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Brasil

Favela cresce demograficamente e movimenta mais de R$ 200 bilhões

Números são do Data Favela 2023

Fernando Frazão/Agência Brasil

A pesquisa Data Favela 2023 divulgada nesta sexta-feira (17), durante a Expo Favela 2023, mostra que se as favelas brasileiras formassem um estado, seria o terceiro maior do Brasil em população. Segundo a pesquisa, o número de favelas dobrou na última década, totalizando 13.151 mapeadas pelo país. A renda movimentada pela população dessas comunidades também aumentou, e quebrou a barreira dos R$ 200 bilhões, R$ 12 bilhões a mais em relação ao último ano.

Atualmente, mostra o Data Favela, são estimados 5,8 milhões de domicílios em favelas com 17,9 milhões de moradores. Desse total, 5,2 milhões já empreendem, 6 milhões sonham ter um negócio próprio, e sete em cada dez pretendem abrir o empreendimento dentro da favela. Apesar dos números expressivos, apenas 37% dos empreendimentos são formalizados e têm um CNPJ.

A pesquisa quantitativa foi realizada entre 6 e 13 de março de 2023 e entrevistou 2.434 moradores de favela distribuídos entre todas as regiões do país.

O fundador do Data Favela, Renato Meirelles, explicou que o aumento da população em comunidades se deve ao custo de vida elevado nas cidades e a busca por uma moradia mais barata nos últimos anos.

“A favela é a concentração geográfica das desigualdades sociais, e muitas vezes o morador não encontra no emprego formal a oportunidade para desenvolver toda sua potencialidade. O morador da favela só vai conseguir ganhar mais do que dois salários mínimos se empreender dentro da favela. Assim, pode usar o seu potencial e fazer com que o dinheiro das favelas fique dentro das próprias favelas”, disse.

Os dados mostram ainda que, nos próximos 12 meses, 6,5 milhões de pessoas pretendem comprar um imóvel, e 7,9 milhões têm intenção de comprar móveis para casa. As informações reforçam que o principal sonho dos moradores de favela (34%) é ter uma casa própria, sendo que as mulheres (38%) são as que mais almejam a segurança da casa própria, enquanto 29% dos homens têm esse desejo. Na sequência, aparecem como principal sonho ter um negócio próprio (13%) e ter saúde (10%).
Já sobre educação, 7,9 milhões pretendem iniciar um curso profissionalizante, e 5,6 milhões um curso de idiomas. Porém, para 61% dos moradores que participaram da pesquisa o que falta para realizar as metas é dinheiro.

Para Meirelles, a pesquisa deixa claro que a retomada econômica do Brasil vai começar pela favela, um universo que representa 18 milhões de pessoas, que movimenta R$ 200 bilhões e tem na capacidade empreendedora sua matriz econômica. “Esse evento [concentração demográfica] é muito importante para acabar com os estigmas que existem na favela. Lá, a grande maioria é trabalhadora, são as mulheres que lideram a economia, que cuidam dos filhos, dos outros. Na favela são os negros que formam a maior força econômica”.

Segundo Meirelles, ações como o Expo Favela são fundamentais para gerar oportunidades que até há pouco tempo eram restritas apenas aos mais ricos. “A mudança na economia das favelas foi muito grande. Na medida em que a favela consegue trazer o poder público com a presença de ministros, trazer os mais importantes empresários do Brasil, artistas que são importantes formadores de opinião sobre esse território, sob a liderança da própria favela, o protagonismo da favela fica muito claro, que só vamos conseguir mudar a situação do país juntando todo mundo”.

Para o idealizador da Expo Favela, Celso Athayde, a principal novidade para a edição deste ano é o reconhecimento e a valorização que veio do ano passado, ampliando o evento para 20 estados. “Isso é fruto da consciência que a favela passa a ter de sua importância nesse cenário econômico e pensando sempre que essa resposta econômica também é social, na medida em que você leva riqueza e se descobre como empreendedor. Quando se pensa em negócio na favela, estamos falando de empregabilidade em escala, diminuindo desigualdade por estar levando geração de renda”, disse.

Athayde ressaltou que a vontade de empreender dentro da favela ocorre porque as pessoas veem todos os dias os comércios cheios, os empreendedores conseguindo resolver suas coisas, o que faz com que elas pensem, em um primeiro momento, em empreender para seus pares.

“As pessoas não precisam ir para muito longe para trabalhar. Quando você trabalha perto de casa ou dentro da sua própria comunidade, você tem uma qualidade de vida muito melhor e com mais tempo. Esse é o primeiro passo do empreendedor que percebe potência do seu território”, explica.

De acordo com Athayde, há centenas de desafios para a favela, mas quando se pensa em negócios, o maior é ter qualificação, porque normalmente quem mora nas comunidades não escuta falar em expressões clássicas do ambiente de negócios. “Ainda que seus pais sejam empreendedores, não existem palavras, jargões, e, portanto, eu penso que qualificar as pessoas de forma objetiva é uma forma que temos de desenvolver. Quando você se torna um empreendedor de sucesso nessas áreas, abre-se uma série de possibilidades”, defende.

