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Brasil

STJ afasta Witzel por 180 dias e PF prende acusados de desvios na Saúde no Rio de Janeiro

Foto: REUTERS/Pilar Olivares

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), foi afastado do cargo nesta sexta-feira por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em decisão que incluiu ainda operação contra desvios de recursos da área da saúde no Estado com 17 mandados de prisão e 82 de busca e apreensão contra políticos, agentes públicos e empresários.

De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), Witzel foi afastado por um período mínimo de 180 dias. A determinação do ministro Benedito Gonçalves, do STJ, é que o governador está proibido de acessar as dependências do governo, se comunicar com funcionários e utilizar os serviços do Estado.

Os procuradores chegaram a pedir a prisão de Witzel, mas o ministro negou, sob a alegação que o afastamento do cargo já impediria o governador de ter poder para liberação de recursos e contratações fraudulentas.

A Corte Especial do STJ, órgão competente para julgar autoridades com foro no tribunal superior, vai analisar o afastamento de Witzel na próxima quarta-feira.

Em pronunciamento, Witzel disse que não atrapalhou nenhuma investigação no Estado, que nada justifica seu afastamento do cargo determinada pelo STJ e chamou de mentirosa a delação do ex-secretário estadual de Saúde Edmar Santos, além de atacar o presidente Jair Bolsonaro. [nL1N2FU0TF]

“Quero manifestar a minha indignação. E uma busca e apreensão, mais uma vez, é uma busca e decepção”, afirmou Witzel no Palácio Laranjeiras, a residência oficial, pouco após a saída de agentes da PF e do MPF. “Você não pode afastar um governador com a suposição de que ele vai fazer algo.”

Entre os presos, estão o presidente nacional do PSC, Pastor Everaldo, que teve a prisão temporária decretada por 5 dias, prorrogáveis por mais cinco, de acordo com o STJ.

Outras seis pessoas tiveram prisão temporária decretada. Entre elas, o empresário Mário Peixoto, e o advogado Lucas Tristão, ex-secretário de Desenvolvimento Econômico de Witzel. Foram presos Gothardo Lopes Netto, ex-prefeito de Volta Redonda, e os empresários Alessandro de Araújo Duarte, Cassiano Luiz da Silva, Juan Elias de Paula.

De acordo com a PGR, estavam sendo feitas buscas, além do Palácio Laranjeiras, no Palácio Guanabara, sede do governo; na residência do vice-governador; na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro; na casa da primeira-dama, Helena Witzel; além de outros endereços nos Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo, Alagoas, Sergipe e Minas Gerais e no Distrito Federal.

Também estaria sendo alvo de busca e apreensão um endereço no Uruguai, local onde estaria um dos investigados cuja prisão preventiva foi decretada.

Segundo a denúncia feita pelo Ministério Público contra Witzel, o governador utilizou-se do cargo para estruturar uma organização criminosa que movimentou mais de 554 mil reais em propinas pagas por empresários da saúde ao escritório de advocacia de sua esposa. Apenas um empresário teria pago 280 mil reais, segundo o MPF.

Witzel e a primeira-dama foram denunciados por corrupção passiva e lavagem de dinheiro e o MPF pediu que, se condenados, tenham de pagar indenização de 1,1 milhão de reais, além da perda do cargo público do governador.

“Nós identificamos quatro empresas que pagaram para o escritório da primeira-dama”, disse o procurador Eduardo El Hage, em entrevista coletiva. “Conseguimos um conjunto probatório muito forte.”

Em sua decisão, o ministro do STJ aponta que as operações anteriores que investigam o desvio de recursos apurou informações suficientes para comprovar a atuação de uma organização criminosa no governo do Rio de Janeiro e o envolvimento do governador.

“Os fatos não só são contemporâneos como estão ocorrendo e, revelando especial gravidade e reprovabilidade, a abalar severamente a ordem pública, o grupo criminoso agiu e continua agindo, desviando e lavando recursos em pleno pandemia da Covid-19, sacrificando a saúde e mesmo a vida de milhares de pessoas, em total desprezo com o senso mínimo de humanidade e dignidade, tornando inafastável a prisão preventiva como único remédio suficiente para fazer cessar a sangria dos cofres públicos…”, escreveu o ministro em sua decisão.

A defesa de Witzel afirmou, antes do pronunciamento do governador, que recebia “com grande surpresa a decisão de afastamento do cargo, tomada de forma monocrática e com tamanha gravidade”.

“Os advogados aguardam o acesso ao conteúdo da decisão para tomar as medidas cabíveis”, afirma a nota.

