Walter Vieira, médico ginecologista e responsável técnico pelo laboratório PCS Lab Saleme, foi detido na manhã de hoje, 14 de outubro, durante a Operação Verum da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Ele é suspeito de participar de um esquema que resultou na emissão de laudos falsos, permitindo a realização de transplantes de órgãos infectados pelo HIV.
O médico e seu filho, Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, também sócio do laboratório, estão ligados ao deputado federal Doutor Luizinho (PP-RJ
), ex-secretário de Saúde do estado. O governo fluminense identificou o PCS Lab como o laboratório responsável pelos laudos fraudulentos, com um dos documentos sendo assinado por Walter, que apresentou um falso negativo para HIV.
A Polícia Civil revelou que as investigações apontam que os laudos, que teriam sido falsificados por um grupo criminoso, levaram as equipes médicas a erros que resultaram na contaminação dos pacientes. Infelizmente, um dos pacientes afetados veio a falecer, e as circunstâncias de sua morte estão em apuração. A operação levou à execução de 11 mandados de busca e apreensão.
As investigações agora buscam esclarecer se o PCS Lab Saleme esteve envolvido em falsificações em outros casos além dos transplantes. Os envolvidos estão sendo acusados de crimes como falsidade ideológica, falsificação de documentos e infração sanitária.
Walter Vieira é registrado no Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) desde 1996, com especialidade em ginecologia e obstetrícia. Entretanto, sua atuação em análises clínicas contratadas pelo governo é considerada irregular, já que, segundo as normas do Conselho Federal de Medicina, ele deveria ter formação em patologia para tal função.
A Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) confirmou a ocorrência de pelo menos seis casos de pacientes que receberam órgãos infectados pelo HIV. As investigações começaram após um paciente transplantado apresentar sintomas neurológicos e testar positivo para o vírus, evidenciando que ele não possuía a infecção antes do transplante.
Os exames de sangue dos doadores realizados pelo PCS Lab apresentaram resultados falsos negativos. A Anvisa e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) estão conduzindo investigações sobre o laboratório. Durante a apuração, a Anvisa verificou que o PCS Lab não possuía os kits apropriados para realizar os testes e que não havia documentos que comprovassem a aquisição desses materiais. Há suspeitas de que os exames não foram realizados, mas sim forjados.
O PCS Lab foi contratado pela SES-RJ em dezembro do ano passado, e a Secretaria de Saúde formou uma comissão para apoiar os pacientes afetados e tomou providências imediatas.
Em resposta às alegações, o PCS Lab anunciou a abertura de uma sindicância interna para investigar a situação, afirmando que utilizou kits recomendados pela Anvisa e que prestará suporte médico e psicológico aos pacientes infectados pelo HIV e suas famílias.