Entre as discussões previstas no evento, no sábado (18), às 16h10, acontece a conferência Educação: Acesso é a chave, com apresentação de Manoel Soares, a rapper MC Soffia e a jornalista Ludmila Almeida, integrante do Favela em Pauta, que, juntos, falarão sobre a importância do acesso à educação para abrir e sustentar caminhos de sucesso. Antes, às 15h, a discussão é sobre como ter um negócio de impacto de sucesso sem esquecer de onde veio, com o chef de cozinha, assistente social, empreendedor e repórter Edson Leite, também fundador do negócio de impacto Gastronomia Periférica.

No domingo, a conferência Som de Preto, terá às 16h10, a cantora Paula Lima mediando o painel com Simoninha e Zé Ricardo falando sobre o que é e o que significa ser e trabalhar com Som de Preto. No mesmo dia, será feita uma homenagem à Black Soul de São Paulo, e o empresário Fábio Coelho, presidente do Google, será entrevistado por Preto Zezé, às 17h30.

Por: Agência Brasil

Saúde

Mudança no esquema vacinal: vacina injetável substitui a oral contra poliomielite

O Ministério da Saúde confirmou que ele permanecerá ativo na promoção da imunização contra outras doenças preveníveis por vacinas, como o sarampo

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A partir de hoje, 4 de novembro, o Ministério da Saúde do Brasil anuncia a substituição das doses de reforço com a vacina oral contra poliomielite (VOP), popularmente conhecida como “gotinha”, por uma única dose da vacina inativada poliomielite (VIP), que é aplicada por injeção. Essa alteração no calendário vacinal foi divulgada em setembro e se torna definitiva.

De acordo com o Ministério, essa decisão foi tomada com base em critérios epidemiológicos, além de evidências científicas e recomendações internacionais, visando aprimorar a segurança do esquema vacinal. Anteriormente, o esquema incluía três doses da VIP, administradas aos 2, 4 e 6 meses, seguidas por duas doses de reforço com a VOP, aos 15 meses e aos 4 anos.

Com a nova abordagem, as crianças continuarão a receber a vacina inativada, agora com a seguinte programação:

  • 2 meses – 1ª dose
  • 4 meses – 2ª dose
  • 6 meses – 3ª dose
  • 15 meses – dose de reforço

Benefícios da Mudança

A vacina oral utiliza o vírus enfraquecido e é administrada por via oral, enquanto a VIP contém o vírus inativado e é aplicada via intramuscular. Segundo Alfredo Gilio, Coordenador da Clínica de Imunização do Hospital Israelita Albert Einstein, a mudança traz vantagens significativas, especialmente para crianças com sistemas imunológicos comprometidos, pois elimina os riscos associados à administração de vacinas de vírus vivo.

Gilio também aponta que o uso da vacina oral pode representar riscos em contextos com baixa taxa de saneamento, uma vez que o vírus vivo pode ser excretado nas fezes, potencialmente se espalhando pela comunidade e criando variantes patogênicas do poliovírus.

O Futuro do Zé Gotinha

Um dos símbolos da luta contra a poliomielite no Brasil, o personagem Zé Gotinha, criado na década de 1980, continuará a ser uma figura importante, mesmo com a descontinuação da vacina oral. O Ministério da Saúde confirmou que ele permanecerá ativo na promoção da imunização contra outras doenças preveníveis por vacinas, como o sarampo.

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Curiosidades

Conheça a incrível história de Melitta Bentz, a criadora do filtro de café que revolucionou a indústria

Descubra como Melitta Bentz transformou sua frustração com o café em uma invenção que mudou o modo como o mundo aprecia essa bebida, tornando-se uma referência no setor

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Em 1908, a dona de casa alemã Melitta Bentz revolucionou a maneira como o café era preparado ao inventar o primeiro filtro de café, utilizando um simples pedaço de papel de um caderno escolar de seu filho.

Todas as manhãs, Melitta Bentz (1873-1950) apreciava uma xícara de café, mas se incomodava com o sabor amargo e os resíduos dos grãos que permaneciam na bebida. Para resolver esse problema, decidiu fazer algo a respeito.

Na sua cozinha em Dresden, na Alemanha, ela começou a experimentar novas formas de preparar o café, buscando uma maneira de torná-lo mais agradável. Após várias tentativas, um dia, Melitta cortou um pedaço de papel do caderno escolar do filho, colocou-o em uma lata velha com furos que ela mesma fez, adicionou café em pó e despejou água quente. O resultado foi um café escorrendo pelo papel, criando uma bebida uniforme, livre de resíduos e menos amarga.

Com essa invenção, Melitta Bentz criou o primeiro filtro de café do mundo.