O PSC informou que “o Pastor Everaldo sempre esteve à disposição de todas as autoridades e reitera sua confiança na Justiça.”

“CAIXINHA DE PROPINA”

Segundo nota da PGR, a operação desta sexta, batizada de Tris in Idem, uma referência ao fato de se tratar do terceiro governador do Rio acusado de usar um esquema para obter vantagens indevidas, é um desdobramento da operação Placebo, realizada em maio para investigar suspeitas de corrupção em contratos do governo estadual.

Segundo uma fonte, o ponto de partida das investigações é o acordo de delação premiada firmado pelo ex-secretário Edmar Santos.

“O principal mecanismo de obtenção de recursos financeiros pelos grupos era por meio do direcionamento de licitações de organizações sociais, mediante a instituição de uma ‘caixinha de propina’ abastecida pelas OSs e seus fornecedores, e a cobrança de um percentual sobre pagamentos de restos a pagar a empresas fornecedoras do Estado.”, diz em nota a PGR.

Agentes políticos e servidores públicos da Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro seriam pagos mensalmente com esses recursos.

A investigação levantou ainda o envolvimento de deputados estaduais no esquema de desvio. “A Alerj repassava as sobras de seus duodécimos para a conta única do Tesouro estadual. Dessa conta única, os valores dos duodécimos ‘doados’ eram depositados na conta específica do Fundo Estadual de Saúde, de onde eram repassado para os Fundos Municipais de Saúde de municípios indicados pelos deputados, que, por sua vez, recebiam de volta parte dos valores.”, diz a nota da PGR.

Atualmente, Witzel é alvo de processo de impeachment em tramitação na Alerj que teve como base justamente as suspeitas levantadas contra o governador envolvendo a área de saúde.

Além da nova operação, a PGR ainda apresentou denúncia contra Witzel, a primeira-dama, o advogado Tristão, e outras pessoas com base em informações levantadas em duas operações anteriores que também apuraram desvios da Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro.

No caso, foram levantados pagamentos ilegais com desvio de recursos públicos feitos ao escritório de advocacia de Helena Witzel.

Adversário de Witzel desde que o governador revelou desejo de concorrer à Presidência em 2022, o presidente Jair Bolsonaro comentou com apoiadores a operação no Rio de Janeiro.

“O Rio está pegando… Está pegando hoje, hein? Está sabendo? O governador já… Quem é o teu governador?”, perguntou a um apoiador, e riu ao ouvir a resposta de que agora era o vice.

O vice-presidente Hamilton Mourão também comentou a decisão do STJ contra o governador, e criticou a alegação de Witzel sobre perseguição. “Essas horas, como se diz em linguagem jurídica, o ´jus esperniandis´. O direito de espernear. Todo mundo tem o direito de espernear.”.

Por Lisandra Paraguassu e Rodrigo Viga Gaier – Reuters

Saúde

Laboratório no RJ, responsável por contaminação com HIV, foi contratado sem licitação

Investigação aponta vínculos familiares com políticos e levanta preocupações sobre a segurança do sistema de transplantes no estado

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A recente infecção de seis pacientes com HIV após transplantes de órgãos tem levantado sérias questões sobre a contratação do laboratório PCS Lab Saleme, situado em Nova Iguaçu, RJ. A empresa, responsável por exames sorológicos dos doadores, foi contratada pelo governo do estado em um processo emergencial e sem licitação. A situação ganhou ainda mais repercussão ao se revelar que dois sócios do laboratório são parentes do deputado Doutor Luizinho (PP-RJ), que já ocupou o cargo de secretário de Saúde do Rio.

Contratação e seus desdobramentos

O PCS Lab Saleme foi contratado em dezembro do ano passado pela Fundação Saúde, um órgão vinculado à Secretaria de Saúde do Rio, com um contrato de R$ 3,9 milhões para um período de 180 dias. A Secretaria justificou a contratação sem licitação alegando a necessidade de evitar a descontinuidade dos serviços de exames de análise e anatomia patológica no Hospital Estadual Dr. Ricardo Cruz.

O deputado Doutor Luizinho, ao ser questionado sobre a situação, garantiu que não participou da contratação do laboratório. Ele enfatizou a gravidade do caso e pediu que os responsáveis sejam punidos severamente. “Situação gravíssima, lamentável e os culpados devem ser punidos exemplarmente”, afirmou em mensagem.

Reação da Secretaria de Saúde

Em resposta ao incidente, a Secretaria de Saúde do Rio classificou o caso como “inadmissível” e “sem precedentes”. O laboratório teve suas atividades suspensas e foi interditado cautelarmente. Além disso, o Ministério da Saúde anunciou a realização de uma auditoria para investigar os procedimentos adotados.

