No último dia 2 de outubro de 2024, uma bomba não-detonada da Segunda Guerra Mundial explodiu perto de uma pista de aeroporto em Miyazaki, Japão, causando danos consideráveis. A bomba, provavelmente lançada pelos EUA durante os ataques contra as forças japonesas, permaneceu inativa por quase 80 anos, mas eventos recentes reacenderam preocupações sobre o perigo contínuo que esses artefatos representam.
O perigo das bombas não-detonadas
A explosão de bombas antigas não é um fenômeno raro, especialmente em países que foram palcos de grandes conflitos durante a Segunda Guerra Mundial. Esses dispositivos, enterrados por décadas, podem ser reativados quando perturbados por movimentações no solo, como obras urbanas ou escavações. Cidades como Londres e Berlim enfrentam riscos semelhantes e contam com serviços especializados em detectar e desarmar explosivos antigos.
Apesar disso, incidentes de explosões sem qualquer interferência aparente estão se tornando mais frequentes. A explicação para esse aumento pode ser encontrada na composição química dessas bombas.
O envelhecimento químico dos explosivos
Um estudo recente publicado na revista científica The Royal Society of Chemistry revelou que muitos explosivos fabricados durante a Segunda Guerra Mundial contêm Amatol, uma mistura de TNT com nitrato de amônio. Com o passar do tempo, o Amatol tende a se tornar mais instável, aumentando as chances de detonação espontânea. Embora ainda não se saiba se a bomba que explodiu no Japão continha esse material, a instabilidade dos componentes de bombas antigas é um fator preocupante.
Durante a Segunda Guerra, o Aeroporto de Miyazaki, agora utilizado para fins civis, era uma base militar japonesa que foi alvo de diversos ataques aéreos norte-americanos. Muitos artefatos explosivos da época podem ainda estar soterrados na região, representando uma ameaça persistente.
As consequências globais dos explosivos não-detonados
Segundo um relatório da Campanha Internacional pelo Fim dos Explosivos Terrestres, somente em 2022, cerca de 1.661 pessoas morreram e outras 3.015 ficaram feridas por bombas ou minas terrestres não-detonadas. O relatório também destacou que esse tipo de explosivo continua a fazer vítimas em 49 países, sendo uma ameaça contínua mesmo décadas após o término dos conflitos.
O Direito Internacional Humanitário exige que os países responsáveis por esses explosivos tomem medidas para remover esses artefatos e proteger a população civil, tanto durante quanto após os conflitos. No entanto, as operações de remoção podem ser complexas e perigosas, exigindo tecnologia avançada e cooperação internacional.
O apelo da Cruz Vermelha
Em resposta aos riscos globais de explosivos não-detonados, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha fez um apelo urgente para que governos e grupos envolvidos em conflitos facilitem o trabalho das equipes de remoção de explosivos. Segundo o comitê, é vital que as nações afetadas permitam o acesso de equipes humanitárias, garantindo que os civis e suas comunidades estejam protegidos desses perigos.
A explosão no Japão serve como um lembrete do legado destrutivo que a Segunda Guerra Mundial ainda deixa para trás. Enquanto bombas antigas continuam a representar uma ameaça global, as ações coordenadas entre governos, organizações internacionais e comunidades locais são essenciais para minimizar o risco e salvar vidas.