Comportamento

Saiba como brasilienses quitaram dívidas, mesmo com pandemia

Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor mostram que brasilienses estão menos endividados

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Foto: Rayra Paiva Franco/O Panorama

O endividamento das famílias brasilienses apresentou queda pelo segundo mês consecutivo no ano. É o que mostra um estudo realizado recentemente pela Fecomércio-DF, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). 

De acordo com o artigo, o número de famílias com algum tipo de dívida na capital do país passou de 608.359 mil, no mês de setembro, para 584.831 mil, em outubro. Isso quer dizer que de setembro para outubro houve redução de 2,4% de famílias endividadas. 

No mesmo período do ano passado, a taxa era de 80,8%. De acordo com o presidente da Fecomércio-DF, Francisco Maia, os brasilienses estão tendo um consumo mais cauteloso, uma vez que o índice de endividamento está muito abaixo, se comparado ao que foi registrado na mesma época do ano passado.

“Naturalmente, com o período de pandemia, as famílias brasilienses frearam o consumo. Muita gente perdeu o emprego e o poder de compra. Com isso, as pessoas estão evitando comprar bens duráveis: fugindo do parcelamento e gastando apenas no essencial. Entretanto, acreditamos que o varejo volte a ter uma recuperação gradativa com as festas de final do ano: Natal e Ano Novo”, ressalta Francisco. 

Cartão de crédito: maior motivo de dívidas 

A pesquisa ainda demonstra que o principal instrumento de endividamento da população de Brasília é o cartão de crédito, representando 69,8% das dívidas, seguido do financiamento de imóveis, com 20,9%. 

Dentre os devedores, 52,2% disseram estar comprometidos com débitos negativos por mais de um ano. Já 12,3% estão com dívidas entre 6 meses e 1 ano. E por fim, 14,8% dos entrevistados afirmaram que em 3 meses quitam suas dívidas. 

Gráfico: Yasmin Gurgel/O Panorama

A PEIC

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) tem como objetivo diagnosticar o nível de endividamento e inadimplência dos consumidores, como o próprio nome sugere. Das informações coletadas, são apurados importantes indicadores, como o nível de endividamento, percentual de inadimplentes, intenção de pagar dívidas em atraso e nível de comprometimento da renda. 

O estudo é uma ferramenta que orienta os empresários do comércio de bens, serviços e turismo que utilizam o crédito como ferramenta estratégica, tendo em vista que permite o acompanhamento do perfil de endividamento do consumidor. 

De acordo com o professor do departamento de economia da Universidade de Brasília (Unb), José Luis Oreiro, esses índices estão baixos devido à uma “poupança forçada” dos brasilienses, imposta pela quarentena.

“Basicamente, os índices de endividamento caíram pois as medidas de isolamento social obrigaram à uma redução do consumo de serviços. o que acaba levando naturalmente a uma redução do endividamento”, afirma.

Perfil do consumidor na pandemia

A diarista Daniela Oliveira conta que sua renda, no início da pandemia, caiu significativamente e começou a receber o auxílio-emergencial. No entanto, algumas despesas como com delivery de comida, por exemplo, reduziram bastante, pois passou a fazer mais comida em casa. “Eu fui juntando dinheiro e aproveitei para pagar algumas dívidas, como a do meu carro, que foi quitada, e algumas contas de água e luz que estavam atrasadas”, explica a diarista. 

O advogado Ian Max dos Santos afirma que a pandemia foi o pontapé inicial para ele rever seus gastos.

“Eu utilizava dois serviços de streaming de filmes, por exemplo, e passei a utilizar somente 1 e diminui o valor da conta, modificando o contrato. Comecei a gastar menos energia e água em casa, além de cortar alguns lazeres, até mesmo porque o isolamento me forçou a isso”, explica. 

Ian, que possuía dívidas diversas, conta que a organização foi fundamental para quitar as dívidas. “Eu me organizei. Fui pelo óbvio, calculei meu crédito sobre meu débito e percebi que, se fizesse tudo certo, até este mês, novembro, conseguiria quitar as dívidas”.

Para ele, é uma satisfação ver a conta bancária no azul e a pontuação subindo no Serasa.

Por: Yasmin Gurgel*

*Estagiária sob supervisão de Rodrigo Neves

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