Os Primeiros Anos

Visionária, Bentz testou sua invenção com amigas em encontros de “tardes de café”. O sucesso foi tão grande que, em 1908, ela patenteou seu filtro e, junto com seu marido, Hugo Bentz, fundou uma empresa em Dresden para a produção e venda de filtros de café.

Convencida da singularidade de seu produto, Melitta visitou lojas e feiras comerciais para apresentá-lo. Transformou sua casa em uma oficina de produção, utilizando todos os cômodos e contando com a ajuda de seus filhos, Willy e Horst, para as entregas.

Em 1909, eles venderam mais de mil filtros na Feira Comercial de Leipzig, e, em poucos anos, a demanda pelo produto fez com que Melitta se tornasse uma empresária consolidada, levando-a a transferir sua empresa para uma antiga serralheria, onde contratou 15 funcionários e investiu em máquinas para aumentar a produção.

Desafios e Superações

Contudo, o início da Primeira Guerra Mundial trouxe desafios significativos. Com o marido e o filho mais velho recrutados, Melitta ficou sozinha para administrar a empresa, que lutava para se manter financeiramente. O racionamento de produtos, como papel e grãos de café, dificultou ainda mais a situação.

Diante das dificuldades, ela diversificou a produção, começando a vender caixas de papelão. Após a guerra, a demanda por seus filtros de café aumentou novamente, e Melitta implementou benefícios para seus funcionários, como bônus de Natal e redução da jornada de trabalho.

Etapas da Segunda Guerra Mundial: quais foram e eventos

A Segunda Guerra Mundial e o Legado

Infelizmente, a Segunda Guerra Mundial também impactou seus negócios. Em 1942, a produção de filtros de café foi proibida pelo regime nazista, forçando Melitta a produzir artigos bélicos. Após a guerra, a empresa se envolveu em programas sociais para compensar as vítimas de trabalho forçado.

Somente em 1947 Melitta voltou a produzir filtros de café, mas, tragicamente, faleceu em 29 de junho de 1950, aos 77 anos.

Após sua morte, seus filhos continuaram o legado da empresa. Em 1959, construíram uma nova fábrica em Minden, na Alemanha, equipada com a tecnologia mais avançada da época. O Grupo Melitta, que hoje emprega mais de 5 mil pessoas em todo o mundo, diversificou suas operações e continua a ter lucros significativos, superando os US$ 2 bilhões anuais em 2021.

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Educação

Polícia Federal investiga vazamento de imagens do Enem 2024 antes do horário permitido

Fotos do exame começaram a circular nas redes sociais antes das 18h, horário em que os candidatos podem sair com as provas

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Imagens do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) de 2024, incluindo o tema da redação e as questões, começaram a ser compartilhadas nas redes sociais logo após o início da aplicação, mas antes das 18h, quando os alunos podem deixar a sala com o caderno de provas. O jornal O GLOBO recebeu as primeiras imagens às 16h29 e imediatamente notificou o Inep, responsável pela organização do exame. Em resposta, o Inep informou que os episódios foram registrados em ata de sala e não comprometem a integridade do certame, além de acionar a Polícia Federal para investigar o caso.

Conforme notado pelo Inep, a saída do local de prova portando o caderno de questões antes dos 30 minutos finais é motivo para eliminação do participante, conforme estipulado no edital do Enem 2024.

As provas deste ano incluíram textos como o samba da Mangueira “História para ninar gente grande” e uma imagem de alunos da rede municipal do Rio de Janeiro na Pequena África, com o objetivo de inspirar os candidatos a escrever sobre o tema “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”.

O GLOBO recebeu as imagens em dois momentos: a primeira às 16h29, mostrando a página da redação, e a segunda, às 17h04, contendo um arquivo PDF com todas as páginas da prova.

Em maio de 2024, a Polícia Federal anunciou que havia identificado a pessoa responsável pelo vazamento do Enem 2023. A investigação revelou que uma aplicadora de prova na cidade de Belém (PA) havia tirado uma foto do caderno de redação durante a aplicação e enviado a uma amiga professora. A PF alertou que a divulgação indevida de conteúdos sigilosos de processos seletivos pode resultar em penas de reclusão de um a quatro anos e multa.

O caso de 2023 não foi isolado; em 2019, um aplicador vazou uma foto da redação, mas na época, o então ministro da Educação, Abraham Weintraub, minimizou os danos. “Ninguém foi lesado, mas houve a tentativa de macular [a prova]”, disse ele.

A situação de 2023 e 2024, embora preocupante, é considerada menos grave do que o episódio de 2009, quando as imagens do Enem circularam antes do início da aplicação, levando ao cancelamento do exame e à reprogramação de uma nova prova com dois meses de atraso. Naquela ocasião, várias universidades optaram por não aceitar as notas, e os responsáveis pelo vazamento foram indiciados.

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