Os cinco clubes de futebol brasileiros com maior receita na temporada 2022 são Flamengo, Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Internacional, segundo análise realizada pela consultoria EY. Essas equipes concentram 49% do total arrecadado pelos 30 clubes das séries A e B do Brasileirão. Os valores expressivos refletem diretamente nos investimentos em reforços. O Flamengo lidera com R$ 231 milhões em contratações, seguido por Atlético-MG (R$ 148 milhões) e Palmeiras (R$ 130 milhões).
A análise financeira foi baseada nas demonstrações dos clubes, incluindo as principais fontes de receitas, custos, despesas e endividamento. Vale ressaltar que alguns clubes não haviam publicado suas demonstrações financeiras até o início do estudo, como Chapecoense, CRB, CSA, Ituano, Juventude, Londrina, Náutico, Novorizontino, Sampaio Correia e Tombense, e, portanto, não foram abordados.
Segundo Pedro Daniel, Diretor Executivo de Esporte e Entretenimento da EY Brasil, o Atlético-MG também merece destaque, especialmente nas receitas provenientes de transmissões televisivas, premiações e patrocínios comerciais. O clube mineiro fica atrás apenas do Internacional no geral, devido ao excelente desempenho deste último nas receitas provenientes da venda de jogadores. Daniel ressalta a importância da implementação do Fair Play Financeiro no Brasil para regulamentar a indústria do futebol e acelerar a profissionalização.
Em relação às receitas totais dos clubes brasileiros em 2022, incluindo direitos de transmissão, transferências de jogadores, publicidade, matchday (receitas com ingressos, alimentos, bebidas e produtos licenciados), clube social, esportes amadores e outras receitas, o montante atingiu R$ 8,1 bilhões, um aumento de 9% em relação a 2021. O endividamento líquido alcançou R$ 11,3 bilhões.
A volta do público aos estádios contribuiu para o aumento da receita de matchday, que retornou aos patamares anteriores. A Série A registrou a terceira maior média de público da história da competição, com mais de 13,5 milhões de torcedores e uma média de aproximadamente 21.646 torcedores por partida.
O Flamengo se destaca como líder no ranking de Receitas Totais desde 2019, tendo alcançado em 2022 o recorde de receitas apresentadas por um clube no Brasil. O clube carioca arrecadou R$ 496 milhões em direitos de transmissão e premiações, impulsionado pelas conquistas da Copa do Brasil e da Libertadores. O relatório também destaca que nos últimos cinco anos, Flamengo e Palmeiras acumularam a maioria dos principais títulos disputados no futebol brasileiro, como a Série A, Libertadores e Copa do Brasil.
Em relação às transferências de jogadores, o São Paulo foi o clube que registrou o maior valor de receitas, com R$ 229 milhões. Já o Internacional supera o Atlético
-MG no somatório geral de receitas devido às negociações de 33 jogadores, incluindo a venda de Yuri Alberto para o Zenit, da Rússia, por 25 milhões de euros.
No que diz respeito às despesas, o relatório aponta que a folha salarial representa, em média, 49% das despesas totais dos clubes brasileiros. O Fluminense apresentou a maior proporção nesse aspecto, com 72%. Ao comparar as despesas com pessoal com a receita total de cada clube, o Atlético-MG destaca-se, comprometendo 68% de sua receita.
Quanto ao endividamento, todas as rubricas apresentaram aumento: 8% nas Dívidas Tributárias, 19% em Empréstimos e 9% no Endividamento Líquido. O Atlético-MG lidera neste último quesito, com uma dívida de R$ 1,571 bilhão, representando 15% do valor total do endividamento dos clubes. Cruzeiro e Botafogo também possuem endividamento líquido superior a R$ 1 bilhão. Esses três clubes, juntamente com Corinthians e Vasco, representam 48% do endividamento líquido total dos clubes em 2022.
Ao comparar o endividamento com a receita total, metade dos clubes analisados apresenta um índice abaixo de um, indicando que esses clubes precisariam de menos de um ano de faturamento para quitar suas dívidas. O Guarani se destaca negativamente, com um índice de 8,49, o que significa que as dívidas superam em mais de oito vezes o faturamento anual. Botafogo (6,38) e Cruzeiro (6,25) são os únicos com um índice acima de 6. Na outra ponta da tabela, Cuiabá (0,02), Fortaleza (0,12), Ceará (0,15) e Flamengo (0,22) são os times da Série A com melhores índices.
Pedro Daniel considera a transformação dos clubes em Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs) uma alternativa positiva. Ele destaca que o segundo ciclo de SAFs será diferente do primeiro, que incluiu clubes insolventes financeiramente, como Cruzeiro, Botafogo e Vasco. Os clubes atuais estão se estruturando para essa transição, alguns sem a necessidade de vender mais de 50% de suas ações. O Atlético-MG é mencionado como um exemplo nesse sentido. Cada clube terá sua realidade, mas o movimento dos clubes é mais maduro para realizar essa conversão, conclui o diretor executivo da EY Brasil.