Saúde

Doação inédita: como famílias realizaram ‘troca’ de rins para transplante

Entenda como um procedimento inovador de doação pareada permitiu que famílias diferentes realizassem a troca de rins para transplante

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Uma nova técnica desenvolvida no Hospital das Clínicas de São Paulo e implementada na Santa Casa de Juiz de Fora está revolucionando o transplante de rins no Brasil, onde mais de 40 mil pacientes aguardam na fila para receber o órgão, segundo o Ministério da Saúde. O programa foi destacado no episódio do Profissão Repórter.

A técnica chamada de transplante pareado permite que famílias que desejam doar rins, mas que não são compatíveis entre si, realizem uma troca. Na reportagem, três grupos familiares mostraram como esse método inovador pode salvar vidas. Rosa, Janaína e Vantuil enfrentavam o mesmo dilema: queriam doar rins para seus parentes, mas não eram compatíveis.

A solução surgiu com o transplante pareado. Os doadores se descobriram compatíveis com os outros pacientes, permitindo que as doações fossem trocadas. O resultado foi o seguinte:

  • Rosa doou para Sérgio, pai de Janaína.
  • Janaína doou para Maria Aparecida, esposa de Vantuil.
  • Vantuil doou para Ana Célia, irmã de Rosa.

“A doação pareada é um conceito tecnicamente simples: fazemos uma troca entre pacientes que são imunologicamente incompatíveis, tornando-os compatíveis. Todos os doadores e receptores foram ao centro cirúrgico ao mesmo tempo. Cada doador fez sua doação e cada receptor recebeu um rim, mas não de seu parente, e sim de outra pessoa”, explica a nefrologista Juliana Bastos.

De acordo com a legislação brasileira, a doação de órgãos entre vivos é permitida apenas entre cônjuges ou pessoas com parentesco consanguíneo até o quarto grau. No entanto, o projeto de transplante pareado recebeu autorização da Justiça.

“Esses familiares, de certa forma, estão doando seus rins em benefício de seus parentes, pois, sem essa doação, seus entes queridos não teriam acesso ao transplante”, destaca a médica.

Os doadores e receptores, inicialmente desconhecidos, tiveram a oportunidade de se conhecer após a cirurgia. “Nos encontramos depois da operação. Todos acordamos juntos no mesmo quarto e começamos a descobrir quem doou para quem. Foi uma alegria enorme”, lembra Rosa.

Até hoje, os pacientes mantêm contato. “Temos um grupo que chamamos de ‘Os Transplantáveis’, e nos divertimos juntos”, comenta uma das beneficiadas pelo transplante, Maria Aparecida, que expressa sua felicidade por ter ganhado uma nova chance de vida.

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