De acordo com a pesquisa “Viver em São Paulo – Mulher”, divulgada em março de 2020, o número de mulheres que dizem ter sofrido assédio dentro do transporte coletivo subiu 18 pontos percentuais de 2018 para 2020. Apesar do estado ser outro, o fato de que o número de assédios tem crescido cada dia mais é inegável, por isso, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), da início a campanha “Chega pra lá”, contra a importunação sexual em ônibus coletivos.
A ação que se inicia nesta segunda-feira (23), acontece em conjunto com o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) e com o Departamento de Estradas de Rodagem (DER/DF). A atuação ocorrerá de segunda a sexta desta semana, nas Brs 040 e 070, os agentes farão uma breve palestra ao público que utiliza o transporte coletivo nessas rodovias federais.
A campanha tem como objetivo principal esclarecer às possíveis vítimas, às testemunhas e aos criminosos que a importunação sexual é crime desde 2018. Praticar ato libidinoso na presença de alguém de forma não consensual, com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiros é crime e a pena vai de um a cinco anos de reclusão, se não caracterizar um crime de maior gravidade.
Uma “passada de mão”, uma “encoxada” ou aquela “cantada ofensiva” dentro do ônibus, sem o consentimento da vítima: todas essas ações são exemplos de importunação sexual e devem ser denunciados tanto por vítimas quanto por testemunhas para que o importunador possa ser devidamente responsabilizado por seus atos.
A estudante Naiara Rodrigues foi vítima de importunação sexual em 2017 em um ônibus do entorno. Conforme o ônibus foi ficando mais vazio, a jovem avistou um homem de jeans escuro, camiseta preta, boné e óculos sem nada nas mãos que estava a observando.
“Depois de um tempo notando que ele tava me olhando muito vi que ele tava se masturbando por cima da calça, mantendo o olhar em mim e disfarçando olhando também para fora da janela. Quando eu me dei conta achei tão absurdo que fiquei paralisada e comecei a olhar desesperada para as pessoas em volta”, conta Naiara sobre como tudo aconteceu.
A jovem procurou por suporte em meio aos olhares, mas parecia que ninguém se importava. Ela confirmou o caso com um outro homem que constrangido, confirmou o que estava acontecendo. “O homem que estava se masturbando, como se não fosse nada demais e eu só pensava que minhas sobrinhas mais novas logo estariam pegando ônibus e podiam acabar até sentando do lado de um cara assim”, relata a vítima.
Ainda de acordo com a vítima, assim que o primeiro impacto passou, ela tentou conversar com outros passageiros, mas ninguém se indignava. Ao mostrar um vídeo que comprovava o ato para o cobrador do ônibus, mais uma vez nada aconteceu e o assediador não foi responsabilizado.
“Me senti tonta, sem valor e violada. Já repensei essa cena mil vezes na minha cabeça com o intuito de me proteger sobre futuras situações assim, e em todas elas eu sei que se eu SOZINHA não fizer um escândalo eu só estarei sendo conivente com situações como está, e se caso acontecesse com alguém a minha volta eu sei por experiência própria que o melhor é se juntar a essa pessoa e apoiar, pois que tá em volta e não faz nada tem culpa também”, diz Naiara.
Sobre a campanha, a jovem acredita que esse seja um passo fundamental. “Esse tipo de monstro se sustenta muito pela falta de informação e constrangimento que as mulheres têm sobre assédio”, diz a Jovem. Vale ressaltar que, se você está sendo vítima de importunação sexual ou está testemunhando esse crime, acione a PRF pelo telefone 191.
Para continuar atualizado sobre saúde, política, cultura pop e outros assuntos, lembre-se de checar e seguir o nosso perfil do Instagram (@OPanoramaOficial).