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De acordo com informações divulgadas pelo Ministério da Fazenda, uma nova regra fiscal será implementada para substituir o teto de gastos. Essa nova medida limitará o crescimento das despesas em 70% da variação da receita dos 12 meses anteriores e combinará um limite de despesa mais flexível com uma meta de resultado primário.
O projeto de lei complementar incluirá mecanismos de ajuste e alguma flexibilidade em caso de imprevistos na economia. As metas de resultado primário também obedecerão a uma banda, um intervalo, que terá um limite superior e um piso para a oscilação da despesa.
A nova regra fiscal estabelece um conjunto de mecanismos que serão aplicados pelos próximos governos. Se a trajetória de crescimento dos gastos não for atendida, as novas regras trarão mecanismos de punição que desacelerarão os gastos. O limite de 70% está baseado nas receitas passadas, não nas estimativas futuras, de forma que futuros governos ou o Congresso Nacional não poderão aumentar artificialmente as previsões de receitas para elevar as despesas.
Além disso, o novo arcabouço prevê um piso para investimentos e permite que, caso o superávit primário fique acima do teto da banda, o excedente seja usado para obras públicas. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o novo arcabouço traz regras claras, previsíveis e críveis, permitindo a autocorreção e facilitando a vida dos gestores públicos.
Estimativas
De acordo com o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o governo tem como meta zerar o déficit primário em 2024 e alcançar um superávit de 0,5% do PIB em 2025 e de 1% do PIB em 2026. Essa proposta implica em um ajuste de 3 pontos percentuais do PIB até 2026, considerando que a equipe econômica prevê um déficit primário de 1% do PIB para este ano.
Para acomodar uma margem de tolerância de até 0,25 ponto percentual do PIB, o resultado primário poderá variar entre um déficit de 0,75% do PIB e um déficit de 0,25% do PIB neste ano, um déficit de 0,25% do PIB a um superávit de 0,25% do PIB em 2024, um superávit de 0,25% do PIB a 0,75% do PIB em 2025 e um superávit de 0,75% do PIB a 1,25% do PIB em 2026.
No que diz respeito ao endividamento do governo, o novo arcabouço fiscal projeta um ligeiro aumento da dívida pública bruta até 2025 e sua estabilização em 2026, em 76,54% do PIB. No entanto, essas previsões se baseiam no cenário em que o resultado primário se situe no centro dos limites estabelecidos para as bandas. Se o governo economizar menos do que o previsto, a dívida poderá subir de 74,11% do PIB em 2023 para 77,34% em 2026.
Marco Fiscal
O novo marco fiscal substitui o atual teto federal de gastos, em vigor desde 2016, que limita o aumento dos gastos ao ano anterior, corrigido pela inflação oficial (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA). No final do ano passado, a Emenda Constitucional da Transição permitiu a exclusão de até R$ 168 bilhões do teto de gastos deste ano – R$ 145 bilhões para o novo Bolsa Família e até R$ 23 bilhões em investimentos federais, caso haja excesso de arrecadação.
Essa emenda estabeleceu que o governo deveria apresentar um projeto de lei complementar até agosto deste ano com as novas regras fiscais. No entanto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, permitiu que o governo antecipasse o envio do projeto para que o Ministério do Planejamento pudesse elaborar a proposta da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024 de acordo com as novas regras. A LDO, que estabelece os parâmetros para o Orçamento do ano seguinte, deve ser enviada ao Congresso até 15 de abril de cada ano.
Veja abaixo os principais pontos do novo marco fiscal:
- O limite de crescimento da despesa primária será de 70% da variação da receita dos 12 meses anteriores.
- Dentro dessa trilha de 70% de aumento da receita, haverá um limite superior e inferior.
- Haverá um mecanismo de ajuste para evitar o aumento dos gastos em momentos de crescimento econômico e a redução dos gastos em caso de baixo crescimento.
- Serão aplicados mecanismos de punição. Caso o resultado primário fique abaixo do limite mínimo da banda, o crescimento das despesas para o ano seguinte cai de 70% para 50% do crescimento da receita.
- A promessa é de zerar o déficit primário em 2024, com superávit de 0,5% do PIB em 2025 e 1% em 2026.
- A meta de resultado primário terá uma banda de flutuação, com uma margem de tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB para cada ano.
- O excedente de superávit primário acima do teto da banda poderá ser usado para investimentos.
- A promessa é que a dívida pública bruta aumente levemente até 2026 e depois seja estabilizada.
- Serão feitas exceções apenas para gastos instituídos pela Constituição, como o Fundeb e o piso nacional da enfermagem. Essas despesas não podem ser regulamentadas por lei complementar.