O governo da França declarou nesta quarta-feira (14/10) um novo estado de emergência de saúde pública por causa da covid-19 e a imposição de um toque de recolher em nove cidades francesas a partir de 17 de outubro, com previsão de multa de até 135 euros (R$ 880) para quem desrespeitar a medida.
As cidades que vão ficar sob toque de recolher são: Paris (incluindo Ile-de-France, a região metropolitana), Rouen, Lille, Saint-Etienne, Lyon, Grenoble, Montpellier, Marselha e Toulouse.
O presidente Emmanuel Macron disse na TV que as medidas devem durar quatro semanas, mas que ele pretende pedir ao Parlamento que o toque de recolher permaneça em vigor até 1º de dezembro, ou seja, por seis semanas.
“Para quem chegar do trabalho após as 21h, haverá uma autorização. Para quem tem emergências de saúde, haverá permissões. Não haverá proibição de trânsito, mas uma limitação estrita por bons motivos”, disse o presidente. “Mas não vamos mais a restaurantes, festas, ver amigos a partir das 21h.”
Em uma entrevista na TV para anunciar as novas restrições, Macron disse que a pandemia está num momento “preocupante”, mas que “não perdemos o controle da situação”.
Embora o vírus esteja se espalhando pela França, Macron disse que um segundo lockdown nacional seria desproporcional. Ele acrescentou que não haverá restrições ao transporte público e nem às viagens entre regiões da França, nem fechamento de escolas e empresas, como aconteceu no confinamento de março e abril.
“Estamos numa situação preocupante, mas que não justifica que fiquemos inativos ou em pânico. Aprendemos com a primeira onda. Tivemos 30 mil vítimas, desde então 2 mil vítimas adicionais. E, de fato, esse vírus está voltando. Estamos naquilo que muitas vezes se chamou de segunda onda e ela atinge a toda a Europa”, disse Macron.
O governo francês já havia declarado estado de emergência de saúde pública em março, quando as hospitalizações causadas pela epidemia estavam perto de seu pico. Na época, as autoridades usaram medidas extraordinárias para determinar que as pessoas ficassem em casa, exceto para a execução de trabalhos essenciais, comprar comida ou fazer uma hora de exercícios diários.
O estado de emergência foi levantado na França metropolitana em julho, depois que o número de casos da covid-19 diminuiu.
No entanto, o número cumulativo de casos confirmados aumentou recentemente. chegando a cerca de 820 mil desde o início da pandemia. Nos últimos dias, o país vem registrando números recordes de infecções, muito superiores ao verificados em março e abril. No último domingo, foram 26 mil novos casos registrados.
As hospitalizações e as mortes relacionadas à doença também continuam aumentando. O número de mortos aumentou em 104 nas últimas 24 horas, elevando o total para mais de 33 mil e tornando a França o nono país do mundo a ter registrado mais de 33 mil mortes relacionadas à covid-19. Na terça-feira, autoridades de Paris apontaram que os hospitais da capital estão próximos do ponto de saturação.
Outras medidas na Europa
Com mais de 244 mil vítimas fatais e 6,7 milhões de casos, a Europa é a região do mundo em que a epidemia avançou mais durante a semana passada. Diante do quadro, vários países vêm anunciando novas medidas para desestimular aglomerações e reforçar o distanciamento.
Nesta quarta-feira, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, afirmou desejar impor novas restrições na Alemanha durante uma reunião com os 16 governadores do país. Entre as medidas propostas, estão a ampliação do uso obrigatório de máscara, a antecipação o horário de fechamento de bares e restaurantes nas zonas onde a taxa de contágio alcançar 35 casos para cada 100 mil pessoas durante sete dias consecutivos, em vez de 50 por 100 mil, como está estabelecido atualmente.
A Alemanha contou 5.132 novos contágios em 24 horas, o que representa o maior aumento em apenas um dia em seis meses, segundo o Instituto Robert Koch.
Na Espanha, bares e restaurantes da Catalunha permanecerão fechados por pelo menos 15 dias, a partir da noite de quinta-feira, para frear o avanço da pandemia de covid-19. A Catalunha se uniu a outras regiões – como Madri, Andaluzia, Navarra e Galícia – que decretaram medidas semelhantes para combater o aumento dos contágios.
O governo autônomo da Irlanda do Norte também anunciou as restrições mais duras impostas atualmente em todo Reino Unido contra o coronavírus. O país vai restringir o horário de funcionamento de bares e restaurantes, limitará as reuniões, determinará o fechamento de salões de beleza e adotará novas normas para os supermercados.
Por: DW