O julgamento do caso de Rohan Godhania, um adolescente britânico de 16 anos que faleceu em 2020 após consumir um suplemento de proteína, teve início na terça-feira (27/6). O jovem recebeu o produto de seus pais, que buscavam melhorar a postura do rapaz e promover o crescimento muscular.
Rohan foi levado ao hospital, onde sofreu danos cerebrais irreversíveis, e seus órgãos foram doados antes que os médicos estabelecessem a relação entre o suplemento e seus problemas de saúde. Meses depois, a pessoa que recebeu o fígado do garoto começou a ter convulsões, levando à realização de uma biópsia no órgão. O exame revelou que Rohan tinha deficiência na ornitina carbamoiltransferase, uma doença rara que afeta as enzimas responsáveis por remover a amônia do sangue.
O suplemento de proteína causou um aumento significativo nos níveis de amônia, que se acumularam e atingiram níveis considerados letais. A família do adolescente alega que o hospital não realizou exames de amônia que poderiam ter identificado a doença e permitido um tratamento oportuno, salvando a vida de Rohan.
Outra questão levantada é o fato de o hospital especializado da região ter recusado a admissão do paciente de 16 anos na ala pediátrica neurológica, classificando-o como adulto com base na internação inicial em outro centro de saúde.
O professor Finbar O’Callaghan, especialista em neurologia pediátrica do Instituto de Saúde Infantil da University College London, no Reino Unido, testemunhou no julgamento e afirmou: “Não deveria haver qualquer debate sobre se ele poderia ser admitido em um hospital pediátrico ou na ala de adultos. Se ele tivesse sido tratado por um especialista pediátrico, acredito que teria recebido um diagnóstico correto mais rapidamente.”
O legista Tom Osborne, também envolvido no julgamento, fez um pedido em seu depoimento: que as empresas fabricantes de shakes de proteína incluam um alerta nos rótulos dos produtos sobre a possibilidade de desenvolver a doença ornitina carbamoiltransferase. “Embora seja uma condição rara, pode ter efeitos graves se alguém consumir a bebida e tiver um pico de proteínas”, afirmou o especialista.