.
O MCH é uma espécie de mecanismo de defesa do corpo, que faz com que ele armazene energia para enfrentar situações de estresse ou escassez. É como se o corpo se preparasse para hibernar, como os ursos fazem no inverno. O problema é que, ao invés de nos proteger, esse hormônio nos faz comer mais gordura, o que gera mais inflamação, mais MCH e mais gordura. Assim, entra-se em um ciclo vicioso que pode levar à obesidade.
Para evitar esse efeito, os cientistas recomendam que se adote dietas anti-inflamatórias, que evitem alimentos ricos em gordura saturada e açúcar. Eles também sugerem que se busque tratamentos para reduzir as inflamações no cérebro, sem afetar as outras funções da prostaglandina-E2 e do MCH, que são importantes para a saúde.
Esse estudo é mais uma evidência de como a obesidade é um problema complexo, que envolve não só fatores genéticos e ambientais, mas também psicológicos e neurológicos. Em fevereiro deste ano, o mesmo grupo de cientistas já havia publicado na revista Obesity um estudo que mostrava como as pessoas obesas têm dificuldade de equilibrar os níveis de colesterol, o que dificulta a perda de peso.