Até fevereiro deste ano, foram instalados no Brasil 890 parques eólicos em 12 estados, totalizando uma capacidade instalada em operação comercial de 25,04 gigawatts (GW), que beneficiam 108,7 milhões de habitantes. A Região Nordeste abriga 85% desse total.
Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), a capacidade instalada de energia eólica no Brasil chegará a 44,78 GW até 2028, com uma participação atual de 13,2% na matriz energética nacional. Atualmente, a energia eólica é responsável por 20% da geração de energia necessária no país.
Em 2022, o setor de energia eólica estabeleceu um recorde de 4 GW instalados, e para este ano, a presidente executiva da Abeeólica, Elbia Gannoum, espera superar esse número. “Ao final de 2023, teremos uma capacidade instalada de 29 GW. Essa é a nossa previsão de potência, e isso é superior a R$ 28 bilhões, já que cada GW instalado de energia eólica é da ordem de R$ 7 bilhões”, afirmou Elbia.
Um levantamento realizado pela Abeeólica também revelou o impacto econômico e social gerado pela energia eólica. No Nordeste, o PIB das cidades onde os parques eólicos estão localizados cresceu 21%, enquanto o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) aumentou 20% “devido à chegada dos parques”. Outro dado significativo é que, para cada real investido em energia eólica, R$ 2,9 são devolvidos para a economia.
Ranking
A partir de 2021, o Brasil se encontra na sexta posição mundial em termos de capacidade instalada de energia eólica. Contudo, segundo Elbia, agora é mais difícil para o país ultrapassar essa marca e se aproximar dos dois líderes, a China e os Estados Unidos. Ela considera difícil alcançar a China, que “cresce quase tanto quanto o Brasil por ano em investimentos em energia”.
Entre 2011 e 2020, foram investidos US$ 35,8 bilhões no setor eólico brasileiro. Esses recursos movimentaram R$ 321 bilhões na economia do país, dos quais R$ 110,5 bilhões foram investimentos diretos na construção de parques eólicos. De acordo com a Abeeólica, a cada megawatt instalado, 10,7 empregos são criados, e quase 190 mil empregos foram gerados no setor entre 2011 e 2020.
Do total de 890 parques instalados no Brasil, 130 projetos foram financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desde 2005, totalizando 18.654 MW. A instituição financeira divulgou que os financiamentos concedidos somaram R$ 52,170 bilhões, enquanto as empresas investiram R$ 94,4 bilhões no período.
Eólicas offshore
De acordo com a presidente da Abeeólica, está sendo desenvolvida uma estrutura regulatória para permitir a realização de estudos e projetos de parques eólicos offshore no Brasil. “Após essa regulamentação, teremos leilões de cessão e, em seguida, começaremos a implementar os projetos. Pretendemos concluir toda a regulamentação ainda este ano para realizar os primeiros leilões de cessão do uso do mar. Será semelhante ao setor de petróleo, onde há leilões de áreas”, explicou.
Ao contrário das usinas eólicas onshore, que têm ventos predominantes na Região Nordeste, nos parques offshore, o tipo de vento predominante ocorre em todo o litoral brasileiro. A infraestrutura é um fator determinante para as usinas offshore, pois dependem muito de portos e indústrias, principalmente para a fabricação de pás, torres e naceles eólicas. As naceles são compartimentos instalados no topo das torres que abrigam todo o mecanismo do gerador.
Em janeiro deste ano, a Abeeólica divulgou um estudo que identificou o Complexo do Pecém, no Ceará; o Porto do Açu, no Rio de Janeiro; e o Porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, como os principais locais do país para a infraestrutura dos parques offshore.
Casa de ventos
Nesta segunda-feira (3/4), o BNDES anunciou a aprovação de um financiamento de R$ 907 milhões para a empresa Casa dos Ventos implantar quatro parques eólicos no Rio Grande do Norte. Os empreendimentos formarão o Complexo Eólico Umari, localizado nos municípios de Monte das Gameleiras, São José do Campestre e Serra de São Bento, com capacidade instalada total de 202,5 MW. O financiamento do BNDES corresponde a 69% do investimento total previsto de R$ 1,315 bilhão.
A geração de energia resultante do projeto é estimada em atender cerca de 500 mil residências e evitar a emissão de 522 mil toneladas de gás carbônico (CO²) por ano, o que equivale a aproximadamente 2,4 milhões de árvores plantadas. O complexo deve entrar em operação comercial plena em agosto de 2024.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, ressaltou a importância da energia eólica no processo mundial de transição energética para uma base limpa, renovável e sustentável, e afirmou que o apoio aos setores eólico e solar ajuda a ampliar a matriz energética limpa do país, além de contribuir para o desenvolvimento de uma indústria nacional de alta tecnologia e a geração de empregos. Ele ainda destacou que as aprovações de financiamento do BNDES a usinas eólicas correspondem a 75% da capacidade instalada da fonte no país, enquanto no caso de solares esse índice é de 38%.