Em transmissão ao vivo nesta terça-feira (25), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou medidas para restringir o acesso a armas de fogo no país e propôs o fechamento de quase todos os clubes de tiro esportivo. Segundo ele, esses locais só deveriam ser mantidos para as forças policiais e militares, e não para a sociedade civil. Lula também acusou o governo anterior de Jair Bolsonaro (PL) de favorecer o crime organizado com a flexibilização das regras para a compra e o porte de armamentos.
As declarações do presidente ocorreram no programa semanal Conversa com o Presidente, transmitido pelas redes sociais. Lula comentou sobre o novo decreto de armas, assinado por ele na sexta-feira (21), que reduz o número de armas a que têm direito os colecionadores, atiradores desportivos e caçadores (CACs), e limita o horário de funcionamento dos clubes de tiro.
“Eu já disse para o Flávio Dino que temos que fechar quase todos [os clubes de tiro]. Só deixar aberto os que são da Polícia Militar, Polícia Civil e Exército. Organização policial é que tem que ter lugar para treinar tiro, não a sociedade”, afirmou Lula.
O presidente argumentou que o brasileiro médio não quer comprar arma e que o crime organizado foi o principal beneficiado com as medidas adotadas pelo governo Bolsonaro, que ampliou a quantidade e os tipos de armas permitidos para os civis.
“Quem consegue comprar arma é o crime e gente que tem dinheiro. O pobre e trabalhador não está conseguindo comprar comida e material escolar. Como que as pessoas que trabalham vão comprar fuzil, rifle, pistolas? As pessoas querem comprar carne, cebola, óleo. As pessoas não querem violência”, disse.
Durante a gestão de Bolsonaro, foram editados vários decretos que autorizaram os atiradores a adquirir até 60 armas, sendo 30 de uso restrito (como fuzis e metralhadoras) e 30 de uso não restrito (como pistolas e revólveres). Já os caçadores podiam registrar até 30 armas, sendo 15 de uso restrito e 15 de uso não restrito.
Com o novo decreto de Lula, a quantidade de armas acessíveis a civis caiu de quatro armas de uso permitido para duas, com comprovação efetiva da necessidade. Além disso, a quantidade de munição também foi diminuída, de 200 munições por arma para 50 munições por arma por ano.
Lula também falou sobre as negociações políticas com os partidos do centrão, que têm apoiado as pautas do governo no Congresso. Ele admitiu que deve haver mudanças nos ministérios nas próximas semanas, mas ressaltou que ele é quem vai decidir quais cargos irá negociar.
Lula avaliou ainda que os acordos políticos são normais entre o Executivo e o Legislativo, e que servem para “melhor aprimorar o funcionamento do Brasil”.
“É assim que a gente conversa e é normal que, se esses partidos que quiserem apoiar a gente, eles queiram participar do governo. Aí você tenta arrumar um lugar para colocar, para dar tranquilidade ao governo para as votações que nós precisamos para melhor aprimorar o funcionamento do Brasil. É exatamente isso que vai acontecer”, afirmou.
Em seguida, Lula disse que, apesar dos acordos, os partidos políticos não terão poder para escolher ministérios e que as indicações são prerrogativa do presidente da República.
“Não é o partido que quer vir para o governo que escolhe o ministério. Quem escolhe, indica e oferece o ministério é o presidente da República. Vamos fazer isso nos próximos dias. Mas ainda não conversei com ninguém. Quando eu conversar, terei interesse que a imprensa saiba, não tem conversa sigilosa”, enfatizou.