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Economia

Haddad defende abertura da “caixa-preta” das renúncias fiscais

É preciso saber para onde vão os recursos públicos, diz ministro

Lula Marques/Agência Brasil

O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (27) que é essencial “abrir a caixa-preta” das renúncias fiscais e discutir com a sociedade onde os recursos públicos do Brasil estão sendo direcionados. Durante sua participação no plenário do Senado Federal, em uma sessão de debates sobre juros, inflação e crescimento econômico, Haddad destacou que a reforma tributária é uma medida necessária para aumentar a arrecadação e contribuir para a redução do déficit das contas públicas, sem prejudicar a prestação de serviços públicos aos cidadãos.

De acordo com o ministro, o sistema tributário brasileiro é responsável por grande parte da ineficiência da economia, e a reforma tributária é uma demanda antiga de economistas liberais e desenvolvimentistas. Haddad afirmou que o sistema tributário do país é uma colcha de retalhos ingovernável, com uma litigiosidade sem fim, especialmente no plano estadual. Ele também destacou a necessidade de cortes de gastos, principalmente em relação ao gasto tributário.

Durante sua fala, Haddad mencionou a retirada do ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins, que suprimiu cerca de R$ 100 bilhões das receitas primárias do governo federal, e a revisão da vida toda de aposentadorias pagas pelo INSS, que pode impactar em mais de R$ 360 milhões os cofres federais. O ministro destacou a severidade dos conflitos distributivos no Brasil, afirmando que “nós não vamos resolver os problemas sociais e as necessidades imperiosas de investimento na nossa matriz produtiva sem recuperar a capacidade do Estado brasileiro voltar a investir”.

Segundo Haddad, em virtude do processo eleitoral, o governo anterior promoveu, em 2022, um gasto de R$ 300 milhões, entre renúncia de receitas e aumento de despesas. Ele destacou que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição garantiu recursos para a continuidade dos programas sociais, e um novo arcabouço fiscal foi enviado ao Congresso, para substituir o teto de gastos. O ministro acredita que essa nova regra é considerada mais saudável do ponto de vista da rigidez das contas públicas, “mas dando condições para os investidores estrangeiros e nacionais acreditarem no enorme potencial da economia brasileira, que está simplesmente há 10 anos com crescimento muito aquém de seu potencial efetivo”.

Política monetária

A divergência entre o governo federal e o Banco Central (BC) sobre o patamar da taxa Selic está gerando preocupações em relação ao crescimento econômico do país. Enquanto o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC busca conter a demanda aquecida e reduzir a inflação ao aumentar a taxa básica de juros, o governo busca políticas fiscais para sanear as contas públicas e permitir um horizonte de planejamento maior.

A taxa Selic encontra-se no maior nível desde janeiro de 2017, em 13,75% ao ano, e permanece inalterada desde agosto do ano passado. O ministro Fernando Haddad alertou que, se a economia continuar desacelerando por razões ligadas à política monetária, haverá problemas fiscais porque a arrecadação será impactada. Ele destacou que o governo está tomando medidas impopulares para sanear as contas públicas e permitir o crescimento sustentável do país.

Brasília (DF) 27/04/2023 Ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet; e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante sessão de debates temáticos para discutir juros, inflação e crescimento. Foto Lula Marques/ Agência Brasil.

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, também ressaltou que não há contradição entre a visão do BC sobre a relação da taxa de juros e inflação e a do governo federal sobre a relação da taxa de juros e o crescimento econômico. Ela afirmou que é preciso combater as causas da inflação, que incluem fatores externos, e que o governo está fazendo a sua parte apresentando medidas como o arcabouço fiscal e a reforma tributária para criar um cenário que possibilite a queda dos juros.

Porém, para Tebet, o BC não pode considerar que suas ações, que são técnicas, mas também interferem na política, especialmente nos seus comunicados e atas. Ela enfatizou que não se pode descuidar da inflação, pois é o imposto mais perverso que se paga no Brasil. Ao mesmo tempo, não há contradição em querer uma economia mais pujante, que gere emprego e renda com o crescimento sustentável.