A Secretaria também informou que uma comissão multidisciplinar foi criada para acolher os pacientes afetados, além de iniciar um rastreio das amostras de sangue armazenadas dos doadores. Uma sindicância foi instaurada para identificar e punir os responsáveis.

A posição do PCS Lab Saleme

A empresa, que afirma ter mais de 50 anos de experiência prestando serviços de exames a preços acessíveis na Baixada Fluminense, não se manifestou até o momento sobre os detalhes da situação. O Metrópoles tentou contato com o laboratório e com seu sócio Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, mas não obteve retorno.

Nota do deputado Doutor Luizinho

O deputado emitiu uma nota, esclarecendo seu vínculo com o laboratório e expressando sua indignação com o ocorrido. “Conheço o Laboratório Saleme há mais de 30 anos, dirigido pelo Dr. Montano e posteriormente por seu filho, Dr. Walter Vieira. Lamento veementemente o ocorrido e desejo, ao fim das investigações, uma punição exemplar para os responsáveis”, afirmou.

Doutor Luizinho, que se considera um defensor dos transplantes no país, expressou sua tristeza diante da gravidade do caso. Ele ressaltou que, durante seu mandato como secretário, manteve a mesma equipe do Programa Estadual de Transplantes da gestão anterior e nunca participou da contratação de qualquer laboratório.

Conclusão

O caso de infecção por HIV em transplantes é alarmante e expõe falhas graves no processo de triagem e testagem de doadores. As medidas adotadas pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Saúde do Rio são essenciais para garantir a segurança dos transplantes e a confiança na integridade do sistema de saúde. A investigação em andamento poderá trazer mais clareza sobre as responsabilidades envolvidas e as falhas que permitiram que essa situação ocorresse.

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Saúde

Seis pacientes contraem HIV após transplantes de órgãos com exames falsos negativos

As autoridades estão investigando o ocorrido

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A Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) confirmou que seis pacientes foram infectados pelo vírus HIV após receberem transplantes de órgãos. Exames realizados nos doadores apresentaram falsos negativos para a contaminação, situação inédita no estado. A Anvisa e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) estão investigando o caso.

A situação foi revelada após um dos pacientes apresentar sintomas neurológicos e testar positivo para o vírus em setembro. Outros casos foram identificados após exames dos órgãos provenientes dos mesmos doadores.

Os testes de sangue dos doadores foram realizados pelo laboratório PCS, em Nova Iguaçu, que foi contratado pela SES-RJ no final de 2023. Foi descoberto que o laboratório não possuía os kits necessários para a testagem adequada, levantando suspeitas de que os exames foram forjados. O laboratório teve suas atividades suspensas, e o Hemorio assumiu a responsabilidade pelos testes.

Uma sindicância foi aberta, e medidas emergenciais foram tomadas para garantir a segurança dos transplantados.

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Brasil

Explosivos são encontrados próximos a escolas em Santa Cruz, zona Oeste do Rio

Material seria usado em conflitos entre milícias rivais. Na operação, foram apreendidos armas, coletes balísticos e veículos roubados

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Foto: Divulgação

Dois veículos abandonados em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio de Janeiro, foram encontrados nesta sexta-feira (11) contendo um vasto arsenal de explosivos, como granadas, bombas caseiras, detonadores e galões de combustível. De acordo com a Polícia Civil, o material seria utilizado em confrontos entre milícias rivais.

Os carros foram localizados em uma área próxima a quatro prédios públicos: a Escola Municipal Sindicalista Chico Mendes, o Ciep Papa João XXIII, o Colégio Estadual Liberdade e a UPA João XXIII. A Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) acionou o Esquadrão Antibombas para neutralizar os explosivos.

Milícias rivais em disputa
A área onde os veículos foram encontrados era anteriormente controlada por Jacão, integrante da quadrilha de Juninho Varão, mas Jacão foi morto recentemente por um grupo rival liderado por Paulo David Guimarães, o Naval. Após a execução, a facção de Varão estaria planejando uma retaliação, usando os explosivos encontrados.

A Polícia Civil afirmou que investigações continuam para identificar todos os envolvidos no esquema criminoso, visando garantir a segurança dos moradores.

Prisões recentes
Na quinta-feira (10), a Draco prendeu Vinícius Teles de Melo, conhecido como VN, segurança do miliciano Naval. VN, que era responsável por coordenar ataques contra milícias rivais, foi preso em Inhoaíba, também na Zona Oeste. Na operação, foram apreendidos armas, coletes balísticos e veículos roubados.

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