Desigualdades sociais

Simone Tebet, ministra da Cidadania do governo Bolsonaro, afirmou em uma audiência no Senado que é crucial ter um olhar para o social neste momento, dado que o Brasil é um dos dez países mais desiguais do mundo. Segundo a ministra, a desigualdade é estrutural e perversa, e tem um impacto direto no futuro do país, especialmente nas crianças. Elas pagam um preço muito alto, uma vez que a miséria começa na primeira infância e se consolida na adolescência.

Para Tebet, é fundamental garantir investimentos para um crescimento maior e com produtividade. O Brasil tem crescido muito pouco nas últimas décadas, menos de 1% em média nas últimas três décadas, o que, segundo ela, indica que algo está errado. É necessário ter equilíbrio e racionalidade, bem como políticas econômicas certeiras, para planejar o futuro de médio e longo prazos.

Tebet destacou ainda a importância de fazer o “dever de casa”, uma vez que é sabido que não se pode gastar mais do que se arrecada. A meta do governo é zerar o déficit público nos próximos anos, especificamente em 2024, o que significaria um ambiente macroeconômico mais favorável para baixar os juros. Para isso, é preciso um debate responsável da reforma tributária pelo Congresso, que segundo ela, é o que garantiria o crescimento sustentável duradouro do Brasil.

Já o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, destacou o papel da Casa em garantir o crescimento econômico e a redução de desigualdades. Ele afirmou que é preciso construir caminhos e apresentar soluções para evitar a perda do poder de compra da população brasileira e garantir o crescimento sustentável da economia.

Pacheco destacou também que a manutenção dos juros elevados por mais tempo, embora traga segurança quanto às metas de inflação e ao controle de preços, também compromete o crédito, os investimentos do setor privado e o crescimento de curto prazo. Segundo ele, isso configura um entrave ao desenvolvimento nacional e à erradicação da pobreza e mantém a marginalização e a redução das desigualdades sociais e regionais. Para Pacheco, é necessário perseguir um equilíbrio de expectativas, levando em consideração tanto os agentes econômicos quanto a população brasileira, que em sua maioria ocupa os estratos mais pobres da economia.

Economia

Tóquio adota semana de trabalho de quatro dias para combater crise de natalidade

Medida visa estimular a formação de famílias e criar um ambiente de trabalho mais equilibrado, com início previsto para abril de 2025

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Imagem de Tóquio - Japão

O governo de Tóquio anunciou uma nova iniciativa para combater a queda na natalidade do Japão. A partir de abril de 2025, a cidade implementará uma semana de quatro dias de trabalho para os funcionários públicos, com o objetivo de ajudar casais a conciliar a vida profissional e a criação de filhos. A governadora de Tóquio, Yuriko Koike, explicou que a medida visa criar condições para que tanto homens quanto mulheres possam prosperar, sem que as mulheres precisem abrir mão de suas carreiras em função da maternidade.

Atualmente, os funcionários públicos de Tóquio já têm um dia extra de folga a cada quatro semanas, mas a nova política garantirá uma folga fixa toda semana. Além disso, outra medida prevê que pais de crianças do primeiro ao terceiro ano do ensino fundamental possam trocar parte de seus salários para sair mais cedo do trabalho.

Essa iniciativa surge em um contexto de preocupante queda nos nascimentos no Japão, que atingiu seu nível mais baixo em 2023, com um declínio de 5,1% em relação ao ano anterior. Além disso, o número de casamentos caiu 5,9%, o que representa a primeira vez em quase 90 anos que o número de casamentos no país fica abaixo de 500 mil.

A crise demográfica é vista como uma ameaça crescente para o Japão, cujas projeções indicam uma possível redução populacional de 30% até 2070, com uma proporção crescente de idosos. Essa crise também desperta discussões sobre mudanças nas leis trabalhistas, como a adoção de uma jornada de trabalho de quatro dias, uma proposta que já tem sido discutida em alguns países e também no Brasil. Especialistas afirmam que a medida pode aliviar o estresse e aumentar o bem-estar dos trabalhadores.

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Carrefour anuncia corte de 2.200 empregos antes das festas de fim de ano

A redução no quadro de funcionários, equivalente a 1,5% da equipe, ocorre em um momento crítico para o varejo, tradicionalmente marcado por aumento de contratações temporárias

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O Grupo Carrefour, dono das marcas Atacadão e Sam’s Club, informou a demissão de 2.200 funcionários, representando 1,5% de seu total de 130 mil colaboradores. A medida é tomada justamente em um período de alta demanda no varejo, próximo ao Natal, quando muitas empresas costumam ampliar suas equipes com contratações temporárias.

Em comunicado à Folha de S.Paulo, o Carrefour justificou as demissões como parte de um “movimento natural do setor”, afirmando que isso não afetará suas operações ou o atendimento aos clientes durante as festas de fim de ano. A empresa também destacou que, em outubro, abriu novas vagas em diversas áreas, como açougueiros, padeiros, operadores de caixa e repositores, com contratações em andamento em 20 estados e no Distrito Federal.

Variação no mercado varejista

Enquanto o Carrefour realiza demissões, outros varejistas adotam o caminho oposto, ampliando suas equipes temporárias para lidar com o aumento das vendas no fim de ano. Relatório da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) aponta que essa é uma prática comum no setor.

Crise recente com o Brasil

Em novembro, o Carrefour também viveu um episódio de crise diplomática com o Brasil, quando seu CEO global, Alexandre Bompard, anunciou a suspensão das compras de carne de países do Mercosul, incluindo o Brasil, como apoio aos agricultores franceses. A decisão gerou boicotes organizados por frigoríficos brasileiros e repercussão entre políticos. Após seis dias de controvérsia, Bompard enviou uma carta ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, pedindo desculpas e buscando resolver o impasse.

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Economia

Pix atinge novo marco com recorde de 239,9 milhões de operações em um único dia

Sistema de pagamentos registra recorde histórico em volume de operações e valor transferido em um único dia

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Foto: Divulgação

O Banco Central (BC) anunciou, nesta segunda-feira (2/12), que o sistema de pagamentos instantâneos Pix registrou um novo recorde diário de transações. Na última sexta-feira (29/11), foram realizadas 239,9 milhões de operações, superando o recorde anterior de 227,4 milhões, registrado em 6 de setembro deste ano.

Além disso, o volume financeiro movimentado também atingiu uma marca histórica, totalizando R$ 130 bilhões transferidos em um único dia.

Entenda o Pix

Criado pelo Banco Central e em funcionamento desde novembro de 2020, o Pix é um sistema de pagamentos em tempo real que opera 24 horas por dia. Segundo o BC, o sucesso da ferramenta reflete sua relevância como infraestrutura digital pública, promovendo inclusão financeira, inovação e competitividade no mercado de pagamentos no Brasil.

Novas regras e limites

Recentemente, foram implementadas mudanças para reforçar a segurança das transações via Pix. Agora, as transferências realizadas por dispositivos novos estão limitadas a R$ 200 por operação e R$ 1.000 no acumulado diário, até que o aparelho seja cadastrado na instituição financeira. Para dispositivos já cadastrados, não houve alterações nos limites.

Medidas para instituições financeiras

As instituições financeiras também deverão cumprir novas exigências para aprimorar a segurança. Entre elas:

  • Adotar sistemas de gerenciamento de risco capazes de identificar operações atípicas ou incompatíveis com o perfil do cliente;
  • Informar os clientes sobre práticas para evitar fraudes em um canal de acesso amplo.

Além disso, os bancos agora são obrigados a revisar semestralmente a base de dados do BC para identificar possíveis marcações de fraude relacionadas aos clientes. Caso haja registros de fraude, as medidas recomendadas incluem o encerramento da conta do cliente, o bloqueio cautelar de transações recebidas e a suspensão de limites diferenciados para operações.

O Banco Central reforça que essas mudanças visam fortalecer a segurança e a confiança no sistema Pix, que se consolida cada vez mais como uma das principais ferramentas de pagamentos no país.

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